Coleção pessoal de EdinaldoSoares
Letras Tortas
Eu vejo Deus escrevendo certo
Em linhas tortas,
Então vem uma voz lá da alma,
Ecoando no coração
E como um espelho,
Reflete em papel de linhas certas,
Minhas letras tortas.
Ao olhar de cima
da montanha de si mesmo
Nos teus vales... Talvez não valha
tantos arbustos retorcidos
secretos e sofridos
Contentar-se
É que a mamãe coruja se alegra
quando o filhote aprende a voar
Mesmo sabendo que talvez, um dia,
Ele irá voar pra longe e nunca mais voltar
Contentar-se
unicamente com um abraço,
mesmo quando se quer o todo,
Contentar-se
apenas com um breve sorriso ao longe,
mesmo que se queira por perto a vida inteira;
É o sinal de um sentimento que é feito de verdades.
Perfeição
Talvez para nos seres mortais, a perfeição seja realmente algo inalcançável, no entanto a afirmação categórica disso é a forma de criar a melhor desculpa para deixarmos de tentar extrair e oferecer o que há de melhor em nos. A perfeição existe, sim. E se ela não é para o homem, então, que estabeleçamos um desafio: A pretensiosa vontade de chegar bem próximo daquilo que, de repente, não fora feito para a humanidade. Que não cheguemos a ser santos, nem anjos, mas que façamos o exercício diário de sermos BONS de CORAÇÃO e ALMA.
Composição do Verdadeiro Amor
A sensibilidade que percebe mesmo quando não há imagens e sons não são emitidos. É harmoniosamente os sentidos percebidos mesmo que oculto.
A solidariedade que fortalece mesmo nos maus afeitos, que permite sempre o calor do afeto indestrutível pelas circunstancias de um enorme bem querer.
E é tudo que sobra quando o que é efêmero se parte com o tempo.
Isso, talvez, seja o elo imprescindível na composição do verdadeiro Amor.
Ser Sol
Ser chama
que nunca se apaga
Reluzindo esperanças
Ser Luz das crianças
Que brincam nas ruas
E ser brilho da noite
Refletido na lua
Solidário e Gentil
Constante e belo
Nutrindo a vida
De um novo dia
Com sonhos a clarear
No horizonte, Ser sol
Sempre a brilhar
Pigmentos
Pingos de chuva
Pincelando em gotas
Escorrendo sobre a terra
o choro do céu
Pigmentos de (alegrias)
Outrora (tristezas)
Pintando o (tudo)
Com a cor do (nada)
Vindas e idas
Numa velha estrada
Orgulho e Amor Próprio
Na extrema desestima
Oferecida
o Orgulho prende
ofusca-nos às miudezas
da soberba.
Na extrema desestima
Oferecida
o Amor Próprio liberta
conserva-nos o brilho
mantém-nos a nobreza
O Tempo
O tempo lapida tudo
E desse tudo é senhor
Da esperança além
É guardador da dor
Quando declinam os véus
É desintegrada a vaidade
E onde ha amor e verdade
Resiste alguma felicidade
O Bom Jardineiro
Ternura são as rosas
Lealdade são os girassóis
Serenidade são as tulipas
Generosidade são os cravos
Caridade são as orquídeas
Paciência são os antúrios
Gratidão são as gardênias
Decerto nem todo belo jardim
possui todas essas flores,
no entanto um bom jardineiro
cultiva no mínimo uma
variedade dessas espécies
Flor Inteira
O amor é essa flor inteira
Com todas as pétalas intactas
Numa imensidão devastada
De um campo de batalha
O amor é essa flor inteira
Força de um furacão
Na sutileza da brisa
De uma bela manhã
O amor é essa flor inteira
Não é a outra metade
Num só sobrevive
Acresce e se reparte
Breve Silencio
No momento do olhar perdido
Não cabe qualquer suposição
Iniba a menor reação
Guarde todos os conselhos
Mas se nesse instante
Perceberes um sorriso
A delinear a face sutilmente
É que certamente
Eu te encontrei dentro
Daquele breve silencio
Fábula
Há um instante em que me tranco no silêncio
Fico lá dentro escrevendo coisas fúteis,
Lícitas depravações,
Lapidando segredos, inventando paixões,
Discutindo política, literatura, filosofia
Às vezes choro, sorrio, rezo...
Falo com Deus, falo anjos
Com o cão, com o gato
Dialogo com a mobília...
Uma fabula me convém
Protege-me e me detém
Mostra-me no fundo
Eu, dentre outros mundos
A Cor do Tempo
As folhas que caem
E um retrato antigo.
Cartas na gaveta
E o nascer do dia.
Horizonte distante
Guardando o sol.
A estrada ao longe
Vista da janela.
A cor do tempo
É amarela.
Da Síndrome de Peter Pan
Ser adulto foi o seu maior disfarce
Adentro da mascara, a fantasia.
Vivia a era de um mundo encantado,
cheio de magia.
E nas reações mais adversas da vida, foi menino
perambulando pela terra do nunca.
Lençol de Anil
Parado;
O silencio jazia
Em tudo.
O sol cobria a rua,
Preguiçoso, estático.
As nuvens recolhidas,
E um lençol anil
Cobria a cidadezinha.
Era domingo!
Pequenas Alegrias
Talvez sejam aquelas pequenas ALEGRIAS
Que quando juntadas ao fim do dia
Forma o que de VERDADE
Podemos chamar de FE – LI – CI –DA -DE.
“O homem ambicioso que cultiva em si o mal, tende-se à tirania. Abstraia do homem a ambição e ele será um acomodado. Tira do homem ambicioso o mal, e ele será um bendito conquistador de sonhos.”
A Mulher e a Poesia
Por mais transparentes, por mais sinceras e simples que sejam; o essencial e o mais belo de cada uma, talvez estejam guardados nas entrelinhas.