Coleção pessoal de edileuzabr
Estou exausta dessa falsa moral, desse ser humano sujo que asseia-se na lama tirada de outros corpos.
Esse que sente orgulho em apontar o outro por pensar que está limpo.
Uma moral tão falsa que qualquer um sabe que ele faria o mesmo, pois não esconde sua própria podridão. Mas é orgulho pra si, e todos aplaudem do esgoto.
O medo paralisa. Eu sei.
Sim, eu sei todas as respostas dos meus dilemas emocionais, mas não ouso responde-los, sequer ouso pensar nas respostas.
Mas, sei.
Em algum lugar do futuro talvez haja vida. Aquela vida sonhada, construída sobre a insônia, sobre a solidão. Em algum lugar do futuro deve existir vida, mas é aquela vida causada, constante e fria como as paredes do meu coração.
Eu desejo viajar nos meus pensamentos livremente, preciso encontrar uma liberdade fictícia, necessito viver em um mundo que eu criei.
Eu tenho ilusões, e eu gosto de tê-las, esse é um dos meus hobbies, cultivar ilusões. Descobri que quando é livre se pode fazer qualquer coisa, inclusive voltar a se prender.
As vezes me sinto um completo fracasso. Daqueles rasos, voláteis e fácies de se converter.
Mas não tenho esperança, continuo achando que sou assim e não posso mudar. Aliás eu sei que posso tudo, todavia me falta mais audácia, como na juventude.
Eu queria esconder as dores que não suporto, camuflando-as com a falta de sobriedade.
Eu queria reverter uma humilhação na praça pública dos meus sentimentos.
Eu queria corrigir a dor, e colocar no lugar dela a indiferença colorida de orvalho.
Oh, morte! Leva me contigo para o vazio. Aonde meu ser esvaía-se completamente na penumbra da noite eterna.
Eu consigo compreender as pessoas porém não consigo pensar como elas. Pra mim chega a ser absurdo tal modo de vida.
Muitas vezes acredito que seria melhor se eu morresse, mas talvez não tenha aprendido ainda o real significado da morte.
Solitário
Como um fantasma que se refugia
Na solidão da natureza morta,
Por trás dos ermos túmulos, um dia,
Eu fui refugiar-me à tua porta!
Fazia frio e o frio que fazia
Não era esse que a carne nos contorta...
Cortava assim como em carniçaria
O aço das facas incisivas corta!
Mas tu não vieste ver minha Desgraça!
E eu saí, como quem tudo repele,
– Velho caixão a carregar destroços –
Levando apenas na tumba carcaça
O pergaminho singular da pele
E o chocalho fatídico dos ossos!
Há coisas que não podemos negar a nós mesmos: não acertamos sempre, nem podemos perder todas as vezes.
O coração é a mente, a razão nem sempre traz felicidade e nem todos os caminhos certos levam aos lugares felizes.