Coleção pessoal de daniel-Jack-Silveira
A lógica é: tenha medo de moto até teu último dia em uma moto. Aí, então, não será sobre uma moto o teu último dia.
Verwirrung
Quando a névoa adversa conduz ao avesso, afronta a lógica a mais louca das intenções
Queima a tênue linha que margeia a razão
Consome o sono o sonho ainda não sonhado
Paradoxos reais.
Desejos furtivos.
Saibam que o teu encanto abrilhanta a todo canto,
mesmo que distante da tua presença.
Esmero de criação jamais pensada
És tu, no ápice da plenitude de ser tu.
inatingir, na proximidade de um toque: a espera por novamente
ser aquilo que nunca se foi.
Combalida persistência que se deleita
à rasa sombra do tanto que sequer se imagina.
Tivesse tu a mais vaga noção do espaço logrado,
por certo que o ocuparia ...
desprovida do véu da inação,
liberta da mais tenra sombra da incerteza
Na cadência da chuva que persiste, me pego a pensar no brilho desses olhos que denunciam a alegria da menina que insiste em parecer mulher.
Ansiando mirá-los com os meus, sigo em deleitável espera por ter, em mim, o calor do teu corpo
Amar e amar. E amar sempre, ao menos enquanto persistir o amor.
Amar ... independentemente de quem se ama; ou da existência de reflexo de amor.
Amar o utópico, o sonhado, o idealizado...
Amar sem juramentos, indiferente a julgamentos .. Amar por si, enfim ...
Amar o distante, por mais próximo que possa estar.
Lachrima
E o que dizer da lágrima de quem nunca chora
Que não aprecia chorar
Que chora todo dia ?
Antes de agonia,
Ato de se culpar ...
E o que dizer do choro
Que se auto traduz
Que muito mais ensina
Do que apenas chorar ?
Aster Mori
“Use luvas”, dizia ela ...
Mal sabia ela o quanto de mim
Ainda aprenderia com o espírito dela.
Não esperava ela, na doçura dela,
Ensinar que o ar não precisa sufocar,
Que a efêmera chama pode ser estrela,
Tal qual a tormenta que virou mar.
Umbelífera
Todo naufrágio é desesperador até o momento em que propiciam as correntes que venhamos a explorar novos mundos. A nau tem vida curta; as riquezas que podem ser encontradas são perenes.
Questão de ótica.
É em águas rasas e calmas que o mar nos oferece o que tem de melhor.
mais uma noite que avança induzindo a frágil razão
no irreversível caminho da admissão da derrota ...
devaneios jamais desejados e permanentemente presentes.
Skåne
cabelos que contornam o dorso e que em nada contribuem para mitigar a dúvida acerca do real e do imaginário; do desejado e do atingido ... da fantasia e do vivenciado.
Enquanto perene o desalinho, me dedico a contemplar o contorno dos teus cabelos
pozza
com receito de me tornar mais um incauto de mim mesmo, resigno-me ao sepulcral silêncio daqueles que não mais creem no não poder das minhas falas
Wundt
A mim, seja um terço do melhor sonho
e já serás, ao menos, o triplo do máximo
que já me foi oferecido
O antes imprevisível se mostra meramente óbvio diante de ti.
O verdadeiramente inesperado rompe a inércia, dilui convicções, afaga o desejo
E como descrer do teu cheiro que cheira no mais profundo
cerne de cada elemento que meu olfato alcança?
Sucedendo o ir e vir de devaneios outros, ao cabo, novamente
se materializa em pensamento a inspiração de outrora
incessantes os urros versados no silêncio que marca tua ausência
eis que o cálido toque dos teus lábios já não é mais que algo que
um dia poderia ter se tornado silêncio
Acolhedor da perda, silente diante dos ébrios e enfermos desacertos.
Certo, por ora, de que a outrora presente carência de convicções ditou o afastamento .... ou o reconhecimento da constante distância.
Nada mais fui que o Dédalo em meu próprio labirinto de desencontros.
Sábio passado que até mesmo nos erros se mostra agora acertado. Eis que não nas conquistas, mas nas derrotas, norteia a busca por aquilo que ora se almeja.