Coleção pessoal de Danillospindola
Vírgula, Começo depois da pausa que você não leu.
Não interrogue meus pretéritos.
Dois pontos já prenuncia uma nova história, seja em parágrafos ou versos livres.
Ser ponto sozinho no final, te deixa mais próxima da oração seguinte, com seus novos adjetivos e predicados, mas desta vez não será mais subordinada a mim.
O verbo que escolhemos é irregular e não se conjuga no presente.
Por hoje não exclamo nada, apenas lhe ofereço minhas sinceras reticências…
Como o mar, às vezes estamos calmo, às vezes revolto, às vezes sujo, às vezes limpo, mas nunca deixamos de ser mar.
cafés da manhã
A ressaca do acordar traz a sede de satisfação e de calor para quebrar o gelo solitário da manhã.
Seus instintos imediatistas a levam ao empoeirado boteco da esquina.
Copo barato, que na noite passada serviu de alguns goles, na tentativa de tirar o amargo do peito com o amargo da cerveja, mas a trava da garganta não se tira com álcool, apenas se disfarça por alguns instantes, peito pede sangue, boca pede saliva e o corpo pede outro corpo... esquece, hoje é o dia seguinte, outro propósito, outra história.
Enquanto a boca mastiga um pão seco com manteiga, quase um tira gosto, o café lhe sacia de calor e ânimo suplicado por cada célula.
Naqueles poucos segundos entre um gole e outro, sua mente pede mais, a vontade grita, pensamentos balbuciam seus demônios, mas entre flashes de consciência eu estou por lá, aliás sempre estive.
Não lembra mais de mim? acho que mudei desde que nos conhecemos… ou foi você que me mudou? sei que em algum momento eu servi pravocê.
Amanhã talvez de novo… uma pergunta inquieta minha já embaçada mente. o que você me fez de mim?
Eu sou o copo quase vazio de café frio que você deixou em cima da mesa, esquecido até que alguém me lave por dentro e por fora, me renove, se eu não quebrar nas mãos descuidadas de qualquer um que me manipule posso servi outra boca, não escolho muito, mas só espero quero que venha com sede, pra que me seque e me sugue por completo, melhor do que largado pela metade ficando morno com o resto de mim que ninguém quer.
Nú de pensamentos, agasalhado só de pele e querer.
Deixando tuas palavras me tatearem da forma que vierem.
Sem nenhuma derme de pré idéias.
Meu intento é te entender em um cheiro,
degustar teu frio e teu medo,
escutar tua insegurança e teu amargo,
nú olhar admirar tua timidez e tua distração.
Não existe lógica por trás dos braços dos teu abraços,
só passagem de ida e desejo de abismo.
Percebo o teu "ser" e ignoro teus "porquês".
Minha ciência se baseia apenas no que não se pode descrever.
Eu te provo e tu saboreia,
que na prática do caos dos encontros,
apenas o sentir faz sentido.
Sonhos, riscos e carros
Olhos correm a velocidade
Banco de trás, passageiro passivo
Cidades cúmplices do desrumo
Morro atos, ladeiro consequências
Ficção da realidade de Morpheu
Vida do espelho de Narciso
Sinto des segurança
Solto, amarras do destino
Pedais pisam harmonias anárquicas
Impotência ao caos
Espectador do silêncio
O nada de sempre
A muda da estação
Lixão de belezas naturais
O big bang se reorganiza
A desordem faz sentido
Tudo tem pra quê
O porquê Deus não visualizou ainda
Me mataram hoje
Eu sorri
Perdi o que não tinha
Estranhamente o nada faz falta
Sorri de novo
Parece que eu queria o que não gostava
Não gostar diminui a incerteza
Define alguma coisa
Coisa...
Eu consumia paredes para me referenciar
Livre, eu não sabia ser
Só sabia covardia
Tinha medo de morrer
Mas morri
Essas palavras são póstumas
Na morte desanuviamos
Nuvens são nadas que parecem alguma coisa
Mas esse nada consegue molhar e apagar teu giz legado
Na morte teus pecados não contam mais
Açoites e culpas são despejados
O mandado de desintegração de posse se cumpri
A carne se desfaz
Eram só átomos invisíveis ligado por ideias
Ideias de viver retroalimentadas por Wal Disney e seus amigos multicoloridos
Viver é morrer as poucos
E de pouco eu já tô vazio
Vivendo, você somente consegue estar
Morto você é
E se é pra ser, que seja
Viver é o dogma de quem quer ser alguém
Escute um conselho de quem já é ninguém
Morra todo dia
Palavra de defunto
Anistia aos detalhes
Que toda pressa seja condenada
por negligência e falso testemunho
Que sejam condenados pela lei do uso e desuso
ao cárcere anestesiante do sentir
os que julgaram e utilizaram
do que eles chamam de medida “preventiva"
para disfarçar o medo de se fazer cumprir
o mandado que todo sem juiz(o) busca
Os que apressados proferiram injúrias
e emitiram pareceres
pelo que a contento lhe parecia ser
Os que se colocaram como preposto
diante dos autos da sua própria felicidade
e negaram qualquer apelação da outra parte
que não sabia pra quê servia tanto “decoro”
Só sabia que não podia habrir seu corpus
e entregar todos seus órgãos
que foram cúmplices do coração
pois tudo poderia e foi usado contra eles
Julgados e condenados a revelia
por aliciar a boca a cometer
o crime de ser boca.
Que o lento tempo na solitária faça entender
que presos estão os que condenam
por olharem rapidamente e não perceberem
a liberdade dos pequenos nadas de cada um
e que no caso dereincidência
se adote uma ação cautelar
para que não fique apenas em última instância
Cada cor, cada hora, cada cheiro…cada cuidado.