Coleção pessoal de davy_viana
Psicologia de um vencido
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
Versos Íntimos
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
Existem muitos tipos de monstros que me assustam: Monstros que causam problemas sem mostrarem a cara, monstros que abduzem crianças, monstros que devoram sonhos, monstros que sugam sangue... e também, monstros que apenas falam mentiras. Esses monstros mentirosos são um verdadeiro problema; eles são muito mais espertos que os outros. Eles fingem ser humanos, mesmo que não entenda o conceito do coração humano; eles comem, mesmo que nunca tivessem experienciado a fome; eles estudam, mesmo que não possuem nenhum interesse acadêmico; eles buscam amizades, mesmo que eles não saibam como amar. Se eu encontrar tal monstro, eu provavelmente seria devorado por ele... porque na realidade, eu sou esse monstro.