Coleção pessoal de DouglasCunhaa
Drummond falou pela enésima vez que tinha uma pedra no meio do caminho. Burros foram aqueles que não entenderam e persistiram na ignorância. Não basta simplesmente contornar o obstáculo e seguir ferido, é preciso enfrentá-lo mesmo quando as forças estiverem bem por dizer esvaídas. Quando o sangue presente no corpo estiver borbulhando de cansaço, teu corpo vai implorar por acalento, mas você não se permitirá desistir. O que te impede se tornará apenas mais uma lição, lamberás os cortes e sorrirás. Sortudo aquele que compreendeu o poeta, que enxergou a motivação em versos, quem fez da linguagem figurada força de vontade. Por obedecer a vida, só tenho a agradecer a ida
Quando a mente se enche de besteiras e sua cabeça esquenta, seus pensamentos se enrolam e tudo vira um caos na sua cabeça que esta prestes a explodir, você começa a duvidar da sua fé, se sente frustrado, preocupado com toda situação ao seu redor. Você esta abalado, em choque.
Porém, a uma parte em você que está tudo em paz, em silêncio, numa tranquilidade, com todos seus sentimentos em ordem, mesmos com seus pensamentos embalados.
Seu coração, as pulsações são batidas de desespero, preocupação com sua mente pois você não esta pensando, não está raciocinando direito, mais seu coração sim, sabe o que se passa, sabe de tudo.
Basta fechar os olhos, sentir e ouvir o que ela está dizendo.
Respire fundo e se acalme, comece a organizar seus pensamentos pouco a pouco até tudo voltar a ordem.
Mantenha o foco.
Tudo vai dar certo por mais difícil que as coisas sejam
O que o amor tira.
Eu queria falar sobre o amor hoje. Pelo menos sobre essa visão tão perdida e estranhamente vivida que eu tenho dele. Eu estava lendo a Marla de Queiroz numa dessas manhãs antes de ir ao trabalho, e ela dizia: “O que me interessa no amor, não é apenas o que ele me dá, mas principalmente, o que ele tira de mim: a carência, a ilusão de autossuficiência, a solidão maciça, a boemia exacerbada para suprir vazios. Ele me tira essa disponibilidade eterna para qualquer um, para qualquer coisa, a qualquer hora”.
O amor tem seus sintomas. Um amigo está conhecendo uma garota, e sempre que terminam de se falar ele sorri pra mim e diz: “Cara, acho que me meti numa roubada”. Nem presto tanta atenção nas palavras dele, mas no sorriso. O amor é sintomático. Ele tira o nosso olhar sisudo sobre o cotidiano, e nos faz lembrar de sorrirmos mais, nos importarmos mais, nos enfraquecermos. Ele se esgueira em nosso dia a dia extremamente igual, e o torna diferente. É a tinta colorida de um dia preto e branco, e a pitada secreta de anis do meu molho bolonhesa.
Esses dias me disseram: "Depois de tudo que eu amei, eu descobri que tenho um coração de pedra". Eu quase o abracei e disse: “Tamo junto”. Mas estou tentando ser diferente agora. Penso que, ainda assim, o amor faz doer pra lembrar que ainda estamos vivos. Por isso não gosto da “lei do desapego”. Ela não se paga. As mesmas pessoas que têm se declarado desapegadas, no fundo não escolheram isso. Elas não praticam o desapego, são reféns dele. Para elas amar pra valer doeu demais.
Então, eu também gosto do que o amor tira de mim, Marla. Ainda que seja meu chão, ou um sorriso eventualmente. Não somos feitos de pedra para vivermos à sua regra. Pois no curso natural da vida precisamos aprender que o correto nunca será desistir das coisas, mas amá-las profundamente. Porque esse é o paradoxo: Se amarmos até doer, talvez não sobre espaço mais para a dor, mas só pro amor.
Ela pediu um beijo e ele deu. Não como quem pede às cegas, mas porque ela sabe que ele dará. Ele, que se divide entre seus planos e todos aqueles afazeres diários, sabe que por aquele momento, quando ela junta seus lábios e fecha os olhos assim, já não é de mais ninguém. Torna-se um devoto, um pedaço de metal atraído por magnetismo.
Será que ela sabe o impacto que o faz? Que aqueles olhos pequenos e lábios cerrados na direção dele fazem da sua crença natural ao ceticismo um convite à loucura? Que aquele não é só um beijo, mas a chave que o destranca por dentro? Se soubesse, quem sabe ela o economizaria como quem percorre o deserto com apenas um cantil de água. Mas melhor que não saiba, porque ele não teve mais sede.
Ele a percebe de olhos fechados e, antes de retribuir, deixa escapar um sorriso. Ele sorri momentos antes de beijá-la, ela não pode ver. Sorri porque, além do beijo, ela pediu sua companhia e seu amor, e ele também a deu. Seu sorriso é a resposta ideal ao pedido dela. Na sua memória ficará que, de tudo que podem viver, e de todas as aventuras que devem compartilhar, tudo começou com aquele beijo que ela pediu - e ele deu
De tudo que ela quer de você, ela não quer que você esteja pronto. Um homem pronto que a leve pra jantar, faça planos, e preste atenção em tudo que ela diz, esquece do que ela não está dizendo: Eu não estou pronta, tenha paciência. Ele a apresentará pra família tão rápido que ela não terá tempo de pensar se era isso mesmo que queria. Mas o que ela quer? Ela não sabe, entende? Então esse é o meu conselho, amigo: troque o “estou pronto pra casar amanhã” pelo “quero cuidar de você hoje”. Apenas isso. Ela te quer, só não sabe ainda. E se você a pressionar, ela vai fugir. Deixe que ela descubra que, por trás de um dos seus abraços apertados, ela quer estar pronta também.
Nem todo mundo entende que o amor que nasce e cresce sozinho dentro de alguém é mais puro e verdadeiro do que um amor plantado pra colher frutos.
Felicidade
A jovem de 15 anos que se suicidou não resistiu à própria pressão psicológica depois de inúmeras tempestades mentais na qual se sentia diferente e não conseguia satisfazer aos sonhos de seu pai, mães e exigências sociais.
O viciado em drogas de 26 anos foi preso por assassinar três pessoas que presenciaram o roubo de suas casas, surpreendidas enquanto assistiam a um filme, à medida que ele necessitava do valor financeiro das mercadorias para obter satisfação ao vício.
O homossexual de 35 anos hoje vive afastado de sua família, que se deu devido ao fim do seu primeiro casamento, financiado por seus pais cristãos conservadores e com o aval de seu filho em nome da felicidade da família. Hoje não há mais família, a não ser a sua formada depois do novo casório com um homem.
O padre de 57 anos foi levado ao seminário para cumprir a promessa de seus pais cristãos e também para vê-los felizes, tudo em contraste às dezenas de pais tristes das crianças de 5 à 12 anos por ele abusadas.
Um homem de 37 anos hoje é executivo de uma grande empresa de tecnologia após sabotar, roubar, aliciar, criminalizar e contraverter ex-colegas de trabalho que hoje ganham um salário mínimo, estimulado pelo orgulho de seu pai morto que foi trabalhava em condições precárias naquela empresa e também pelos desafios sociais sofridos por ele, que o levaram a querer provar a própria capacidade.
O comum garoto de 5 anos chamado William não tem discernimento suficiente para sentir-se pressionado a satisfazer qualquer vício, gosto excessivo, sentimento de culpa, orgulho ou vingança, ou ainda para fazer alguém que não seja ele feliz.
William não se importa com nada além de sua própria felicidade. William é feliz.
Folheei a última página amarela daquele livro que tinha como capa o nosso amor. Mas infelizmente, encontrei escrito nela -Nada.