Coleção pessoal de clararangel
(...) Tudo que começa, involuntariamente termina. Devemos guarda isso no melhor lugar das lembranças, embora doa. Guarde meus carinhos, que entre tantas coisas, foi o que fez nosso amor criar raiz.
Eu já me machuquei demais, essa ponte fria é só uma casca pra esconder minha fragilidade, esse perfume forte é só pra abafar a doçura que é meu coração. Eu sou uma manteiga derretida, qualquer coisa me toca ou me arde. Tenho sede por vida, mas sempre estou disposta a perdoar e amar novamente. E é isso que me atrasa, moço! Nunca consigo jogar as coisas fora… Nunca parto pro novo. Gosto das essências que me segue e que me agrada. Sou feita de cores, flores, borboletas e estrelas.
(…) Eu não sabia o que lhe dizer, pra falar a verdade não sabia nem o que estava sentindo. Era muito fácil o ver saindo e voltando na minha vida sem pedir licença. O difícil era aceitar e saber conviver com aquelas idas e vindas. Ele já sabia a hora certa de chegar, só não sabia a hora certa de ir embora. E era isso que mais me dava raiva, quando eu achava que ele então iria ficar pra sempre, eu acordava e não o via lá do outro lado da cama. Quando ele ia, até os assuntos narcisistas, me faziam falta. Até a forte habilidade dele, de assistir novela e achar graça dos diálogos sem muita importância, deixava-me um vazio extremo. Eu ficava peripécia de como as idas dele mexia tanto comigo. Porque eu ainda não tinha me acostumado com essas idas e vindas dele? Já era pra eu ter preenchido esse vazio - há muito tempo. Desde aquele verão em Londres, quando ele deixou uma xícara de café com um bilhete encima da cabeceira da cama, escrito: “Pode me esperar? Eu sei que sim.” E o que mas dá raiva, era que o motivo dele sumir tanto assim das minhas vistas, era por eu ter deixado a porta aberta na primeira vez que ele foi embora. E era esse o motivo que me fazia não debater em nada: a culpa foi minha e continua sendo. Até chegar o dia em que o café quente irar perder o gosto, ou não aja, mas as folhinhas-cor-de-rosa pra ele deixar um bilhete de despedida. Ou então chegue o verão e eu feche a porta e não o deixarei mas entrar.
Ela sabia bem lá no fundo, que aquele encontro poderia ser o ultimo. Ou, o recomeço de uma nova historia. A vida não tinha sido relevante com eles. Pra ser sincero, ela foi bem injusta e justa com o tempo. Mas existia uma especie de imã, que os atraia. Não existia orgulho ou traição maior que aquela atração física que se nomeava como amor. Era um momento só deles, feito pra eles e nada mais. Clarisse levantou cedo e suas ações eram passar horas em frente ao espelho ensaiando um discurso imenso pra dizer pro seu querido, Zé. Ela sabia que no fundo, palavras poderiam machucar.. e naquele momento, a unica coisa que tinha que ficar intacto era o amor, e assim deixar seu coração falar..
Clarisse encheu o pulmão de coragem, e falou:
— Não preciso de ninguém, Zé. [suspirou] Só de você!
Vez ou outra, eu lembro dele. Lembro do seu toque, dos seus beijos e abraços. Lembro das noites estreladas, das promessas e brigas. E conseqüentemente, me vem uma força bruta e arranca todos os vestígios de sorriso aqui dentro. Costumo chama-la de realidade, é ela que me faz pisar no chão e lembrar que tudo passou de um… Bem, é tudo passado mesmo! Vamos deixar incompleto né, Zé? Quem sabe ele volta e termina? (…)
Eu prometi te esperar o tempo que fosse preciso e nunca lhe apagar da memória, prometi também ter forças pra lutar pelo que fosse preciso. Tu me fizeste prometer isso, eu prometi. Tu prometeste voltar o mais rápido que pudesse, prometeu ligar ou até mandar cartas para mim dizer como estava indo teus dias. Tu não fizeste nada do que prometeu, tu simplesmente ignoraste todas as minhas ligações e cartas, mas eu não sou igual a você. Mesmo doendo muito de talvez tiver a certeza que tu me esqueceste, eu não vou esquecer que um dia tu me amaste, ou fingiu me amar. Ainda olho para as estrelas como no último dia que nos falamos, elas não brilham mas, viraram apenas pontos cintilantes no céu. Podem até brilhar, mas não há o mesmo significado que antes tinha. Olho-me no espelho e não me reconheço. Tu tiraste tudo de mim, até minha alma.