Coleção pessoal de dhsig
A Real da Fantasia
Engraçado o andar
radical o olhar
o triângulo é escaleno
Seu lado maior,
um destrutivo veneno.
Aquele verso já não canto mais
pra que cantar sem encanto?
Deixe-me chorar com pranto
e tirar esse tanto faz
da dor que sinto!
Resguardo-me em sentidos
absolutos e relativos.
Irreais sonhos sem ruídos
já que a realidade está
muito além de dias vividos.
A real da fantasia é
que sem o real
ela perde a fantasia!
E nessa luta sem luva
faço do meu Sol
o mais brilhante diamante
e da minha Lua
a humildade mais pura.
A medicina é minha fiel esposa e a literatura é minha amante; quando me canso de uma, passo a noite com a outra.
A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.
Poeta, Brinquedos e Brincadeiras.
Reticências complete, por fa...
a frase de am...
e as palavras que não enten...
deixe que o coração responda por vo...
Hífen é sub-ramo do separar.
Da segunda-feira à meia-noite,
separa à sangue-frio, a peça-chave
do quebra-cabeça de um pé-de-moleque.
Travessão, falante sinal.
-Eu não sirvo só para isso!
-Eu sei, meu querido!
Simples conversa - afinal -.
Crase aquela frase.
Quando vais a, craseia o A.
Mas és garota de tantos as
que tenho dúvida em qual craseiar.
Circunflêxo, chaupezinho protetor.
Não protege a vovó,mas protege o vovô.
Sem esquecer do agudo
Aquele impossível de ser mudo!
Minha amiga, língua escrita
devo a ti, o poder de brincar:
Com teus "enfeites" e (teus) brinquedos
nesses dedos do livre pensar.
(Rio,06/05/2007)
Livro Libertino
Ausência que preenche.
Falta que completa.
Todas as possibilidades são prováveis,
todas as probabilidades possíveis.
Das curvas de um zero
às ondas do infinito.
O papel desse livro
é azedo de branquelo
e livre de martelo!
Mesmo sem significado
mesmo sem nome
Aceito o diferente, o não uniforme.
E com a ponta plena
de uma leve caneta de pena
Escreva pelo menos um parágrafo.
Ou mais
na verdade tanto faz.
Só não deixe que o livro se feche!
Qualquer Paixão de Verão
Paixão de verão
carinho, mistério e emoção.
É aquela que parece nunca acabar
até o verão terminar.
Depois apenas momentos passados.
às vezes até um futuro caso,
mas fotos,lembranças e segredos
são como filmes eternos...
estarão sempre presos à memória.
Também fica a esperança
do reencontro,
no próximo verão.
Uma só certeza,
nunca será igual.
E a Poesia virou Prosa
Nasce mais um dia e morre mais uma noite. Mário acabara de acordar, tomou um café forte se arrumou e saiu para trabalhar. Todo dia pegava o ônibus na mesma hora e no mesmo lugar.
Foi quando sua rotina mudou.O elevador de seu prédio quebrou e ele teve de descer do 15° andar de escadas. Belo atraso de 8 minutos. Tão belo que chegou no ponto e nem viu seu ônibus passar.Teve de esperar outro, por mais 7 minutos. Depois, fez o sinal e subiu. Sentou-se na janela esquerda da segunda fila. Apoiando a cabeça contra o vidro cochilou, mas logo uma freiada brusca seguida de uma forte buzina, o despertou. Olhava ,nesse instante, para calçada onde passeava uma graça feminina com uma calça de lycra. Era uma deusa numa bicicleta. Ficou estarrecido, pasmo e torcia para que o sinal jamais se abrisse. Ela andava devagar, todavia quase não dava mais para acompanhar. Ela já dobrava a esquina e sua visão, discreta.
Não sei como, mas por um momento trocaram um olhar penetrante.Era hora. Pulou do assento e foi atrás do gracioso par de pernas pedalante. Porém ao descer na rua, sua pele ficou crua. O atraso antes despercebido se mostrava doloroso, agora. Ela estava com outro. Então, sentou-se na praia aspirando a maresia e viu ir embora a sua diva sinuosa, da mesma forma que esta poesia virou prosa.