Coleção pessoal de David-Eliom
Infância
Na infância pouco importa o olhar,
Apenas olhamos sem nada enxergar.
Na infância eu não sabia olhar.
Meninos olham tudo sem nada ver,
Observam tudo sem nada observar.
Na infância pouco importa o sentir,
Apenas sentimos sem nada exprimir.
Na infância eu não sabia sentir.
Brincava de ser menino...
Quando tinha de chorar, preferia sorrir.
Na infância pouco importa rezar,
Apenas oramos sem nada expressar.
Na infância eu não sabia rezar.
Que importava se Deus e diabo são meninos,
Que discutem por impar e par.
Na infância pouco importa o amar,
Apenas amamos sem nos preocupar.
Na infância eu não sabia amar.
Mas não discutia por impar e par,
Se na infância é feio brigar...
Deus e diabo deveriam se amar.
Dançastes flor no mover do vento,
Uma canção que não se ouve, sente.
Perdestes pétalas ao mover-te.
E inclinando-se nos invisíveis braços quebrastes, morrestes.
De mãos dadas levada fostes,
Pela suave morte que arrebata o belo.
Que na inveja da dança das flores,
Leva a única vermelha no campo amarelo.
Sorriso do Sol
Enfeitiça-me, leva-me contigo.
Lança-me ao infinito verde que me faz ver.
Encanta-me e diga-me: Tu és meu prisioneiro.
Encarcera-me na masmorra que te mantém em vida.
Visita-me, aguardo-te sem fechar as janelas d’ alma.
Abraça-me aqui chegando, toda visita ao coração é curta!
Depois prenda-me novamente em vossos rosados lábios.
Quando fores, gritar-te-ei feito louco, como fizera um louco às margens do Ipiranga.
Aguardar-te-ei o retorno independente de morte.
Contemplando em minhas memórias teu sorriso lindo.
A décima nona aponta-me o momento de ver-te novamente.
Existirei um dia mais! Eu Sou a sombra tu és minha Luz.
Brilhe incandescente traga-me a vida.
Deixe-me sentir teu perfume de Saron.
Véu natural, permita-me tocar-te os fios de ouro.
Inclino-me de rosto nas flores que encobrem teus pés.
Pedindo-te que me envolva em tua beleza.
Criação dos deuses, onde está vossa imperfeição?
Escondestes no abismo inacessível?
Ou jogastes para fora de si criando-me?
É chegada a vigésima segunda hora, tu tens que ir!
Voltar-me-ei à costumeira inexistência.
Não gritarei como outrora as margens plácidas.
O herói sábio também silencia...
Mas não se deita eternamente em berço esplendido.
Amanhã espero-te sorriso do sol,
Enquanto isso orbito em torno de ti.
O SONHO
Em meus sonhos
Aparece-me um ser de asas longas,
De veste alva jeito de anjo
Cantarolando dialeto estranho
Onde só reconheço a palavra amar.
E nesses sonhos
Sorri pra mim,
Sorriso estranho só de quem ama
Provocando-me talvez, sei lá.
Continuando a sonhar
Aproximou-se angelical
E abraçou-me abraço estranho
Como se amasse me abraçar.
Sonho sonhado
Acordo agora
Mente confusa a imaginar,
Falou-me o anjo falar estranho.
Só entendi amar-amar.
Quem sou eu
Eu sou o que sou.
Sou a conta matemática mais complexa, pois não existem resultados definidos, aplicáveis ou publicáveis.
Sou a lenda que se conta mil vezes de formas diferentes.
Sou o dialogo de um minuto que ecoa eternamente.
Sou a citação do poeta: “Um contentamento descontente”.
Sou uma experiência aplicável em mim mesmo.
Sou o átomo mais complexo do universo.
Sou o único poema sem versos.
Sou a inspiração do Grande arquiteto
Sou ação e reação.
Sou poeira de estrela.
Faísca da criação.
Caroline
Carrega corpo de mulher,
Vosso rosto de menina.
Quem esculpiu Caroline,
Com tamanha primazia.
Caroline no andar levita,
Ou imagino eu que seja assim.
Mas contemplando Caroline,
Não enxergo, vejo um Querubim.
Caroline estica os lábios,
Observo... Talvez vá sorrir.
Caroline rompe os lábios.
Deus encosta do lado
Curioso também para assistir.
Do riso iluminado,
O olhar de Caroline brilhou.
Deus se retira do lado,
Com o riso que sua presença abafou.
As curvas de Caroline,
É obra prima do tempo.
Dos pés que levitam aos cachos,
Que dançam no encontro com o vento.
Apenas lhe vejo por fora,
Imagino somente por dentro.
Perco-me dentro de ti.
Caroline é vastidão.
Pequeno sinto-me aqui,
Caroline é grande estrela...
Eu um pequeno grão.
Mista menina mulher,
Caroline o anjo sem asas.
Descera do trono dos deuses,
E feito semente bem rara...
Fora na terra plantada.
Crescera divina entre homens,
O ser invisível encarnou.
Deram-lhe o nome Caroline,
Mas no céu lhe chamam de amor.
Como encerrar o poema,
Sem limitar o sublime.
Sem rebaixar o poeta,
Para que não desanime.
Encerro como no começo,
Citando o nome CAROLINE...
Minh’ Alma
Minh ’alma não lembra,
Da família que no céu deixara.
Dos amigos que de lá esquecera,
Do que não me lembro, mas que tanto amara.
Minh ‘alma se lembra,
Da família que da terra tenho.
Dos amigos que não me respeitam,
Do que lembro, mas que tanto odeio.
Minh ‘alma não se lembra,
Do carinho dos homens de luz.
Que no céu me contavam histórias,
A família que meu coração conduz.
Minh ‘alma se lembra,
Do maltrato da família terra.
Do silêncio que nunca se encerra,
Mas compreendo, todo mundo erra.
Saudade
Saudade é força dolorida,
Destino de quem sabe amar.
Dor que não mostra ferida
Dor que grita, sem ecoar.
Retira da alma um gemido,
Que poucos conseguem escutar.
Retira do corpo um suspiro,
Que poucos conseguem notar.
Traz no riso um canto dolorido,
Que o rosto não sabe disfarçar.
Põe em conflito mente e espírito,
E os olhos começam a chorar.
Esmeraldas Inefáveis
Indizível, encantador, inebriante, inexplicável.
Eis que vossos olhos são esmeraldas inefáveis.
Pequenas íris grandiosas, incomensuráveis.
Que entrelaçam-me violentamente tranquilos e suavizados.
Aurora cálida esverdeada...
Pequena parte de tudo excelente, precioso.
Marcante magnetizado, insentido e indecifrável.
Sinto-me acorrentado nesse mirante descortinado.
Que encaram-me com timidez ousada, suavidade tumultuada, uma delicadeza indelicada.
Mescla amarela e azul desnudo misturado.
Magico, magnifico, poético, pitoresco, sedutor, avido e colossal.