Coleção pessoal de dotempo

Encontrados 7 pensamentos na coleção de dotempo

Tudo em nós foi porto, aeroporto, despedida
E o resto de carinho guardado no colo
Esvaiu-se tão etéreo como álcool.

Isso não é poesia, nem prosa.
Vou escrever o maior clichê de todos:
A saudade dói. Muito.

NO LAGO DE NARCISO

Tudo que vive e que se sente
Passa rápido demais.
Dores, paixões, libidos, surtos...
Enfim....

E no fundo só resta o eu
O eu só, o eu sozinho.
Meu corpo quer um pouso
Já se cansou de prazeres camaleônicos
Onde o meu Narciso
Tenta se afogar no lago da sua beleza
Mas não se vê.

Se afoga Narciso... Se afoga!!

Meu tempo é efêmero.
E Tudo em mim é naufrágio....

RECADO PARA MANUEL BANDEIRA

versos, métricas e citações
nada servem.
os neologismos foram enterrados
junto com o que devera.

nobre bandeira...
o que fizeram
"do beijo pouco, falo menos ainda??"
tudo hoje é tão intransitivo.

a duros golpes de chicotes
forçam a poesia ser sempre revolucionária.
uma espécie de menchevic léxico-morfológico-gramatical.

estou farto desta contínua e mutável
transgressionalidade poética
tudo hoje quer ser novo de novo.
eu, minha cuca e minha escrita
querem ficar um pouquinho mais velha....

Desejo de Canto de Céu de Boca

Preencho os vazios de forma ríspida e acintosa
O tempo que não é meu
Pertence ao tempo
E ao tempo ele voltará.
Nada foi me dado de bom grado
Minha sina é procurar um nem sei o que
Quatro anos, algumas vidas transpassadas
E hoje, nem do seu sorriso me lembro mais.
Eu queria você agora e não esse agosto com gosto de mal amar
No canto do céu da boca

FEL E FÉ.....

Outrora estive em outros mundos imaginários.
Terras sem problemas
Fáceis de habitar.
No entanto a consecutivas
Seções de tédio
Fui convocando ao suicídio.
Em tempos idos assim,
tinha o travesseiro de Eurídice,
a força do acaso e
a doçura de minha mãe comigo.

Mas tua sombra persiste num
Pós-pôr-do-sol que nunca acaba
Na intermitência da memória
Na sofreguidão solitária sentida a dois