Coleção pessoal de ClaudiaCicci
Uma árvore em flor fica despida no outono. A beleza transforma-se em feiura, a juventude em velhice e o erro em virtude. Nada fica sempre igual e nada existe realmente. Portanto, as aparências e o vazio existem simultaneamente.
Sem a cultura, e a liberdade relativa que ela pressupõe, a sociedade, por mais perfeita que seja, não passa de uma selva. É por isso que toda a criação autêntica é um dom para o futuro.
E desde então, sou porque tu és
E desde então és
sou e somos...
E por amor
Serei... Serás... Seremos...
Quero apenas cinco coisas...
Primeiro é o amor sem fim
A segunda é ver o outono
A terceira é o grave inverno
Em quarto lugar o verão
A quinta coisa são teus olhos
Não quero dormir sem teus olhos.
Não quero ser... sem que me olhes.
Abro mão da primavera para que continues me olhando.
Ao Crepúsculo
Não...
Depois de te amar eu não posso amar mais ninguém.
De que me importa se as ruas estão cheias de homens esbanjando beleza e promessas ao alcance das mãos;
Se tu já não me queres, é funda e sem remédio a minha solidão.
Era tão fácil ser feliz quando estavas comigo.
Quantas vezes vezes sem motivo nenhum, ouvi teu riso, rindo feliz, como um guizo em tua boca.
E a todo momento, mesmo sem te beijar, eu estava te beijando...
Com as mãos, com os olhos, com o pensamento, numa ansiedade louca.
Nosso olhos, ah meu deus, os nossos olhos...
Eram os meus nos teus e os teus nos meus como olhos que dizem adeus.
Não era adeus no entanto, o que estava vivendo nos meus olhos e nos teus,
Era êxtase, ternura, infinito langor.
Era uma estranha, uma esquisita misturade ternura com ternura, em um mesmo olhar de amor.
Ainda ontem, cada instante uma nova espera,
Deslumbramento, alegria exuberante e sem limite.
E de repente... de repente eu me sinto como um velho muro.
Cheio de eras, embora a luz do sol num delírio palpite.
Não, depois de te amar assim,
Como um deus, como um louco,
nada me bastará e se tudo tão pouco,
Eu deveria morrer.
Te amo sem saber como, nem quando, nem onde, te amo diretamente sem problemas nem orgulho: assim te amo porque não sei amar de outra maneira.
Antes de amar-te, amor, nada era meu
Vacilei pelas ruas e as coisas:
Nada contava nem tinha nome:
O mundo era do ar que esperava.
E conheci salões cinzentos,
Túneis habitados pela lua,
Hangares cruéis que se despediam,
Perguntas que insistiam na areia.
Tudo estava vazio, morto e mudo,
Caído, abandonado e decaído,
Tudo era inalienavelmente alheio,
Tudo era dos outros e de ninguém,
Até que tua beleza e tua pobreza
De dádivas encheram o outono.
Se sou amado,
quanto mais amado
mais correspondo ao amor.
Se sou esquecido,
devo esquecer também,
Pois amor é feito espelho:
tem que ter reflexo.
Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?