Coleção pessoal de Chometh

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Tudo é fútil

De nada e de pouco estou cheio,
Pois o salário do nascer é o morrer.
Do que vale tudo o que está no meio,
Se no fim assim o deixa de ser?

O instinto leva-nos de mal a pior.
Porquê o esforço durante a caça,
Se quem caça espera outro maior,
Que de seguida melhor o faça?

Sinto-me completamente incompleto,
O vazio enche toda esta minha falha,
Porquê a procura tonta pela agulha,
Se morremos com ela e com a palha?

Tudo é fútil, não vale nada,
E tudo o que há de ser,
Será cheio de um nada
Que nunca há de ter.

Estrangeiro

Sou nada e nunca serei algo,
Este pobre eu não me convence,
O interior é o meu palco,
O exterior não me pertence.

Eu recuso-me a ser o que sou,
Eu insisto em ser o que sonho,
Este caminho para onde vou,
É o lugar no qual não me ponho.

Sou uma triste peça perdida
Neste puzzle, no qual não pertenço,
Pelo instinto, perduro a vida,
Mas acabo-a pelo que penso.

O fim duma pobre criatura,
É o pecado que me perdura,
Esta minha insignificância,
A minha falta de importância.

Vivo, vivendo dos meus sentidos,
Mesmo sem fazer sentido deles,
Eles, fazem sentido do que sentem,
Mas não sentem o que faz sentido.

Tenho sentido a luta interna,
Que vai dentro dos que são próximos,
Dizem-se fonte de luz externa,
Mas no perigo são anónimos.

Sou nada e nunca serei algo,
Este pobre eu não me convence,
Sou nada e nunca serei algo,
Mas sei que a tudo o amor vence.

Vim Para Ser

Não me foi dada a escolha
De abandonar a imaginação,
Fui desenhado no ventre de minha mãe,
E foi-me atribuído um coração.

Agora condenado ao inevitável,
Sinto o peso do tempo na minha pele.
Será esta vida doce como o mel,
Ou uma desilusão lamentável?