Coleção pessoal de dekinha77

DA DISCRIÇÃO

Não te abras com teu amigo
Que ele um outro amigo tem.
E o amigo do teu amigo
Possui amigos também...

Cartas de amor a Heloísa

Dizes que brevemente serás a metade de minha alma. A metade? Brevemente? Não: já agora és, não a metade, mas toda. Dou-te a minha alma inteira, deixe-me apenas uma pequena parte para que eu possa existir por algum tempo e adorar-te.

Sorriso pede carinho.
Olhar pede carinho.
Não olhar pede carinho.
Fingir dormir pede carinho.
Palavra pede carinho.
Silêncio pede carinho.

E Deus fez o homem...
e o homem desenvolveu a capacidade da incompreensão.

um beijo. uma mão. um jeito. uma frase. silêncio. mais silêncio. telefone. sem beijo. cumprimento. não sorriso. cai a noite. o medo. Bom dia. Nâo. tchau. sim. telefone. sim. boa noite. não.
Sim é não. E Não é sim.

Então
lágrimas. sim. forças. não. tentativas. nâo. silêncio. sim.
Sim é sim. E Não é não.
Lágrima pede de novo carinho...

Há pensamentos que são orações. Há momentos nos quais, seja qual for a posição do corpo, a alma está de joelhos.

Não pede nada nas tuas preces, porque tu não sabes o que é útil e só Deus conhece as tuas necessidades.

Minhas desequilibradas palavras são o luxo de meu silêncio.

Era inevitável: o cheiro das amêndoas amargas lhe lembrava sempre o destino dos amores contrariados...

Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.

Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?

Te amo, beijo em tua boca a alegria.

O que a memória ama fica eterno. Te amo com a memória, imperecível.

Gosto de um modo carinhoso do inacabado, do malfeito, daquilo que desajeitadamente tenta um pequeno voo e cai sem graça no chão.

Ah, e dizer que isto vai acabar, que por si mesmo não pode durar. Não, ela não está se referindo ao fogo, refere-se ao que sente. O que sente nunca dura, o que sente sempre acaba, e pode nunca mais voltar. Encarniça-se então sobre o momento, come-lhe o fogo, e o fogo doce arde, arde, flameja. Então, ela que sabe que tudo vai acabar, pega a mão livre do homem, e ao prendê-la nas suas, ela doce arde, arde, flameja.