Coleção pessoal de DavidEliom
Eu em mim
Conversei comigo,
Na presença minha.
Ao pé do ouvido meu,
Dentro de mim, somente eu.
Falava e ouvia,
Sentia e via.
Palavras minhas, o toque teu.
Que era eu,
Em minha vida.
Não sou carinhoso com um ser humano como sou carinhoso com uma flor. O ser humano não me desperta sensibilidade. Às flores, que não pensam, bem transmitem, bem encantam, bem perfumam. Melhor sentar ante às flores que ante os homens.
Não importa, amor, a distância entre nós; se estou num país e tu n' outro; nós sempre veremos a mesma lua.
“Se for amar-me, não precisa ficar dizendo “Amo-te". Apenas cala, apenas ama, pois dizer que ama não me causa tanto quanto mostrar que ama".
O nosso reencontro
O nosso reencontro, tão imprevisível para nós, tão previsível para o destino, fizera-nos, cada um a seu modo, sorrir;
Éreis, amor, a mais linda uva num cacho já perfeito e eu, com fome, desejei tê-la para sempre;
Não sinto nenhuma fome agora - pois que estás no amago de minha alma.
Fica, nunca vás embora, dou-te minhas primaveras para que tu, raríssima, possa meninar nelas e cirandar tuas meiguices.
Fica, almoça minha vida e, depois ou já, dorme nos meus sonhos - nina como uma criança rainha, protegida por minha humildade e por meu amor.
Comecei amar-te (assim dizem os apaixonados). Ora, como se o amor tivesse princípio.
Deixei de amar-te (assim dizem os desapaixonados). Ora, como se o amor tivesse fim.
Eterna companheira de minha eternidade
Eterna companheira de minha eternidade
Orquídea de luz dourada e amanhecida
Benquerença esplendente de minha vida
Meu deleite e dona de minha saudade;
Eterna companheira de minha eternidade
Que das nuvens fora feita e também tecida
E de flores e de estrelas fora embelecida
Meu amor, minha doçura e felicidade.
Eterna companheira de minha eternidade
No teu rosto a beleza de maçãs rosadas
Já nos lábios a cor rubra de uvas pisadas
E no corpo curvas meigas e de mocidade.
Eterna companheira de minha eternidade...
Eu careço da bondade de tuas risadas.
Conhecer-se não é juntar opiniões alheias sobre si, mas, sim, indagar-se e responder-se honestamente.
Tu és uma criança que ciranda na minha alma
e, quando cansada, dorme nos meus sonhos.
Tu brincas com meus sonhos
e os coloca fora de ordem.
Depois, já acordada, corre para o meu coração
salta sobre ele
e o dispara.
Ela
O amor sofre de amor,
eu sofro dela.
O amor sofre de dor,
dor da espera.
Chaguei a amar o amor,
mas deixei de amá-lo por ela.
O amor no fogo não queima,
eu queimo de amores por ela.
O amor não tem rosto
como o rosto dela.
O amor e o vento se amaram
e eu amei o vento nos cabelos dela.
Dizem que o amor é tudo,
mas eu encontro tudo no olhar dela.
Dizem que deus é amor,
mas só encontro amor nos braços dela.
O amo não pode me dar
o que eu recebo dos lábios dela.
O amor permeia todo o universo,
eu me satisfaço do riso dela.
No juízo final, dirão: Nós vivemos por Cristo!
No juízo final, direi: Eu vivi por ela.
Não me negues o teu riso
Não me negues o teu riso,
não, não me negues...
Não me negues esse pão
que mantém minh’ alma alimentada;
Não me negues esse mar de luz augusta,
de ondas bordadas das mais cintilantes meiguices.
Não careço de teus abraços, flor,
careço de teus sorrisos.
Não me negues o teu riso,
porque eu poderia ter sido outro,
talvez, pior;
quiçá mui menos que este verme que já sou...
se no meu caminho
eu não houvesse me deparado com teu sorriso.