Coleção pessoal de Danosa

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A ÚLTIMA POESIA

Parecia que estávamos imaginando
não foi nada pré-meditado
mas era como se os nossos corpos percebessem que não mais nos veríamos
Naquela tarde de janeiro, éramos o próprio verão
Sim
O calor consumia nossos corpos e os pensamentos flamejavam
O mais lindo de tudo era os nossos olhos, que faziam transparecer a despedida
os toques estavam mais intensos, o beijo, o desejo em que fazia eu arranhar-te
Era indescritível
Estávamos tão sedentos que mal vimos o anoitecer
para nós, parecia que o tempo estivesse congelado
E foi realmente nesse dia, que nossos corpos escreveram a última poesia
Já não seríamos um...

Era uma flor,
em meio a um jardim de ervas daninhas,
todos a admiravam,
mas não entendiam...
como resistira em um meio tão árduo e ameaçador a sua fragilidade?
...
É que era tão esplêndida, que nem mesmo aquelas ervas
ousavam-lhe causar dano algum.

Ah, como é maravilhosa a lembrança,
O sorriso estampados nos lábios,
traduz a beleza de sermos um só.
Pensamentos voluptuosos,
que flamejam.
Ah, como é maravilhosa a lembrança,
a doçura,
o suor,
o calor do momento.

Desesperada,
Ela olha para todos os lados,
A fim de encontrar um escape,
Uma saída,
Uma solução confortável,
Ou ao menos,
Aceitável.
Parece que nada se encaixa,
É o que acha,
Pois não sabe que está nela,
A solução que tanto espera.

Madrugada,
Janela entreaberta,
A brisa vem
E esbarra em mim
Assim,
Olho para o lado,
Fujo,
Mas não adianta, ela insiste,
Sopra,
E se acaba em mim.

Céu nublado,
Os primeiros pingos de chuva
Já começam a cair,
O vento vem,
Atinge o meu rosto, e volta
Ele afronta,
Querendo mostrar que está ali,
Mas não adianta fingir
Sei que és mesmo um menino,
E não sabe amar,
Por isso, toca-me,
Toca-me levemente,
E volta.

Finda a noite,
Já ouço os primeiros rugidos da madrugada,
Coração acelerado,
Pensamentos sufocam,
Perversos, gritantes.