Coleção pessoal de Clarinhamel
vamos fazer valer a capacidade racional que nos diferencia dos outros animais.
- Caramba, que frase legal, posso colocar no meu orkut? De quem é?
- Ah, claro. É Maquiavel, de O Príncipe, você deve ter lido no ensino médio.
- Hum… Não li, não.
- Nossa! Mas já ouviu falar, certo?
- Ah, talvez. Bem, certa vez a professora passou uma pesquisa sobre esse autor aí, ah… sei lá, acho que era ele, não lembro direito. Estava sem tempo pra pesquisar, acabei jogando no google. Sabe como é, né?!
- Sei. Você devia estar ocupado com coisas mais importantes, suponho.
- Na verdade, não. Nunca gostei de ler, sabe? Acho perda de tempo, livros muito volumosos, histórias longas demais, acabo ficando sem paciência.
- É uma pena ouvir alguém dizer isso. Sinceramente.
- Ah, besteira, não pense que sou burro. Acho super legal essas frases de impacto. Como é o nome daquele autor que parece um espirro?
- Que parece um espirro?!?
- Sim… aquele – Niétize, Niétix. Como fala, hein?
- Ah, você tá falando de Nietzsche. Friedrich Nietzsche. Pronuncia-se Níti.
- Isso, garoto. As frases dele são geniais. Nunca li nada sobre ele, mas vez em quando vejo umas citações fodásticas dele por aí. Me amarro!
Bem... não sei se as pessoas é que são ingênuas demais, por não pensarem
no seu “desenvolvimento mental”, ou se elas não receberam, desde pequenas, os estímulos e incentivos necessários para desenvolver tal hábito.
Espero que o prazer de ler um bom livro nunca seja substituído pelas novidades tecnológicas, e que aqueles que ainda não tenham desenvolvido o hábito da leitura consigam, algum dia, despertar para a importância dela. É isso, vamos fazer valer a capacidade racional que nos diferencia dos outros animais.
Quando o ser humano se julga superior a todas as criaturas e se considera um deus acima de tudo e de todos, espalhando a sua arrogância e prepotência por entre os seus semelhantes e destruindo as belezas deste mundo por ganância e prazer doentio, com certeza! É toda a demonstração da sua estupidez humana.
No fim de tudo isto, o que me irrita o juízo, é aquela certa genialidade que anda acompanhada de um certo grau de estupidez que eu ainda não consegui decifrar.
Quem pode dizer que nunca foi estúpido e como é difícil não cair na estupidez, num mundo cada vez mais estúpido?