Coleção pessoal de clayton_souza
O tempo de nossa existência
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Se saio de minha presença
O que haveria de encontrar?
A essência de nossa existência,
Talvez o mais profundo pesar?
Em minha ausência o que há?
Estou certo, o mundo sabe bem
A minha presença, tal qual a existência
De tal forma irrelevante
Não faz o mundo parar de girar
Pensando sempre, e muito
Percebo a continuidade do mundo
Sabendo que nada haveria de mudar.
Irrelevante presença...
O mal do muito refletir
É que percebe-se, cedo ou tarde
Sua imagem, sua lembrança
Se apaga da retina e da memória
Daqueles que outrora
Se dedicavam à sua memória guardar.
Clayton d’Souza
Seus anjos 04/05/2020 ano da quarentena
A verdade que se desfez outrora
Nua, sem pudor
Alinhada com sua dor
Esfarela sua alma
Em rima quente ou fria
Canto a ti, para ti
Seu espírito quebrado
Tal como os anjos abatidos
Mas com um sopro de esperança
Da existência, resistência
Força tua vontade cravando os pés no asfalto
Se inspire nós anjos,
Não nos anjos mortos,
Se espelhe naquele alado,
Que não ouvindo os outros
Bate suas asas
E voa alto.
Clayton d’Souza.
Árido
Quid pro quo lhe diria
Se ainda houvesse brilho
Em seus noturnos outrora castanhos
Brilhantes e profundos
Há poesia onde eu quiser
Em minhas mágoas que afogam o vizinho
Nas dores que sinto sozinho
Poesia melancólica eu diria
Mas ainda sim poesia
Me demorei em sombras
E agora temo o Sol
Sinto-me fino, esguio
Construo um forte e nele moro
Jazo alí há muitos anos
Sou homem ou sou pedra?
E quando choro
Rego a terra sedenta
Que sem sementes não brota flor.
O vento
Pare um pouco e se cale
Lhe direi algo que me vale
A brisa
O vento
Sabem cantar
Cantam para mim
E não por exceção
O faram por ti.
Velha poesia em novos poemas
Passamos o tempo curvados
Um olhar fechado
Nossos caminhos despercebidos
Olhar focado
Pequenas telas são o mundo
Nelas estão todos
Eu vejo e sou visto
Estamos cheios de tudo
Conectados a todos
E vazios
Ansiosos, distantes do importante
Somos crianças em um mundo novo
Aprendendo um novo caminhar
E de fato, nossos joelhos estão meio ralados.
Se nesse novo mundo existem dores
Vez ou outra ha amores
Amizades distantes, tão perto no tocar da tela
O mundo vasto e menor que uma janela ou uma gaiola
Um incompreensível novo mundo
Emaranhado de hiperlinks, hipertextos, tags, cálculos binários
Tão atraente espaço inexplorado
Onde muitos amores morrem
Outros amores nascem.
Conselhos
Se faça de pedra sabendo que as pedras racham
Se faça de areia e perceba que o vento a leva
Se faça de água e evapore
Seja você então se deleite
Rache, seja levado, evapore
Esteja ar, sinta-se luz
Viva!
Nos manuais não esta claro
Que o sol não serve para sermos
Quem explicou que cheiro não tem cor?
Faça confusão
Mas se for para ser que seja o fundo do oceano
Escolha as flores imperfeitas e as colha
Não seja espinho nem dor
Para quê fazer sentido?
Quem vai saber se dor ou amor?
A cada hora seja um novo
Mas não esqueça dos seus velhos
Eo mais importante e que nunca se esqueça
Seja amor
29/07/2019
Kronia
O que se passa agora?
O que dobra é a hora
Cronos sorri sem demora
Um deus sádico que não chora
Sorrindo controla e lhe outorga as horas
O que passa agora?
O que dobrou foi a hora
Quem fica chora
O mundo não para
Por alguns dias a hora sera bucólica
Cronos sorri a toda hora
A hora dobrou
A quem você deixou?
Quem te deixou?
Já passou...
Já passou...
Feliz ou triste deixou o que deixou
Enfadonho
Já me perdi milhões de vezes
Sempre em em mim
Já já me esqueci mas não a ti
És sempre ti
Já encomendei uma corda
Desisti
Nem eu se do quê
Já não me empolgo mais
Não sinto brisas só vendavais
Já me perdi em ti
Esqueci de mim
Já me perdi milhões de vezes
Me procurei até cansar
Já me repeti enfadonhamente
E acabei a lhe irritar
Já não me encontro mais
Desisti de procurar
sistere
Sou todo inverno
As horas passam
Sou primavera
As horas passam
Sou verão
As horas passam
Sou outono
Os dias passam
Não quero ser mais ser estação.
Na ponta da língua
Parte da minha poesia,
se perdeu pela falta de sintonia,
entre caneta, papel, mão
e o que passa pelo coração.
01/07/2019
Clayton d'Souza
Não há nascido por engano
Mas estes fadados aos cuidados humanos
Que o bom Deus permite o sofrimento
Até a um simples bichano
Em punição ao bicho homem
É merecido um minuto
Um tempo dedicado
Aos bichinhos que sem terem culpa... Também nos redimem do pecado
Gotas que caem
Uma chuva que cai
gotas deslizam pelas folhas verdes
brincam rumo ao chão
uma após outra molha a terra.
Um vento que sopra
faz dançar os galhos
as gotas teimosas, temerosas, escorregam e se empoçam.
Mas eu, daqui da minha janela,
fitava apenas uma gota
que sem demora
brincou na folha e foi-se embora.
Visão do mundo
Não importa quem eu sou
(quem eu realmente sou)
Tua presunção lhe permite
a mim definir
Por fim serei o que pensar de mim
07/06/2019
Do desespero à Vitória.
Desperdiço folhas que não sabiam do poeta
Quebro-me em partes que a vida e o tempo não hão de juntar
Desfaço-me em todos os pedaços
Dedico fôlego e existência a escrever
No papel em branco me refaço
18/06/2019
terra e céu
o firmamento que outrora guiava e previa
e que em nossos dias
jaz sobre as luzes
ofuscado
por muitos esquecidos
existe o céu
com todas as respostas
digno
aguarda o seu olhar
16/06/2019
Meu labirinto
Não me atentei em minha ausência
Mal residente em plena essência
Profundo e enigmático
Na tormenta aflora, vai à forra
Se me há perdido
É provável que em mim também me perdi
E como máquina a escavar
Arrisco-me sem saber o que irei encontrar
Se me há perdido
Em mim me perdi
Estarei profundo
Entre canetas e papéis não eis de me encontrar