Coleção pessoal de ClaudioFrancisco
Estrada
Eu vejo um menino,seguindo pela estrada.
No ombro, ele leva o cabo da enxada.
Marcando a pele, sangrando a carne.
Mesmo assim, sigo a viagem,
Tentando entender a triste realidade.
Um menino sendo homem, antes da idade.
Cantam glorias da situação do Brasil e nos ombros das crianças, o cabo da enxada é um esmeril.
Que corta, fere, deixando aparecer, um triste passado no presente permanecer.
Eis que continuo a viagem e nela, ouço alguém clamando por piedade, sem nunca ter dito amém.
No mundo do vem a nós, eu quero apenas a nossa vontade.
Que a paz reine com justiça
e verdade.
Cenas
Eu gosto mesmo é de
abacate com açúcar.
Saborear tal gostosura,
é experimentar um pedaço de céu.
Me impressiono com as abelhas,
zapeando ao redor do mel.
Seriguela desce pela goela,
eu eu, pego da tigela, pro
suco fazer.
Mae grita da janela:
"-Descasca e moe, que eu
coou procê!"
Cenas do interior,
lugar calmo,cheio de
aconchego e calor.
Contra Nós
Chego até desconfiar,
aos poucos vou me
acostumar.
Com tão grande bem que me faz,
És fonte de paz!
Olhar fito, fixo, tenro de ternura
e paixão.
Manjar que sacia uma nação.
Ai de mim, ai de ti.
Quem será contra nós?
Cala-te boca, não quero um pio
de voz.
Equilíbrio
Molusco ocupo.
Profundidade extremidade.
Estou nos Sete M(ares).
De Norte a Sul
Insisto conquisto.
Qualquer território é meu.
Acredito no poder do Eu.
Sou espécie a pulsar,
no escuro a vagar.
Vira presa, quem se atrever,
aos meus encantos ceder.
Eu acredito no meu trabalho.Não sou egoísta, tão pouco orgulho("infelizmente"). Eu acredito no meu trabalho.Cada um, vende o peixe que tem.Cada um, sabe de si!
Eixo
Ar cênico.
Ar Cético.
Mar Vivo.
Mar Morto.
Osso Orto.
Nuvem Chão.
Visão contemplação.
Grafia Afia.
Assado Cortado.
Em pedaços se fez,
Em vida se refez.
Fênix, pronta para estrelar,
Nos primeiro raios da aurora.
Voa e vai encantar.
És pássaro, vida que
me ensina a recomeçar.
Ibope
Ligo o rádio e a TV,
Ganha ibope quem
me entreter.
Briga de audiência,
eu na solidão.
Murmúrios e gemidos
no frio da estação.
Comum
E no nada não vejo ninguém,
Só pegadas do que me convém.
Sentimentos de lugar nenhum,
Sou apenas um ser comum.
Vim ver se dá pra entender,
As razões e o porque.
Da vida girar na contramão,
E parar na próxima estação.
Bandas do Sertão
Não importa se é noite ou dia,
ela chega e me enche de alegria.
Um faniquito no meu coração,
É tal de Dona Paixão.
Apruma o corpo menino,
ta parecendo badalo de sino.
Eu gosto mesmo é de tambor,
pulsa que nem o amor.
Tiquim daqui, cadim de lá,
To com vontade de viajar.
Sumir la pras bandas do sertão,
Vai eu e o violão, eita trem bão!
Notas
Do Dó ao Ré, use a fé.
Do Ré ao Mi, nada pode te substituir.
Do Mi ao Fá, obrigado pela presença.
Do Fá ao Sol, te trouxe um Girassol.
Do Sol ao Lá, experimente amar.
Do Lá ao Si, vou dividir um pouco do que
eu aprendi.
Do Si ao Dó, voce não está só.
Nuvens de Algodão
Eu trouxe flores, de outra estação.
Viajo nas nuvens, de algodão.
Sou prisioneiro e refém,
De um mundo de ninguém.
Armas, eu não tenho não.
Abra, e veja o meu coração.
Bate mais que tambor,
Eu não sou robo.
Bom Dia!
Bom Dia, hora de acordar,
O café está servido, já vou levar.
Tem torradas e tem mel,
e o Sol firme no céu.
Tem beijinho e cajuzinho,
tá tudo arrumadinho.
Vem, vamos aproveitar, hoje é dia de amar.
Vem, vamos montar, uma cabana e brincar
Lua e Mar
Lua e Mar vão casar.
Lua cheia de paixão,
Mar de agitado coração.
Lua tem suas fazes,
Mar tem que se adaptar.
Dançar no compasso e não
desafinar.
Lua é boemia,
Mar é prontidão, 24
horas à disposição.
Anexado
Arquivo anexado,
e-mail enviado.
Destinatário espera carente,
eu sabendo,fiz questão de borrifar,
energias positivas, antes de enviar.
Já não envio cartas, tenho um tal
de computador.
Hoje em dia, ele ameniza a dor,
de quem suspira com saudades,
do seu amor.
O perfume que dava o toque final,
após os balbucios e sorrisos,
já não é mais igual.
Em tempos de nudes,
o romantismo está em escassez.
Novo e-mail!
O que será dessa vez!?
Carro de Boi
No quadro, um retrato do se foi.
Vejo crianças e um carro de boi.
Creio que muito ele rodou, gente
e histórias por ele passou.
Até contos de Alibaba, e de pessoas
que conheceram o mar.
Ah interior, cheio de miscelâneas,
imunes ao que se vê.
Anciões e sábios,
sem saber ler e escrever.
Prece
Chegou sorrateiramente,
e lançou a semente.
Sem saber se iria colher,
os frutos que plantou.
Tratou logo de cantar,
uma canção de vida.
Peço sua bênção e proteção,
faça chover na plantação.
Dê esperança ao meu sertão,
cuide desta nação.
Andaluz
Teus olhos , junção de eclipse lunar,
Com fragmentos estelar.
Luz incandescente, de brilho reluzente
a me incendiar.
Eu, solitário, solidário com resquícios
de uma ilusão.
Sobrevivo contemplando-te diante
da imensidão.
Balsamo raro, cura eu, cura voce
Livrando-nos de nos perder.
Vida e cruz, caminho de luz.
Reluz andaluz!