Coleção pessoal de domiciogabriel
Flagelo da ingenuidade
Vozeava o sol fundo, quase inaudível
o que a tímida matutina ocultara,
pormenor banal, é simples e plausível,
ontem o dia terminou, hoje ele para.
Frio como o concreto calçado,
ramos esquecem a casa do leão
aposentando o seu olhar cansado
sobre a intemperança de quem é são.
Aquilo que virá, outrora aconteceu,
mas turvos pelo domínio do fato,
na vergonha da noite se percebeu.
Que o disparate revela um aceno
aos túrpidos de crueldade não dita,
e ao choro desse sol moreno.
Ainda quis
Além dos olhos tênues,
dentro do colchão guardado,
menor do que vejo,
maior não minto.
A coisa da coisa
é tempo de menos
e vontade demais.
Rascunho
Eu não terminarei de escrever,
deixo algumas linhas soltas
como me pedem para ser.
Nestes espaços tenho palavras ditas,
jamais seriam tão bonitas,
engolidas pelo que não dirão.
Caso eu deixe acabar,
talvez você possa me pensar
como sombra sem tensão.
Mas quando embriago a paixão,
vidrado e atado
te vivo do chão.
Tudo o que sabemos é questionável, quem tem certeza sobre tudo, certamente não tem respostas para nada.
Há quem diga que a morte é um mal sem remédio, engana-se, a morte é o remédio para uma vida morna, e a recompensa de uma vida digna.
Apesar de ríspido, estar disposto a analisar determinações impostas contribui para uma vida procedente.