Coleção pessoal de CezarRodrigues
Não olho para trás
Quase nunca
Não tenho medo
Não tenho sonhos
Não tenho
Tenho Eu
Tenho passado
Dele tenho feridas
Cicatrizes
Tenho que ser
Pois sendo eu sou
Olhar o que não é
E olhar o que não foi
Ser hoje o que se pode ser
Para ser enquanto se dá
O que é a perfeição?
Ela existe?
Perfeito?
Acho que sim
Mas em casa coisa
Pessoa
Ato
Um sorriso perfeito
Pois ele ilumina
Traz felicidade
Um gesto, na hora certa
Um carinho, um abraço
Um toque na mão
Uma pessoa perfeita?
Não
Mas uma pessoa que
Em toda sua imperfeição
Luta contra ela
Uma batalha perdida
O conceito de perfeição
Ultrapassa o eu, o você, o nós
Um imperfeito pode ter dias
Em que toda sua imperfeição
Aparece
Mas isso na piora a imperfeição
Aos que dele esperam a perfeição
Que a ninguém pertence
São duzentas
Trezentas
Quem está contando
Quem liga
São milhares
Dezenas de milhares
São palavras
São dias
São sonhos
Esquecidos?
Envergonhados?
Passas
Presente
Futuro?
Dias, horas e vida
Promessas
Segredos
Cada coisa em seu lugar
Cada lugar uma coisa
Uma coisa estranha
Uma calar
Um gritar
Um escuro
Acho que não ser tem sido
É
Será
Será?
Não ser é mais fácil
Mas não é
Não ser e negar-se
Mas ser é o que
Ser o que?
Ser eu
Ser tudo
Tudo que eu sou
Fui
Era
Ser ou não ser
Eis a questão
Eu já fui sozinho
Já voltei também
Quando estava lá
Sozinho ficava
Quando estou aqui
Sozinho fico
Sozinho
Som estranho
Parece um carinho
Meu cachorrinho
Meu amorzinho
Falar de mansinho
Um sol pequenininho
Mas voltando sozinho
Daquele lugar que nem sei onde fica
Achei que sozinho estava bom
E lá fiquei
Mesmo aqui
Mesmo acola
De lá não saio
Esqueci o caminho
Que tal ser sozinhos
Mas nunca solitários
Mas nunca só
Ser sozinhos juntos
Cada com sua solidão
Sentado lado a lado
E do nada
Você viu aquilo
Ela vai ela
Mostrando que a solidão junto
É uma vida compartilhada
Sem egoísmo
Sem ansiedade
Juntos
Sozinhos juntos
Justos e nunca sozinhos
Solitariamente apaixonado
Um pelo outro
São dois caminhos?
São duas pessoas?
É um caminho com duas pessoas?
É uma pessoa em dois?
São dois?
É um?
Perguntas inquietantes?
Para mim...
São dois caminhos
Com duas pessoas
Cada qual em seu
Que se entrecortam
Se entrelaçam
Se abraçam
Mesmo que o caminho se funda
Se divida
Se encontre
Os caminhos se acham
Se separam
Se cruzam
Se acham
Geração vai geração vem
Escreveu o poeta
Uns se dedicam ao tempo
Outros ao espaço
Outros as pessoas
Mas e aquele dia
Que so os olhos falam
As mão não respondem
As palavras não existem mais
A vida teima em ficar
Mesmo você não querendo
Quando seus medos aparecem
Suas lembranças são mais tristes que felizes
Seu coração é amargura
O que seus olhos buscaram
O que sua mão tocara
A vida é infinita
Mas não a nossa
Geração vai geração vem
E o que dizer de cada dia
De cada sim
De cada não
De cada passo
De cada toque
Pensar sobre ontem é inútil
E sobre amanhã?
Ele vira?
Geração vai geração vem
E aterra permanece para o sempre
Que nesses dias de temor
De frio
De solidão
De dor
De amores
Minha mente me refresque com os bons dias
Ah se o mundo todo me pudesse ouvir
Ouvir que aprendi de mim
Na busca de si mesmo
No ouvir de si mesmo
Conhecer a si
Saber os porquês de si
O si de si mesmo
Achar-se
E depois do longo caminho
Que sabe que não chegou
Calar se
e ver que fala de nada adianta
para saber de si mesmo
Era uma noite linda
Eu vi saturno e seus anéis
Vi Marte, vi Mercúrio
Uma vez quando criança
Me explicaram sobre constelações
La me mostraram Órion.
Mas tem uma estrela especial.
Essa estrela não tem comparação
Pela manhã eu a vejo nascer
Durante o dia fico olhando para ela
Ao se despedir da um espetáculo
Incansável de ver sua beleza
Todos os dias
Eternamente será bela
Ao amanhecer e ao entardecer
Os dias não irão tirar sua beleza
Em todo lugar o seu brilho há de me cativar
Esse sol que brilha leve no inverno
Quente no verão
Aquece e alegra
Simples assim
O sol não veio.
Amanheceu nublado.
Se tem ou não tem planos o tempo não liga.
Cadê aquela brisa, sabe daquelas que parece levar as nuvens embora.
Tocando em mim
Mas é assim
O tempo muda de vez em quando
A mim?
Sei lá, correr na chuva, esperar passar...
Importante é saber que até as tempestades fazem parte.
Aqui.
Sempre
Viver do passado
Um passado que insiste em não passar
Parece que só há alegria lá
Que triste
Enquanto seu passado
For mais importante
Que seu presente
Seu presente de nada serve
O presente é vivo
Nele você pode fazer
Cantar
Tocar
Dançar
O presente é único
Por isso é especial
Mas para alguns o presente
nada espera
Nada é que não lembrar o passado
Mas aqui estou
Presente
Feliz
Passado nem um
Que seja digno do presente que tenho
As pessoas não mudam.
Mudam sim!
Mas a mudança vem de novas coisas
Novos olhares
Nova forma de ver o mundo
Eu não mudo as pessoas
Mas posso tentar ensinar novas coisas
Novos focos
Novo olhar
Tendo novos pontos de vista
As pessoas podem mudar
Se não mudam
Mudo eu não fico
A mudar andarei
Só uma palavra
Ou duas
Uma mão
Um estou aqui
Qualquer coisa
Um pequeno alento
Uma leve brisa
Só uma palavra
Deu certo
Posso te ajudar
Só palavras
Letras juntas
Como as que já disse
Estou aqui
Mas nada
Mais nada
Dias vão
Em vão e assim se vai
Motivo, motor
Existe motivo
Pra viver
Para chorar
Qual motor que impulsiona
Qual a engrenagem
Qual fonte do movimento
Um dia após o outro
Uma manhã após a outra
Um cigarro no outro
Seus filhos
Meus filhos
Ser filho
Meus dias?
Que dias?
Que horas?
Motivo
Qual a engrenagem que movimenta?
Quem deu o início?
Onde foi?
É justa a pergunta?
Ela existe
A pergunta e o motivo dela?
Motivo, movimento do motor
Do monstro que habita em nós
Já disse o poeta “me dê motivos”
Se existe motivo
Me acho o motivo
As vezes me acho um motivo
Pura petulância
De ser
De deixar ser
E esse é o suficiente sobre todos os outros motivos
No princípio era Deus
Na boca das pessoas
Nos olhares
Nas palavras
Mas era mais nas palavras
Não nas deles
Mas na dos que me cercavam
Não era sua mão
Mas as dos que o dedo apontavam
Mas o princípio se estendeu
As palavras não mudaram
E ao invés de não escuta-las
Incorporei
Já não estavam fora
Sim dentro
Falando você é errado
É pequeno
Inconveniente
E aquela vozinha pequena foi sumindo
Aquela que dizia você está certo
Mas ela nunca me deixou
Nunca
Me diz: você não está errado
Mas aquela voz lá do princípio
Que me ensinaram ser do Deus
Ainda me apunhala
Me culpa
Me xinga
Aí eu sento
Fumo
Em silêncio brigo
E que bom que tenho tido paz
E a vozinha tem ficado forte
Não para brigar
Mas para pacificar
Não sou o lixo
Não
Sou só eu
Como sou
Quanto aos dedos
As vozes estão aqui
Reais, físicas imaginárias
Mas já não fazem mais estragos que fizeram
Estranho como ser
Ser comum
Ser o que se é
Sem ser o que se sabe
Sem ser o que se quer
Ser o que se tem
Ter o que se é
Ser que é possível
Um Ser sem guerra
Um Ser em paz
Ser sem culpa
Um Ser a ser tudo que se pode ser
Não tenho nada a te oferecer
A não ser eu
Eu que sou inquieto
Eu que sou quieto
Eu que busco e mexo
Mexo com a cabeça que insiste em ficar
Ficar naquele lugar
Estranho
Não tenho nada além do eu
O eu que gosto
O eu que está aqui
Procurando nos eus
Eus de todos e de ninguém
Algo que nos tire do eu
Eu que sei
Que falta muito
Sei o barulho que faz
O barulho que não faz
Só mais um Eu
Mas o eu meu só pode ser teu
Se o eu meu
Poder partilhar o seu eu
E ai fazer um nós
Você é um menino levado
A andar por ai com esse coração bobo
Resiste a ver a maldade
Resiste, em saber,
Em ver
Isso vai te machucar
Resiste a quem quer mostrar
Mas Sr. Tempo, sou assim.
Cresça.
Para que?
Por quê?
Qual finalidade?
Não da para conversar com você.
Não.
No fim não quero que você passe.
Não quero te perder.
Quero acreditar.
Quero sonhos
Quero ir devagar.
Quero minhas vinte quatro horas inteiras.
Com seus sessenta minutos.
Com seus sessenta segundos.
Quero só o que é meu
E acho que no fim você só quer me proteger.
Me olha querendo cuidar
O senhor vê como eu morro de amor
Para viver
Eu que no fundo sou uma eterna criança
Sem saber, sem ver, só indo...
Isso é bom
E quem pode dizer que não não é
Inspirado “em resposta ao tempo”
#sempre ❤
Ontem perdi um avo
Perdi um amigo
Perdi alguém que amava
Perdi um pedação de minha infância
Um pedaço de mim
Um pedaço de vida
Ontem perdi mais alguém
Um alguém dos sábados sozinhos
Um alguém das manhas de domingo
Um alguém
Um que sentava do meu lado e contava causos
Contava onde foi
Onde eu fui
Quem nós éramos
Onde perdi mais alguém
Rolando Boldrin
Meu amigo de infância
Um dos poucos que sempre foram
Obrigado
Toda vez que cantar um verso seu
Seu olhas vais estar comigo