Coleção pessoal de clauperotti

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Entre os olhos úmidos e saudosos,
Os dedos meus palpam o céu que me veste de espera em busca dos teus azuis.
Embora o meu desejo seja tamanho não te alcanço pelas frestas das estrelas.
Onde foi parar esse amor que me norteava os passos?

Ah! O céu não pertence a ninguém e está mais além,
mas será que posso manter um pouco dele em mim?
Talvez deste modo volva aos meus pés a luz, a força, o encanto vez ou outra.

Será que os meus pensamentos se entrelaçam nessa imensidão aos seus?
Não sei dizer, só sei que o meu sentir ressoa por essa vastidão estrelada.
Toma a minha mão, vem agora!

E se eu disser que tudo não passou de um erro,
que o fogo ainda queima dentro do meu coração,
você surgirá ao fundo?

Essa expectativa sem vestígios me faz vivenciar a solidão que me acerca.
Nunca vi a lua brilhar tão forte em noite alguma,
talvez porque antes você estava aqui e meus olhos eram somente seus.

Agora, restou essa constelação que me inquieta!
É nesse instante, amor, que a emoção fulgura imensa, diminui a distância
e arrebata as horas que vão passando...

Ah!
alvorecer infindo
criador de sensações
perpetrou-me uma desejosa paixão
e nela perdi a minha razão
.
.
.

desfaço-me em afeto
adornada de cores
incandescente
fluida
ardente
.
.
.

Confesso, penso em ti!

Penso quando, delicadamente, a tua lua girante atinge o alto do céu imenso.
É um pensar noturno, sentido, quieto, profundo...

São pensamentos doces que inflamam no corpo
E deságuam nos olhos um mar gigante de saudade

Neste luarento instante
Vestem-me tuas lembranças
Preenchem-me teus segredos
Colorem-me tuas estrelas e mistérios

Uma
nostalgia
movediça
que abocanha-me excitante pouco-a-pouco
que roça-me íntima os pés rendidos
que rouba-me insana o sentido
que devora-me toda
sem piedade
sem cessar
sem pressa
.
.
.

E nesse adágio
infindo
tresloucado
tu,
longínquo e contíguo,
liquefazes-me de amor!

Nos dias certos, sinto-te intenso
nos errados, mais ainda
.
.
.

Há nos olhos
um cortejo constante
de desejos destinados

Há nos lábios
uma comoção lancinante
que veleja entre beijos infindos

Há nas digitais
uma ânsia vibrante
que pulsa nos corpos rendidos

Há na pele
labaredas que agigantam
uma vontade que atravessa o Atlântico

Há na alma
uma cumplicidade viciante
feitiços de um sentimento desmedido

Há nos dias, nas horas, nos instantes
pensamentos que buscam incessantes
um mesmo sentir
um mesmo porvir...

uma ventania chegou chegando,
arrebatando as cores dos limites dos meus traços...

cada bocado
atravessou o deserto das inquietações,
feito pétalas perfumosas...

e para os longes,
essas porções minhas esvoaçantes,
foram estendidas...

nessa revoada de impressões coloridas,
nesse sopro de confissões desmedidas,
a melhor parte do meu sentir,
aterrissou enfim
na palma de tua mão
.
.
.

Com certa afinação, deito os pensamentos langorosos nas águas longes do mar sem fim. De pálpebras cerradas, a vida entorpece o sal que espuma dos olhos, a nebulosa estranha bruma que sossega. E uma letargia profunda impregna, deita lenta e repousa o horizonte encarnado em mim ...

Os ruídos quietos de dentro ressonam-me algures os calados sentimentos. Acalmam candentes sensações. Adormecem vagas inconstantes. Ondeiam incontidas horas em silentes sonhos.

O corpo meu sonolento segue flutuando com um pouco mais de alma e se perde numa consolação sem volta, num rumo certo ou quase certo, nessa imensidão doce, azul, oceânica, sonífera...

Arde-me um crepúsculo de saudade
Desnudando-me os pensamentos...
E nessa vastidão de sensações
Soluçam-me os olhos a procura dos teus.

Fervem em mim todos os chamamentos
Atraí-me, puxa-me o sangue queimante das tuas ânsias
E a minha carne torna-se nau no teu mar labareda de sal

Pulsam em mim as tuas obscenas vastas águas
Que ainda tem força para me fazer indecente transbordar
E nas enxárcias minhas volvem a sinfonia dos corpos em chamas

Penetra-me a fúria rubra dos delírios teus
Alagando-me toda com a audácia incandescente das vagas tuas
derrocando as resistências, as altas gáveas,
diluindo com volúpia as tormentas minhas

Fogo, fogo, fogo...
Queimamos atlânticos nos espasmos quentes do sentir
Inflamamos a imensidão dos desejos molhados e escondidos
Estouramos as amarras garridas de nossas veias torturantes
Entregamo-nos aquiescentes e vulcânicos ao faminto naufrágio

Cansei de andar lado a lado.
Quero subir nos teus pés
Experimentar o teu caminhar,
O ritmo do teu corpo
E os teus movimentos.

Cansei de andar de mãos dadas.
Desejo vestir-te,
Fazer parte de ti
Como pele, célula e átomo.
Perceber as batidas do teu coração
Como se fossem minhas.

Cansei de olhar-te os olhos
Necessito ver através deles,
Ser tua íris.
Assistir e sentir
As cores do teu universo.

Há uma vontade
de conhecer-te cada milímetro!

AS CORES DA NOITE ...

Enrolo-me em tons violetas
Visto as cores da noite
Vagueio por entre as estrelas
E levemente flutuo como as borboletas
.
.
.
Deixo-me levar pelo vento
Ziguezagueando pra cá e pra lá
Rompo o silêncio
É minha alma que grita
.
.
.
Estou cheia de vida!
.
.
.
Busco o tempo perdido
Liberto-me da dor
Não existe mais solidão
Nem pecado
.
.
.
Purifiquei-me!

Há uma comunicação silenciosa entre os amigos...
Uma cumplicidade nas entrelinhas
Um silêncio que diz tudo
Um olhar que busca a alma
Uma voz que penetra as entranhas e faz a alma sorrir
Um abraço que traz aconchego e aquece o coração
São mãos que se tocam e dizem “estou aqui”
A distância perde o significado quando o telefone toca
As lágrimas tornam-se menos doloridas quando está por perto
Os dias ficam mais iluminados quando próximo
É assim que sinto você, meu amigo!

I

Ainda
guardo
os ecos
das tuas
confissões
e provo a vibração
dos teus tremores

II

Ainda
experimento
o toque
da tua língua
na pele minha
que arde na chama
da paixão e desejo

III

Ainda
estou
suspensa
nos delírios
loucos e insanos
das tuas carícias
ousadas e queridas

IV

Ainda
sinto
os traços
os rastros
as marcas molhadas
dos teus e os meus humores
em nossos corpos apaixonados e entregues

V

Ainda
Flutuam
as nossas
promessas de amor
na corrente dos sentires
destinando-nos a um orbe colorido

Existe uma imensa distância
entre os teus olhos e os meus
.
.
.
Vem de longe, do mais distante mar, um frio que gela as mãos. Dele emerge impossibilidades que trespassa os ossos e transcende tudo o que conheço. Teus tons chegam-me raros e não colorem todas as minhas células. Dentro, uma noite, um vazio, um vácuo sentido que ninguém preenche. E essa parte ondeada e monocromática chega a doer.
.
.
.
Faz-me falta
tuas pestanas nas minhas
.
.
.
Quero o raiar das tuas cores pintando os meus sonhos
e o pulsar do teu coração juntinho ao meu
.
.
.
Quero-te, amor,
nos dias e nas noites
.
.
.
teu oceano
inteiro!

Há um vazio de rosto longínquo
ressoando por dentro
íntimo
intranquilo
inconfesso
.
.
.

MAGIA

Evoco teu nome ao som das ondas e a voz do mar...
Dentro do azul profundo surge uma nau solitária vestindo o manto escuro da noite. Chega, ondeando os véus, as nuvens e clarões. Suas asas, benditas velas, imponentes e majestosas, calam as encostas, aproximam os mistérios e corações.

Oh! Caravela do desejo, destino meu, arranha-me a alma com tua grandeza. Sagra-me o corpo com teus humores, teus beijos e teu amor. Cerra-me os olhos
na tua alegria, no teu bem e na euforia. Veste-me com tua pele, tuas células, teu calor e fique assim, agora e sempre, totalmente debruçado em mim...

Enquanto o meu sentir abarca o mar e seu encantamento,
A dança das vagas me acalma profundamente,
Cala as angústias e os receios
Liberta-me do medo
Faz-me sossegar
.
.
.

Um universo sob meus pés!

Lá vem você
esbarrando na minha vida
nos meus sentimentos
.
.
.

Quem é o nosso próximo? Amamos verdadeiramente este próximo ou fazemos joguetes induzindo as ações do próximo sempre a nosso favor?