Coleção pessoal de DaiSophi
No chão e no teto, o silêncio
Com tantas palavras a se falar
No olhar forte, um lamento
Esperas...buscas...
Histórias demonstradas nas paredes
Estímulos inversos
Torturas em versos
Silêncio
No ar, pensamentos vãos
Espiadas noturnas
Fragilidade noturna
Silêncio
Químicas controversas
Esferas dispersas
E nada brusco
Silêncio
Contida escuridão
A base cravada num vento leve
Nem sussurros, nem delírios
Estímulos inversos
Torturas em versos
Silêncio
Meu Vôo
Você pode me trazer a calma
Pode pensar em começar agora
Você pode chamar por outra pessoa
E adquirir a tua calma também
Você pode me atrazar a tranquilidade
Sair, voltar e sair denovo
Você pode pensar em ficar
Sem atrazar a tua também
Estou aqui, voando enquanto te espero
Quando olho para baixo te chamo
Talvez você não olhe para as nuvens
Quero chegar perto e te dar a mão
Você pode procurar e pedir
Ou pode pensar, pensar...
Você pode voar em algum outro lugar
Ou pode sentir este vento também
Ode
Um côro no meio do choro
A alma pedindo resgate
Este "engate" não serve mais como soro
A velhice inaltece
Onde flores seguem traços
Vários compassos na porta da prece
Passos que seguem as horas
Colocam veludo nas pontas das lanças
Um olhar que dança na vida do agora.
Florece robusto
Te encontro sabendo, e vou
Te lembro queimando!
Mando os pensamentos
Não segue as portas
Não acorda as mortas, e vou
Milhões de passos ainda me faltam
Olhares cobertos ainda me assaltam
Seguem-se como reflexos naturais, e vou.
O pântano das almas é a fábrica imensa de um grande empresário, organização de artifício, tão longamente elaborada, que dir-se-ia o enpenho madrepórico de muitos séculos, dessorando em vez de contruir. É a obra maralizadora de um reinado longo, é o tranvasamento de um caráter, alagando a perder de vista a superfície moral de um império. O desmancho nauseabundo, esplanado, da tirania mole de um tirano de sebo
Poema à boca fechada
Não direi:
Que o silêncio me sufoca e amordaça.
Calado estou, calado ficarei,
Pois que a língua que falo é de outra raça.
Palavras consumidas se acumulam,
Se represam, cisterna de águas mortas,
Ácidas mágoas em limos transformadas,
Vaza de fundo em que há raízes tortas.
Não direi:
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que me não conhecem.
Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,
Nem só animais bóiam, mortos, medos,
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos.
Só direi,
Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quando me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo.
Guarda estes versos que escrevi chorando,
Como um alívio a minha saudade,
Como um dever do meu amor; e quando
Houver em ti um eco de saudade,
Beija estes versos que escrevi chorando.