Coleção pessoal de clarieroc
Há situações que parecem já esgotadas
Pego-me pensando em tudo que fiz
Entreguei-me por completo
Doei-me com vontade
O que fiz, faria novamente
Reflito no seu erro e no meu
Vejo-me refletindo se valeu a pena tanta exigência
Será que o que fiz era o que você queria?
Eu compliquei, foi difícil ver isto
Seria tudo muito simples
Se a ti eu não tivesse tomado posse
Há um segredo em mim: eu invejo você
Desabafei irritado, quebrei em exagero
Meu motivo era suficiente
Eu havia me doado por inteiro
E não via retorno a altura
Para me vingar, saí com outras pessoas
Contudo, só me frustrei
Você não estava nem aí!
Até hoje é difícil
Olhar para mim e ver que com você
sou outra pessoa e mais feliz
Desde quando nos afastamos
Espero você me procurar
Fico ansioso, o tempo passa,
a certeza vai acabando e dá espaço
à dúvida de nossa união
Gostaria de ter você sempre comigo
E não enlouquecer de ciúmes
Minha vida sem você é um caos
Vegeto a minha maneira
Pois você já é minha própria vida.
Ser perfeito é fácil
Assim vou te explicar:
Apontar o erro alheio e esquecer o próprio erro;
Ditar regras e esquecer de obedecer-lhas;
Dar conselhos e ignorar o ser amigo;
Conseguir criticar e não aceitá-las da mesma forma;
Matar em nome do poder e ainda dizer que é em nome da paz;
Invadir terras e sentir-se donos;
Abster-se dos comandos devidos e ludibriar os famintos com comida futura;
Pedir exemplos e ver-se cego de tropeços;
Enganar moçoilas e ainda dizer que é amado;
Palavrear condizentemente e desdizer no momento seguinte;
Essa perfeição é a do homem e não a do Divino.
Pois quem cobra tanto, arroga-se e engana tanto
Ou é perfeito ou então não é deste mundo!!!
Sinto-me estranha com estas roupas novas
Tanto tempo que não me vejo sorrindo
A carcaça, o resto de comida, parece um banquete
A lama me faz companhia
Não é a chuva que deixa sua marca
É o asfalto que está longe de chegar
A renda e o recorte de pano parecem combinar mais comigo
Amigos dizem que tudo passa, será?
Vejo minhas crianças crescerem sem suas pipas, bicicletas e tortas
Às vezes parece que tudo falta
Mas injusta eu seria se pensasse assim.
Tem gente que ainda muito jovem
deu demissão à própria consciência
E preferiu aposentá-la
sonegando o próprio imposto.
Até que ponto a ganância é boa?
E a inveja?
Vejo o sofrimento acontecer
Mas o que fazer diante de mãos amarradas?
Deixar ser pisado? Humilhado?
Os testes mais difíceis são os que estão comprometidos com a honestidade.
A tentação é grande!
Será que vale a pena crescer dessa forma?
A ganância e a inveja te cegam.
O presente que te dão, furtam.
O pão lhe falta, vem o choro, mas tem que ser engolido.
Chega a revolta, o sangue se aquece,
os olhos ficam perdidos
e o coração petrificado.
Deprimir-se ou lutar?
A luta é sem fim.
Que vontade que dá de compartilhar com a ganância,
Assim a vida é tão fácil.
Refutar-se-ia se tão logo visse
Como que um encanto
Algo de bom acontecesse
E recebesse um presente completo.
Parece-me por vezes impossível.
A estrada é longa
Ser honesto é virtude gloriosa
Em disparate com a ganância, a inveja.
E o que fazer? Ser apenas você.
Vê-se, melhorar-se.
Sentir-se vivo.
Construí uma casinha em minha mente
E nela eu te coloquei num pedestal
Mas você não era aquela
Que ali devia estar.
O amor tem dessas coisas
E não consigo explicar.
Mesmo sendo assim,
Em meu coração já se eternizou
O amor que nasceu em mim
Já se fixou.
Assumi que não mereces
Pela pessoa que és
Estar dentro de meu coração,
Mas quem manda na emoção?
O pedestal ainda está lá
Com você em seu lugar
Pode ir, pode voltar
Pode até desmanchar
Tudo de ruim e de bom que desenhei
Mas é você quem eu amo
E não encontro explicação.
Eu repito a meu ser
Que mereces coisa ruim,
Mas meu prêmio eu te daria
Se a mim você queria.
A decepção é inerente à espera do retorno daquilo que se deu. Dê-se sem espera de recompensa, assim evita a decepção.
O mundo é elitizado.
Posso pegar três punhado de areia
E assim estatistizar.
Como literatura ao tempo
O homem marca a história
Venera coisa errada
E adora o obscuro.
Há os capitalizadores, os modernizados e os amadoristas
O mundo cresce e não chega a se desenvolver
Logo apodrece;
Em sua ganância
Vai matando como deus
Que assim se ache com todo direito.
E os miseráveis em sua ambiguidade,
Os que não tem dinheiro,
E os que não tem caráter,
Vão registrando suas digitais
No dedal tecnológico da humanidade.
São explosões e terremotos
São maremotos e tsunamis
É o mundo chorando
A sua causa invadida.
O respeito próprio foi esquecido ou apagado
Ou quem sabe assassinado
Pelos quem domina com poder.
E se tenha uma esfera elíptica
Dividida em três partes;
Mas há quem sobreviva
Quem de justo tenha feito
Sua parte crescente
Com pincel transparente
Seu trabalho verdadeiro.
Há quem diga que o mundo não tem jeito
Não retoma mais seu rumo
Na sua marcha crescente
De um mundo elitizado,
Porém progressista.
Afasto-me, isolo-me por vezes de pessoas
Envolvo-me a bichos, a vegetal, ao vento
Na vontade de entender o que está acontecendo;
A dúvida me responde.
Requisito audiência com Deus,
Sou consciente do que fiz;
Quero apenas ter a certeza
Que um dia serei feliz.
Tela
Abre-se uma tela em minha frente
E minha visão fica muito clara:
Tudo tão perfeito e colorido
Sinto-me lisonjeada.
O céu, as montanhas, as nuvens
O lago, as aragens, você.
Um sentimento de insatisfação
Parece me acompanhar sem delongas
A sensação de incompletude
Vem me atormentando sem se dá conta.
A espera as vezes é cansativa;
E quando parece-me o mais exaustivo
Eu apago, entrego-me ao sono consolador como forma de fulga;
Chega novo momento e te procuro,
... ainda não é o momento!
Incansáveis repetições de fugas e momentos novos
registraram no documento divino, na ata de minha vida o aguardo de sua chegada.
Oh! bendita tela que se aproxima
Cada vez que aparece.
Sua cor, seu verde; sua água, sua limpidez; seu céu, transponível, perfeito.
Isso é esperança.
Pinto a tela que vejo
Eternizo aos meus olhos
Envernizo sua moldura
E a coloco a venda,
Mas logo me arrependo,
... não há valor!
O que parecia muito longe
Já não se traduz da mesma forma.
O meu aguardo é uma certeza,
A sua resposta é a luz.
Vejo-te além do horizonte montanhoso
E no escuro duma noite solitária,
Sinto-te de longe a tua saudade invadida pelo inexplicável de minha essência.
Vejo-te entre as lanças dos teus negros olhos
E sinto-te nas aragens frescas do crepúsculo.
Vejo-te nas lágrimas amparadas pelo teu grande barco
E sinto-te ao ponto de tocar minh'alma.
Estais mais perto, consigo perceber.
Posso tocá-lo daqui,
E de pronto completar-me-á.
Misturo-me à multidão na noite, na esperança de embaraçar meus sentimentos, porém é pura ilusão. Sem você a meu lado, tenho mais uma sensação: a solidão.
Mergulho-me em minhas poesias, em meus poemas, na intenção de afogar todas as mágoas e arrancar este amor que se faz algoz.
É só descrição, discrição.