Coleção pessoal de ChristianSergi74
Pra nunca morrer
E então quando eu me for, não tenha em sua mente, que surgiu em mim em algum momento, duvidas ou medos ou desespero, por não saber ao certo para onde eu estava indo.
Para a onde exatamente eu seria direcionado em que lugar seria minha última morada?
A mim, nunca importou de fato e por nem uma noite sequer, perdi o sono tentando sanar esta questão, embora a idéia de uma possível eternidade sempre me apavorou. A eternidade consciente.
A terrível ideia de que minha consciência e o perceber de mim mesmo, estariam, mesmo depois de sessado o sopro de vida em mim, vivos e conscientes em alguma eternidade, seria tortuoso.
Vejo a vida como um dom maravilhoso, apesar das dores da carne e da alma e agonias constantes sondando e vindo me dizer bom dia todos os dias; ainda por amor à vida, me esforço em continuar sentindo o calor do sol, o vento nos cabelos o cantar dos pássaros e tudo que me cerca e me diz que ainda estou vivo.
Mesmo assim nunca cultivei a esperança ou desejo do “ser eterno”, como algumas pessoas almejam. De modo que quando eu me for e tu olhares para meu tumulo, saiba que eu não estarei ali. E se olhares para o céu dos cristãos pense que lá também não estarei. E se procurares no inferno não me encontrarás. Pois nunca cri de fato na existência real desses mundos de conforto ou danação eternas.
Mas me acharás mesmo depois de minha morte, em minha obra. Por mais pequena e singela que ela se mostrar, eu estarei ali de alguma forma.
Onde estiver uma escrita, uma pintura um rabisco meu, ali sim estará minha imortalidade.
Amada minha, não te enganes. Não me ame pelo o que eu faço, mas pelo o que eu sou. Pois, o que eu faço, dada a fragilidade de minha condição humana, pode ocorrer de minhas forças se esgotarem e ser tirado a vida que corre por entre meus dedos; já o que eu sou, nem mesmo eu tenho poder para muda-lo permanecendo imutável ate o dia em que a morte estiver dobrando a esquina para me tocar com seus dedos gélidos; ficando para ti, na memória as obras de minhas mãos que te alegraram, e na alma aquele que te amou com todo o ser, que conseguiu ser.
Um dia, recebi a suave e doce visita da loucura. Dei-lhe a mão e fomos juntos por um caminho de flores que exalavam o odor do “descompromisso” com o relógio. Sentei-me e apenas pensei. Ao fim do dia quando ela foi embora, descobri que aquele fora um dos meus dias mais produtivos.
Jamais me peça para eu escolher entre você e minha arte, você perderá todas às vezes. Você torna meus dias mais cheios de amor e ternura, mas minha arte é o que mantém coesa, a linha da minha existência.
Tal como a minha sombra, a dor está diante de mim todos os dias. Principalmente na escuridão de meus pensamentos, na solidão de meus dias sem cor e na ausência de uma voz humana em torno de mim.
Eu e somente eu, tenho o direito sobre minha vida. O próprio Deus quem me deus a vida, também me deu a liberdade de escolha sobra à mesma. Eu descido se sou triste ou feliz, se vivo ou se morro.
Só fazemos promessas ruins a Deus. Em busca de algum favor, prometemos em troca da graça alcançada, o que é ruim e penoso para os nossos lombos; nunca prometemos que iremos beber um bom vinho ou cheirar o perfume de uma flor. Como se Deus se alimentasse de nosso flagelo.
Muito pior de passar por essa vida, sem ter tido o privilegio de ter um filho, é ter tido e um dia perde-lo para os braços da morte.
Minha companheira solidão
Dou um suspiro e uma fechada de olhos como quem espera a picada da agulha de uma injeção, sentindo em cada neurônio e certeza da dor; assim eu faço em todo entardecer quando as nuvens acima de mim são tingidas por cores de fogo, embora como em minhas veias em seus interiores reina um mundo de açoites frios e congelantes.
Ela sempre chega nessas horas, sempre contra minha vontade, com suas vestes cor de desesperança, munida com instrumentos de fazer tristeza e em seus olhos a verdade infalível da minha angústia. Solidão é o seu nome, embora ela seja especialista em me fazer companhia todas as noites. Também tenho o cigarro e a bebida que me acompanham, mas, é ela a solidão que realmente consegue entrar em mim sem bater e correr junto com meu sangue, apertar meu coração e por fim sair pelos meus olhos em forma de lagrimas, dor e tristeza.
Mas, o que posso fazer para impedir suas indesejáveis visitas? Sendo que mesmo rodeado de pessoas ela: a senhora solidão está sempre ao meu lado, debruçada sobre meu ombro.
Senhora mulher
Você que traz no ventre desde o imperador ditador cruel e homicida, o operário madrugador e simples, o empresário cego e doente por lucros e até mesmo o salvador dos homens.
Você mãe, irmã, avó, noiva, esposa e amante; daríamos – se nos fosse pedido- o próprio coração ao invés de uma mera costela para que fosses criada, por tamanha gratidão, devoção e amor por ti.
De ti nascemos e em ti morremos, porque vemos até mesmo na morte a figura de uma linda e frágil mulher, que com o toque de suas finas mãos, fecha nossos olhos o nos põe a dormir o sono sem fim, como mãe atenciosa que coloca com todo o cuidado e carinho o filho na cama depois que este, pegou no sono.
Você é quem governa o mundo. Assim, enquanto houver um coração feminino batendo vivo cheio de amor e singeleza, haverá esperança de vida para o mundo triste e perdido dos homens.