Coleção pessoal de Ciceroselenita
O chamado
Gélidas lufadas da meia noite,
que torturam minha façe desolada;
na floresta tenebrosa são açoites
que uivam elegias na madrugada.
no flagelo vou seguindo o chamado,
por entre troncos púmbleos e resequidos;
pelo morbo subconsciente vou guiado;
pelo liquido rubro embevecido.
Lurida nebula vem rasteijante,
me abraça,envolve e me afasta
da sã realidade e me esconde,
na loucura possesiva e nefasta.
Lucerna de senso,-vejo o famélico,
por almas enegrecidas de desventuras;
dissipa-se a névoa,sinto o anelo
da boca que me atrai e que ulula;
então aqui estar meu coveiro,
o castelo das sombras carpideiras;
o mal empedernido e carniçeiro;
as angústias plangentes derradeiras.
Por quê não me amas óh pensamento?
Por quê sempre correndo tão rapido?
Por quê olha-me com desdenho e lamentos?
Por quê pro futuro tu segues tão ávido?
Ontem,fitava-me, pois eu não era;
e hoje, que sou, desprezado vou;
querias que eu fosse aquela quimera?
É porque não me nota que ela não sou.
Que culpa eu tenho se não reconheçe,
que sou o melhor que a vida te deste?
Coeso contigo,real e perene!
Vai ingrato,deixe-me para tráz;
amanhã,ao olhar-me não serei mais,
o jovem,seguro e certo-presente.
Ausência
Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como uma nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.
Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!