Coleção pessoal de EdnarAndrade
Ápice
… É mistério…
Se para morrer, nascemos,
Para que viver?
… É mistério…
É menos que sonho,
Mera caminhada vã.
Inútil é querer, sofrer, desejar, amar
Se para morrer, estamos?
Então – para que
- nascer, querer, sonhar, sofrer?
Se para morrer, nascemos.
É mistério?
Para que nascer, se para morrer vivemos?
Morrer é a glória sem glória,
É o ápice da espera; o final.
Festa divina?
Todos falam de festa (Festas) O mundo parece que espera uma fusão de felicidade e sonhos... Luzes e cores em toda parte, anjos de papel, pura arte.
Sinos e sons, canções e versos. É tudo tão controverso. E onde mora a paz?
Papai Noel é o rei ou o aniversariante? Parece que há uma con-fusão no sentido da data.
*
Quem nasceu em Dezembro?
Quem trouxe a paz e as promessas?
Quem deu pelo homem a vida?
Quem acendeu nos corações o amor?
Quem tão humilde em simples manjedoura nasceu e brilhou?
Quem anunciou a paz entre os homens?
Quem é o menino tão pobre e lindo?
(............)
*
PAPAI-DO-CÉU
“Sempre novo” nos abençoa e enche de graça e de paz.... Sempre paz......
Nos dá todos os dias, mesmo que não mereçamos sua benção e raros presentes.
Nos dá flores, Sol e mar, pássaros, rios e verde. Tudo enfim ...E como se não bastasse, Deus deu ao mundo seu amado filho, seu grande e único amor.
Mas o homem tudo faz errado, nada agradece, não aprendeu o mandamento que salva a todos de tudo que está errado: AMOR.
Natal Festa divina, festa de amor fraterno, festa ao Deus menino...
É festa do alter-ego, deuses inflados.
Festa na mesa de alguns...
Fome na rua dos meninos,
Fagulha apagada nos abandonados...
Nos bêbedos, nos viciados: a fome voraz cracoolizados....
Mas é Natal e nas lojas tudo é colorido e caro, tudo é de alguns...
E o que resta é encher a cara de festa, engolir falsos sorrisos, usar o melhor vestido, rir louco, desordenado, - sem aplausos o menino - sem se importarem com os velhos, com os pobres descalços e sujos...
Aqueles que não têm lar, nem bolo, nem panetone. Comem do lixo o que sobra da festa mentirosa e porca.
...Então é Natal e o que você fez?
Outonais
Tudo bem,
Não há tristezas, nem mágoas.
O céu está nublado, pintado de chumbo,
Sem estrelas, nem luar...
Mas a poesia, beija a noite e aquece.
Hoje nenhuma estrela brilha,
Nem a lua prateia minha saudade.
Uma música suave, em mim, sempre será plena: Ave Maria...
Silencio e descanso...
Ouço na noite dos grilos o canto,
Final do dia, de abril tardes outonais
As noites descem lentas como um manto.
Sussurros nos ventos,
Nos amantes corações; amores...
Sépias, rubras, quentes cores,
São as noites, o outono no final...
Espera
Tudo bem...
Silêncio também é fala...
Também é amor e oração.
...Canção e poesia...
Silêncio...Estou gritando...
Estou regando a riso;o pranto.
A calma,as interrogações... "Silêncios" ( ... )
Estou rezando por ti,por nós...
Enquanto:em-cantos,
Sussurro...Estou colhendo brisas...
Guardando as sementes,
Com todo o cuidado,
Com todo este silêncio,
Do meu fechado abril,
Cheia de saudades e de esperanças; des-maio...
Como uma criança; aguardo,
Descanso...
Espero,
Em silêncio...Sou-rio...Passo>>>>>
Cotovia
E em movimentos suaves
Imitas os ventos,
Assovias, canções de amor,
...Como promessas.
Em versos , no inverno inverso deste verão que mal desponta,
Vens à minha janela como uma chuva mansa...
Trazendo todo o encanto da tua beleza
Vem pássaro livre, vem pousa... Me traz um poema novo
Tinge meu cansado coração da tua alegria.
Canta... Devolve-me a felicidade que perdi um dia
Mostra em tuas claras asas como é belo ser livre,
Dá-me o universo do teu voo sem rumo
Para que eu, solta então,
Libere também o canto preso na garganta.
Mas tu;
Chegas assim... De repente... Dizes algumas notas ligeiras...
...E eu, perdida neste teu encanto, fico a olhar-te
Querendo Saber teus segredos e sonhos verdes...
Passeias por entre as flores deste meu jardim de sonhos...
Pisas distraído no néctar da minhas rosas flores,
Fazendo ninho sem querer morar,
Posseiro, sorrateiro, invades meu olhar.
Pássaro matinal,
Que me inspira poesia, me ensina a cantar*
Linda cotovia*
(Ednar Andrade)
(17*12*2010*)
É Natal o ano inteiro
Então, não é que seja Natal. Você teve 365 dias para desejar o bem, ser feliz, fazer feliz também... amar, dizer que ama, dar presentes, distribuir sorrisos... Louvar ao Criador, agradecer a benção de Jesus ser o Senhor. Mas só em dezembro você resolve dizer tudo isto? O aniversariante, este não é aplaudido? O que mais importa é o valor do seu vestido?
Por isso e por tudo isso, para mim o ano todo é Natal. Amo a todos o ano inteiro, desejo o bem a qualquer um. Façamos assim: a felicidade, o bem querer, a bondade, o amor, não apenas em dezembro deve nascer. E sem mais, declaro que ele veio para mim e para você. Então, é Natal? O que é o Natal? A ceia? O cartão de crédito? A mesa farta? A roupa nova?
O Natal poderia ser... Não direi, diga você! Por que para mim, o ano inteiro, a vida é o renascer.
É Natal o ano inteiro
Então, não é que seja Natal. Você teve 365 dias para desejar o bem, ser feliz, fazer feliz também… Amar, dizer que ama, dar presentes, distribuir sorrisos… Louvar ao Criador, agradecer a bênção de Jesus ser o Senhor. Mas só em dezembro você resolve dizer tudo isto? O aniversariante, este não é aplaudido? O que mais importa é o valor do seu vestido?
Por isso e por tudo isso, para mim o ano todo é Natal.
Amo a todos o ano inteiro, desejo o bem a qualquer um. Façamos assim: a felicidade, o bem-querer, a bondade, o amor, não apenas em dezembro deve nascer. E sem mais, declaro que ele veio para mim e para você. Então, é Natal? O que é o Natal? A ceia? O cartão de crédito? A mesa farta? A roupa nova?
O Natal poderia ser… Não direi, diga você! Por que para mim, o ano inteiro, a vida é o renascer.
Cotovia
E em movimentos suaves
Imitas os ventos,
Assovias, canções de amor,
... Como promessas.
Em versos , no inverno inverso deste verão que mal desponta,
Vens à minha janela como uma chuva mansa ...
Trazendo todo o encan to da tua beleza
Vem pássaro livre, vem pousa ... Me traz um poema novo
Tinge meu cansado coração da tua alegria.
Canta... Devolve-me a felicidade que perdi um dia
Mostra em tuas claras asas como é belo ser livre,
Dá-me o universo do teu voo sem rumo
Para que eu, solta então ,
Libere também o canto preso na garganta.
Mas tu ;
Chegas assim ... De repente ... Dizes algumas notas ligeiras...
... E eu, perdida neste teu encanto, fico a olhar-te
Querendo Saber teus segredos e sonhos verdes...
Passeias por entre as flores deste meu jardim de sonhos ...
Pisas distraído no néctar da minhas rosas flores,
Fazendo ninho sem querer morar,
Posseiro, sorrateiro,invades meu olhar.
Pássaro matinal,
Que me inspira poesia, me ensina a cantar*
Linda cotovia*
(Ednar Andrade)
(17*12*2010*)
Temporal* (Atemporal)*
O dia está diferente...
Amanheceu com céu cinza....
Muitas nuvens... Em variados tons...
Venta forte.
E agora mais forte,
Um céu chumbo..".CHUMBADO "
Tomado de surpresas, quase verão...
Um traço de temporal(atemporal)...
E nestes dias por aqui não chove, ou....Não chovia...
Estranho.(...)
O VENTO SOPRA MAIS FORTE...
Bem mais forte...
O infinito carregado de interrogação(?)????
No meu infinito *
"Forte chuva de verão,"
Divago...Abro a janela, olho o telhado...
E daqui sobe as minhas narinas um cheiro forte,
Um perfume diferente invade tudo...
uma vaga e falsa sensação de inverno...Nos acode.Um refrescante momento se faz poesia ...
...E CHOVE...
(Ednar Andrade)
(16*12*2010)
Leve...
Pegar a nuvem,
Pegar carona, na nuvem...
Ir, até o espaço,
Infinito,
Onde de lá,
Assistiria a beleza
Que é existir.
Subir mais alto,
Mais alto...
Cada vez, mais alto...
Ir para tão longe...
Tão alto,
Que de lá,
De nada sentisse, eu,
Saudades... Ou pesar...
Depois, cair no espaço
A flutuar, flutuar,
Flu-tu-ar...
Tão leve,
Assim... Como, uma pluma...
Quem sabe, cair, cair...
Cair... Suavemente...
Nos braços da felicidade,
Da felicidade, disse?
Pois é, quem sabe,
Se ela existe?
Mas, pra que saber?
Então, continuaria caindo,
Caindo,
Até... Cair.
... E... Feliz, então, sorrir...
E continuar sorrindo
E agradecer
Pela felicidade de
Viver.
(Ednar Andrade).
Jasmim
Doce perfume, jasmim...
Uma saudade que ficou
Ou partiu de mim;
Suave memória
Que se esconde.
Nota suave...
Jasmim, segredo
Que só a noite traz
No seu perfume.
Pontinhos miúdos...
Pequenas estrelinhas,
Que ficam entre linhas
Como fadinhas brancas,
Perfumando os sonhos.
Exalam na noite notas musicais;
Lirismo que busco
No inconsciente encanta,
Faz verso;
Viagem, reflexo
Na noite fresca,
Deste quase inverno.
Jasmins, tão frágeis...
Parecem ter alma.
Me banham de olor;
Me trazem a calma,
Me inspiram estes versos...
(Ednar Andrade).
Deus de si
O homem é Deus de si, ele determina o tamanho da sua pequenez ou da sua grandeza; arquiteto do seu mundo interior, pinta em tons de negro a sua aquarela sem cores. Eu já disse: “homem lobo”, “homem livro”... Não há como deter um rio; não há força que detenha a tempestade; não há força que contenha o alto-mar. Na alma de cada ser: há a tormenta ou a serenidade.
Na verdade, o homem escolhe seu destino. Não existe sina; existe a vontade de cada homem. E nessa ninguém pode interferir, pois todos sabemos da intervenção de todos para mudar o destino e continuamos com mãos atadas. Concluo no meu entendimento que destino é opção, vontade e direito de ser como é.
Não falo das doenças inevitáveis; não falo da velhice – decrepitude natural do homem -, pois se bons ou maus, todos envelhecem. Ouvi certa vez de alguém: “canalhas envelhecem”. Criaram seus próprios destinos: Dulces, Teresas, Maria Bonita ou Lampião... Cada um escolhe o tema e escolhe sua história, que pode virar um bom drama ou um grande prêmio no cinema... Cada um escolhe seu chão e rasga a vida, sem poder culpar ninguém. Homem: bicho tolo que pensa, faz da vida seu cárcere e nele come o que vomita, inala a podridão do seu respirar; alimenta-se do seu oxigênio impuro; oficina de fazer maldade ou santuário é seu coração. Homem é uma obra inacabada e quem o criou desistiu de sua confecção. Entrou em conflito com a obra de suas mãos.
O homem é Deus de si, portanto não precisa de milagres ou deuses; espinho de si mesmo... Assim é o homem, escolhe seu destino, segue sua própria direção, traça seu próprio caminho... Assim é o homem...
Poderia dizer mais, mas hoje estou cansada do homem!
(Ednar Andrade).
Assim sou
Nasci para ser flor, espinho ou relva;
Quem sabe cactus?
Do sertão o verde; do mato a cor.
Não sei, não sei se sou da rosa o rubro;
Da vida a cor, nasci; assim sou.
Do mar, a concha; da vida, o amor.
... O riso...
Quem sabe a dor?
Não sei, assim nasci.
A estrada longe...
O amor, o desamor.
Assim nasci, assim sou.
A flor do campo; da brisa, o orvalho
A noite; o dia.
A luz, não sei.
Assim sou.
A mata; a duna; o perto; o longe;
O silêncio; o canto;
O barco; a vela; a saudade
Ou a felicidade?
Não sei, assim sou.
O silêncio; o riso;
O Sol; o fim da tarde;
O olhar que partiu; que ficou;
A onda do mar;
O barco que surge; a felicidade;
O pescador; A areia;
O ficar; o verso e o inverso;
O que nem sei dizer se sou;
Assim... sou!
(Ednar Andrade).
Um brinde à vida!
Acordo reflexiva...
As chamadas aos dias, aos tempos, o natural calendário da memória me mostra, me faz viver e reviver... Naturalmente refaço a cama, que por sinal, bem desfeita, um hábito que não analiso de dormir em muitos lençois. Um jeito exagerado de enroscar-me neles (um aconchego aos travesseiros), um jeito manhoso que trago comigo. "Sorrio"; isso me dá um certo trabalho... Fazer ou refazer uma cama destas leva alguns minutos... E às vezes dá uma certa preguiça...Prossigo enquanto penso em muitos dias , que longe vão...Os dias desiguais, as portas e janelas da casa têm design diferente, assim como a vida e o seu passar como as linhas "varicor" que desenhavam e tingiam os bordados antigos dos panos da casa (REFLITO COM CERTA VAIDADE E SATISFAÇÃO), como se buscasse não a justificativa das coisas e sim uma concreta visão da vida (Agora).
Da vida (PRESENTE SEM PAR), passagem de sonho, cheia e repleta de alegrias e sem faltar e com certeza as grandes ou pequenas, mas sempre tristezas... Destas, somos todos agraciados, não há quem delas escape, não há como fugir; este ruído nos segue sem que saibamos onde ou quando nos dará um abraço que preferimos nunca sentir... E como tudo nos serve de troféu... Abracei os meus e hoje os olho com uma lembrança de momentos que trazem consigo o crescimento e a destreza que a todos deve seguir (Experiências), e assim, O CAMINHO DO HOJE SERÁ SEMPRE... O HOJE, Costumo dizer (...)... E sigo, olhando de frente, observando os lados, vislumbrando, vez por outra, o que deixei ou o que ficar para trás... Sem remorsos ou assombros com a alma alva dos perdões e gratidão, que a mim dou, porque é preciso que nos perdoemos, pelas falhas, pelos nossos apelos errados que nos põe diante da incessante procura do acerto.
(DAS EXPERIÊNCIAS) Delas e para elas o meu aplauso... Tornei-me mais forte, melhor em tudo, e assim a todos deve suceder... E neste contexto tudo conta e a vida encanta, como nas magias das inocentes crianças, nos proporciona uma viagem sem igual, repleta de horizontes que, sem eles, não saberíamos galgar... (Experiências) são os louros inevitáveis e bem vindos sempre, custe o que custar. São elas que nos empurram na direção da consciência e do real sentido do ser. São as grandes amigas, aquelas que nos mostram quem somos sem nos poupar com mentiras e afagos falsos... Aliás, falsos são os amigos que só sim dizem, e quando precisamos de um não eles caramelizam de um falso doce, nossos defeitos... Elas não, elas SERVEM EM BANDEJA DE OURO NOSSAS FALHAS E IMATURIDADES PARA NOS TORNAR CRISTAL VERDADEIRO... Assim sendo, são fundamentais na busca do melhor de nós. Imperfeita e aprendiz, sigo, penso... E vasculho os meus recantos dispersos e escondidos, na constante e transparente visão do meu "eu".
Sinto-me bem. Um garantido conforto borda-me a alma com linhas coloridas ainda que com desiguais tons (linhas varicor)... E vou tecendo este trabalho que é fazer a ordem voltar ao ambiente que considero "sagrado": o quarto, onde descansamos, a cama onde amamos ou sonhamos... Um lugar onde o carinho da paz nos visita.
(DAS LEMBRANÇAS... E dos prazeres, assim como os bons vinhos, os melhores perfumes, que ficam impregnados na alma)
São os amores (que me perdoem os fingidos); não existe um apenas... Eles são ou foram tantos... Mas, alguns ficam presos na lembrança e vivos, latentes nos sentimentos... E nos chegam como suave perfume e nos sacode e acode nas viagens tão perfeitas que ficam perto o suficiente para sentirmos o perfume do objeto amado... E lembrar com precisão, o menor gesto, pequenos detalhes, sutilezas, que na memória não se dispersam... Ainda do perfume, falando, aquele amigo que partiu numa viagem sem volta... Aquele amor que, sem despedida, apenas se foi... E ficou. As amizades, a esta rendo minha homenagem e digo que - creio no amor das amizades; os amigos, falo de amigos verdadeiros, aqueles que nem o tempo, nem a distância, nem as diferenças os faz indiferentes ao tempo e a tudo. Vivos, habitam nos silêncios e na plenitude do sentimento mais profundo; aqueles que por toda vida nos seguem e nos seguirão, guardados na caixinha do coração, onde nem o tempo, nem a oxidação do fútil os corrói, quando expostos ao tempo e/ou aos temporais, onde nem as adversidades os faz distantes. "Vivos, permanecem", como patrimônio na sua essência. Pérolas, tantas vezes, pedra rara, são os amigos, que ficam como patrimônio na memória, bem real que segue conosco, enquanto dura o Sol da vida (tenho alguns assim)(...)
DO TEMPO, aqui falo, expresso, está contido em toda extensão do meu pensamento - HOJE.
*E a ele tenho total devoção*.
DAS SAUDADES, estão contidas no contexto lembrança e nos servem em taças, como vinhos, o doce contentamento, de haver vivido momentos bons, sorrisos doados, sem restrições, "amados e vividos", não cobram de nós, nada. Acariciam o coração para demonstrar que continuamos vivos e, se algumas vezes, permeiam nosso espírito, nos trazem doces contentamentos; ingrediente indispensável para produzir emoção.
A SAUDADE é companheira. Em casos isolados, faz companhia, pois traz consigo as imagens e o contentamento do que se viveu.
(Então, da vida, as experiências;
Das lembranças, os prazeres;
Das experiências, a lapidação e os louros;
Do tempo, a estrada para o hoje será sempre... O hoje;
Das saudades, o contentamento e a felicidade de haver vivido).
CONCLUSÃO, viver é bom! É divino! Não há, em mim, espaço para mágoa, não tenho tempo para rancores; o amor me consome, o amar me diverte e adverte: "é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã" (Renato Russo).
Aplausos, ao dom da vida! E, em especial, a alguns, todo o meu carinho, todo o meu apreço...
Tim, tim!
(Feliz).
(Ednar Andrade).
Feito um cão
Bate o meu coração
Assim como um louco,
Assim como um trovão
E eu ouço um gemido de agonia...
Meu sangue e carne esfriam,
Como mergulhados no gelo,
Como se perdesse o controle,
Em tamanha emoção.
Bate meu coração
Dilacerado, aflito
Feito um cão;
Um cão que uiva na noite
E a escuridão.
Há um alarido neste som magoado
Que só escuta o meu coração.
É sangue, dor, saudade;
Saudade viva numa ave morta.
E um âmago aflito.
Alma agônica,
Um paiol de saudade.
Existem em vão
A sempre-viva, amarela, morta,
Cristal, transparência, que não vejo
Em meio a constatação.
É uma presença errante;
Uma flecha que parte,
Para por outra no chão.
(Ednar Andrade).
Os Amantes...
Ser amante é ter o sabor dos doces poemas escondidos...
É ser a musa do eterno desejo; a pura flor do querer.
Uma agonia que acalma,
Uma dor que dar prazer,
Um querer no outro querer,
Ser a "borboleta errante"
E vagar no jardim da emoção mais louca...
Ser rainha de um só rei*
É um amar permanente que encanta a alma e faz pungente...
(Dolorido) o Amor.../
Ser amante é perder o sono para sonhar com o objeto amado...
É ter os beijos mais doces do pecado,
Fingir sorriso, quando chora...
Buscar, na permanente ausência, o fragmento que fica,
Fazer-se feliz com alma aflita...
Dizer versos quentes com o corpo gelado...
Ter no coração um perfume e uma grande saudade...
Olhar para o oceano e querer ser o barco,
Cantar uma canção e desaguar num rio de lágrimas...
Ser a preferida, o doce e o fel...
Num elo sem mágoas, apenas amar...
Amar... Amar...
(Ednar Andrade).
Sabor de sal...
Um cheiro de verão,
Mornas tardes, sentimentos na mão.
São dias lindos... Inesquecíveis tardes em familia.
Onde o Sol se despede com preguiça... E faz manhã...
Tardes, frescas tardes...
Onde a felicidade tem um sabor de sal,
Um marinho sabor...
Um gosto temperado,
Comum... Nas tardes de sal...
Que já anunciam o verão.
Minha verde mata tinge-se de azul,
O meu entardecer fica dourado como o Sol que aqui mora....
Caminho sem pressa nas minhas memórias,
Tudo é sentimento...
E me banho nos sonhos da minha lagoa de águas claras... Tão azuis...
Belo poema tingido, me banho...
Medito; pergunto; insisto... Permaneço e suspiro...
Adentro a mata, os rumos dos meus secretos sonhos, não há como fugir,
Não sei mentir. Lá fora há um mundo que desconheço,
Minha paz mora neste regaço de poesia,
Sou feliz, desfruto da mais pura paz...
A Lua faz poesia, meu coração cita os versos...
Rezo, rezo por ti, por mim...
E o amor me toma nos braços da saudade...
E ternamente choro... E adormeço...
E sonho...
Com o verão que logo vem...
(Ednar Andrade).
Sem medo da Solidão
“Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado...
Isto é circunstância.
Solidão é muito mais do que isto.
Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos
e procuramos em vão pela nossa alma...”
(Francisco Buarque de Holanda).
Verdade. E já me senti assim, solidão é isto sim... "Graças ao sofrimento e a dor, hoje não sinto solidão". Tenho-me ao meu lado, carrego comigo minhas experiências e tudo enfim que me faz ter grande companheira: minha maturidade, a ausência dos medos...
Não é que eu tenha ficado egoísta, eu só aprendi a me amar, e ter-me como uma verdadeira presença que toco, sei seu verdadeiro nome e não me abandona jamais... Nem deixo que a vaidade me alimente.
Seu nome: realidade, companheira que deveria ser inseparável a qualquer um e é, mas em certos momentos da vida, no auge da mocidade, nós a tememos e não a vemos com a cara que realmente tem; olhando para ela, como que com mágoa, assim pensando, sê-la uma inimiga, simplesmente porque bom é substituir ou maquiar algo, que alguns chamam de destino, e eu de escolha.
Escolha... A escolha é a chave sem cópia do destino que ninguém fabrica, além de nós. É livre o direito, a opção de “sofrermos ou de sermos felizes”. Ninguém há que tenha tamanha capacidade de fazer feliz o outro. Esta consciência é o que nos liberta, é o que nos faz ver que podemos ter pessoas, conviver com elas, mas sempre estaremos sós, o que é muito bom. A nossa mente não pode sofrer a influência do medo de estar consigo. É confortável saber-se dono do seu sentimento, quando há, na mocidade, uma terrível e romântica ilusão de sermos um do outro ou, assim, como ser o outro.
Também é verdade que não se pode ser feliz sozinho. Compartilhar o riso, as alegrias, é fundamental ou o riso seria insípido, idiota, louco. Também é indispensável, a pessoa confidente, “o beijo depois do café (Roberto Carlos)”... Rsrs... Todos têm razão. Mas, quantos tomam café juntos, dividem a cama, dividem o prazer e continuam sós? E fica aí provado que mesmo estando acompanhados, podemos estar sós.
Recebi hoje, de uma amiga, um e-mail contendo o texto do Chico Buarque, já citado acima, onde o mesmo descreve com prosa e graça o tema: solidão e pus-me a pensar em como é maravilhoso não mais carecer de companhia(s) para fugir da solidão.
Isso já foi como doença e continua sendo, não para mim. Mas, como um todo, ninguém está isento deste primário sentimento. O que vale, ou o que pode valer, é estar apenas acompanhado? Se tantas vezes podemos continuar sós em meio ao tumulto ou quantas vezes perdemos o prazer de sorver, de viver momentos de ímpar sabedoria por insegurança ou disfarçado desejo de posse.
E o que é perder-se da alma? Na minha visão, perdemos-nos da alma quando a fantasia faz-se maior que a realidade. A vida não é complicada, viver é simples, tão simples quanto respirar. E se não respiramos direito, da forma como devemos ou como deveríamos, aí sim, buscamos na alma do periférico e não na nossa a essência da companhia. Não, não sou egocêntrica, mas defendo que só me encontrei, quando fiquei de frente comigo. E que é maravilhoso estar com os amigos, ter como é verdadeiramente poucos nomes para chamar de amigos e ter a certeza de que para ser feliz o homem precisa nascer feliz. É algo que defendo e digo: você é ou não feliz. E quando o homem é feliz, está feliz, não tem medo deste monstro: solidão.
Isto é bom... Me dá certezas, e razão para seguir sem fantasmas.
(Ednar Andrade).
Viver
Quero apenas e só apenas viver... Sem sofrer, nem me preocupar em saber se há, ou não, amanhã.
Antes assim, sem sofrer, sem drama, sem chorar, e não é melhor? Viver cada dia sem as incertezas do amanhã? Sim, claro, sempre... O hoje está de forma efêmera, aqui, comigo, contigo, onde quer que a hora esteja.
Não, não há motivos para querer antecipar o tempo, ou sofrer pelo que passou. O que passou foi bom, o que virá pode ser bem melhor. Então: hoje é o calendário do tempo... Vivamos com graça e felicidade cada data, cada dor, cada sorriso, cada amanhecer, mas o hoje é o melhor momento, o hoje nos diz da verdade de estarmos vivos, de sermos o que realmente somos e termos o amor que temos, o abraço que recebemos, o carinho que realmente existe. O resto são gotas de saudades ou lamentos, são sobras de um vivido tempo que chamamos passado.
Não é mero saudosismo, não é isso. É que a vida nos faz como a pedra: duros, marcados pela própria existência, nos mostra rumos que no começo da estrada nos parecem percalços e, no entanto, são rumos certos que sinalizam abrigo. Abrigo que interfere na calma do desabrigo, com muita proeza, com muita certeza e daí, e com muita felicidade, descobrimos o quanto somos frágeis... E como precisamos do certo, mas nada é tão certo quanto as improváveis incertezas da vida.
O tempo passa, e com ele fiquei mais esperta, mais doce, paciente... Tudo que antes me parecia aflição hoje nada mais é que um banal acontecimento.
Olho para a garrafa de vinho, e vejo que já tomei todas as taças... Rs... E sei que assim como o vinho quanto mais velho melhor, quanto mais vivemos, mais entendemos que tudo passa... E o que fica é o que realmente valeu: viver.
(Ednar Andrade)
A poesia
Não importa em que porta
Aporta a poesia.
Não importa se torta
Ou mal posta,
Maldita, descrita,
Inscrita, proscrita.
Não importa
Em que hora morta.
O que importa
É o que importa
E o que ela “porta”,
Faz valer o que porta.
Se lírica,
Prosaica,
Melódica,
Dramática,
Não importa…
Da Mata,
De Jarbas,
De Rizzi,
De Tácito,
De Edjane,
De todos os poetas,
Enfim.
O que importa
É que a poesia vive,
Que clama,
Que implora,
Que ri,
Que chama,
Que chora,
Que foi,
Que é,
Que vem,
Que vai,
Não importa…
O que importa?
É que a poesia mora
Na alma,
No que diz,
No que nega,
No que ama,
No que odeia,
No silêncio,
Na guerra,
Na calma,
No conflito,
No que não se diz
E no que está escrito.
Na vida,
Na morte,
A poesia importa
E o que importa,
Declama…