Coleção pessoal de cristrindade

Encontrados 5 pensamentos na coleção de cristrindade

Fogo, o fogo...
O paraíso
Por isso
Precisa para isso
O contraponto do inferno

Por isso o paraíso
Imaginado como único
Decompõe-se em vários
E tudo o que foi dito
Reverbera as sombras
De outras ideias
Complexas
Corrompidas
Das maçãs desprezadas

Por isso e para que isso ocorra
O paraíso
Nunca o será

Para isso

O paraíso integrará outras formas
Como por exemplo
Um raio
E depois
Por isso
Tudo poderá ser destruído...
Postado por milton às 08:05

Zaz...
o vazio das coisas
mistura-se ao aparentemente cheio
e os veios da alma
confusos
espelham da janela um jardim
como se uma alegria justificada
por um momento especial
pudesse durar para sempre
Postado por milton às 04:41

esperança...
Não há matéria
Não há sopro
O que está aqui é o halo
A presença fluídica
A gota que me acaricia
O sentido da palavra de ontem
Os pés tocando o chão
A imagem dos teus olhos...

Não há presença real
Embora o que está aqui transcenda
Vá além do real
E se mescle com meu espírito
Que congraça a pele
O seio
O prelúdio da esperança...
Postado por milton às 13:04

Brasiiiiiiillllll
Todos os peixes e pássaros
Dançam iluminando meus olhos

As corujas da noite
Os abutres com asas ávidas
Os galinheiros produzindo em série
Fartam a mesa de estrangeiros
E os meus olhos iluminam um cotidiano do avesso

As misérias
As favelas
O menino encardido
As mãos pedintes
Turvam a minha visão com sangue

A mulher caótica
Noite à dentro
Desfia filhos quatro por quatro
O lixo publicado
O arroz com feijão sem prato
A casa sem esgoto
Diante destes meus olhos impudentes

A raiz antiga
Digerindo a mesma ambição
Do rico cada vez mais rico
E do pobre iludido
Cavando a terra que não lhe acolherá
Nem o redimirá do sofrimento
Com olhos da indiferença

A palavra vendida como remissão
O pouco caso
A víscera exposta no ensino
O sino
O sino sem destino
Das religiões enganadoras
Sem olhos que as condenem

O serviço mal remunerado
A educação enfastiada
A violência estimulada
No breu
De olhos indiferentes

Esses focos de encenação
Congressual
Judicial
Invertem o homem que quer pão
E só recebe pão
Pão/pão seco
Sem remédios para curar seus olhos em chagas

À vista das lavouras do entretenimento
Os privilégios enganam
O peão sente-se também dono
Nas novelas
E encolhido vê o filho morrer de tiro

Os ovos
As asas
As pessoas
São miragens sem sentido
Distribuídas ao arbítrio desses poucos
Que conseguem enxergar o mundo cor de rosa

Sem amanhã meus olhos estão fechados

Não respiro
Não amo
O veio foi coberto
O mistério é incompreendido:
Quem pode viver sem estar vivo?
Postado por milton às 08:32

Passagem
A fala voará/seus passos ir-se-ão/a vela ficará sem folhas./O medo cantará/a mala voará/para que o tudo/fique como está./Seus passos voarão/seu pranto ficará/incólume no ar./O ar respirará/o ventre ficará/ditando o seu lugar/ ao sol./Tão próximo daqui/as asas morrerão/e tudo o que existiu/voou em vão...
Postado por milton trindade às 04:18