Coleção pessoal de Eduardagoyata
"Sempre me considerei uma pessoa incapaz de guardar mágoas, mas parece que agora guardo um pouco! É uma mistura de tudo, magoa, tristeza, amor, nostalgia e outros sentimentos que não tem nome! Hoje entendo um pouco do que você falou, eu te amo e te odeio, eu não chego a odiar, é mais um sentimento de que é errado amar alguém que pensa tanta coisa ruim sobre você, então você busca um sentimento que te tire disso, e eu ainda não sei nomea-lo! Cada dia que passa parece que essa sensação que antes me tomava por inteiro, vai diminuindo, ficando cada vez menor e mais escondia dentro de mim, mas tem outros dias que ela volta como uma tsunami e me encharca inteira! Alguns dias nessa mistura louca, só consigo lembrar do seu sorriso, do jeito de dançar que era só seu, do seu abraço, do seu calor, do seu peso sobre mim! Outros dias quando estou mais doída me forço a lembrar das coisas ruins que se passaram e assim os dias vão seguindo e eu vou tentando amar o meu sorriso, o meu jeito, a minha vida ou simplesmente me amar e de tanto tentar eu tô me amando de novo, mas você ainda é um pedaço desse amor que não sei se quero tirar completamente de mim!
De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.
Há pessoas que transformam o sol numa simples mancha amarela, mas há aquelas que fazem de uma simples mancha amarela o próprio sol.
Apressai-vos lentamente; e sem perder o ânimo,
Recomeçai a vossa obra vinte vezes:
Esmerilhai-a sem cessar e esmerilhai-a novamente;
Acrescentai de vez em quando e apagai frequentemente.
Nasci em Alegrete, em 30 de julho de 1906. Creio que foi a principal coisa que me aconteceu. E agora pedem-me que fale sobre mim mesmo. Bem! Eu sempre achei que toda confissão não transfigurada pela arte é indecente. Minha vida está nos meus poemas, meus poemas são eu mesmo, nunca escrevi uma vírgula que não fosse uma confissão. Ah! mas o que querem são detalhes, cruezas, fofocas... Aí vai! Estou com 78 anos, mas sem idade. Idades só há duas: ou se está vivo ou morto. Neste último caso é idade demais, pois foi-nos prometida a Eternidade.
Nasci no rigor do inverno, temperatura: 1 grau; e ainda por cima prematuramente, o que me deixava meio complexado, pois achava que não estava pronto. Até que um dia descobri que alguém tão completo como Winston Churchill nascera prematuro - o mesmo tendo acontecido a sir Isaac Newton! Excusez du peu... Prefiro citar a opinião dos outros sobre mim. Dizem que sou modesto. Pelo contrário, sou tão orgulhoso que acho que nunca escrevi algo à minha altura. Porque poesia é insatisfação, um anseio de auto-superação. Um poeta satisfeito não satisfaz. Dizem que sou tímido. Nada disso! sou é caladão, introspectivo. Não sei porque sujeitam os introvertidos a tratamentos. Só por não poderem ser chatos como os outros?
Exatamente por execrar a chatice, a longuidão, é que eu adoro a síntese. Outro elemento da poesia é a busca da forma (não da fôrma), a dosagem das palavras. Talvez concorra para esse meu cuidado o fato de ter sido prático de farmácia durante cinco anos. Note-se que é o mesmo caso de Carlos Drummond de Andrade, de Alberto de Oliveira, de Érico Veríssimo - que bem sabem (ou souberam) o que é a luta amorosa com as palavras.
Qualquer ideia que te agrade,
Por isso mesmo... é tua.
O autor nada mais fez que vestir a verdade
Que dentro em ti se achava inteiramente nua...
DO AMOROSO ESQUECIMENTO
Eu, agora - que desfecho!
Já nem penso mais em ti...
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?
Todos os partidos são variantes do absolutismo. Não fundaremos mais partidos; o Estado é o seu estado de espírito.