Coleção pessoal de Curto

Encontrados 7 pensamentos na coleção de Curto


A felicidade está presente no quase
gáudio que resiste enquanto persiste a possibilidade da glória
A tristeza está ainda mais presente no quase
Mas perdura
A inglória lembrança do quase
Inquieta, persistente, simplória
Quase não é nada
Quase não é tudo
É quase!
Medíocre quase.

⁠Ouve-se do Ipiranga verdades flácidas
Contadas por profissionais de mentiras plácidas
O povo heroico de retumbante engano
Assiste cego sem perceber o dano
A liberdade cantada em discursos fúlgidos
Que Brilham na mente dos iludidos súditos
Conquistam os votos com braço forte
Impondo aos incautos, o próprio peito à morte
Terra adorada, Pátria amada
Onde suntuosos espelhos refletem grandeza
Abaixo do céu risonho, no solo, a tristeza
Bosques com vida e sonhos intensos
Sem mãe gentil viram órfãos propensos
Deitado eternamente a luz do céu profundo
grilhão fulgura sem ver o sol no novo mundo
Penhor da igualdade, juízo que não foge à luta
És tu, Brasil, olhar manejado, preto e pobre perde a disputa
Abastado com paz no futuro e onde se apaga o passado
Ergástulo exclusivo para quem já veio do ralo
Pátria amada, idolatrada, salve, salve
Nossos sonhos intensos, salve, salve
E o lábaro que ostenta estrelado
Flamula em meio ao adeus isolado
Vimos mais um filho teu que à terra desce
Terra adorada
Entre outros mil, és tu Brasil
Ó Pátria ingrata

⁠DANÇA DO TEMPO

Vivo o hoje sem medo.
Minhas agruras são outras.
O passado ressurge.
Transformando a insegurança em flagelo.
Tenebroso futuro.
Medo da dúvida.
Vivo o hoje,
Com fobia do amanhã.
Mas nem sempre.
Só quando repiso o passado.
Pretérito trevoso,
Assombroso.
Fantasma que desvaira.
Transforma o presente.
De repente, lúgubre!
Medo efémero
Com hora marcada
Vivo naquele passado.
Vivo nesse presente.
Agora sem medo.
E vivo.
Esperando a próxima grima.
Mas vivo!

⁠O remédio pode estar nas palavras
Escrever acalma
A raiva se dispersa em versos enrolados
Em uma prosa sem legenda
Tradução nada literal de conflitos íntimos
O sentimento ainda está lá, contido
Guardado, trancado
Ele existe, se omite
Volta sem avisar
O remédio está nas palavras
Escrevi, estou calmo.

⁠Na superfície da emoção.
Mora um sentimento estranho.
Que perturba o coração.
Que Impõe sigilo para razão.
Sem demora vem a lágrima,
Que escolta o olhar perdido.
Com a lamúria viro a página,
O desconsolo é repetido.
Inexplicável que aborrece.
Com procura imprecisa.
Sentimento que entristece.
Mistério que agoniza.
Inalcançável leveza.
Inabalável tristeza.

O passado é o desespero da alma
O futuro é o alento que acalma
Lembro do que fiz e penso no que farei
Sonhos
A lembrança é dura mas não dura já que o futuro cura
O que fui e fiz, pode ser muito menor do que o que serei e farei
Poder pode, mas sonhos, são só sonhos
E o presente? Esse que já foi futuro e logo será passado?
Curou, ou continua duro?
Não importa! Sonhos, são sonhos.
O passado é o desespero da alma
O futuro é o alento que acalma
E o presente? Esse, apenas vivo, agora.
Bom? Ruim? Aí, Depende pra onde eu olho
Pra trás, só comparação
Pra frente, sonho, só sonho.

A vida me leva, vou, e vou.
Triste, queria levar a vida
Mas vou, sem alterar o seu curso
A vida me leva, vou, mas já estou cansado
Lúcido, quero sair do escuro
A vida me leva, mas, já não sei se vou
Posse recusar a rotina assombrosa da vida?
Se sim, a vida não me leva, eu levo a vida
Se não, eu só vou, mas, sempre na esperança de um dia não ir
A vida continuará me levando, sem escolhas, apenas irei
E agora? Vou, ou escolho para onde ir?
A vida não me leva mais
Estranho, não sei para onde ir
Talvez só por isso que a vida me leva e eu vou
Ela sabe onde ir, é fácil. Vou sempre para o mesmo lugar.