Coleção pessoal de CesarKaabAbdul

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Não Deixem que as Folhas dos Livros se Apaguem

Vocês que chegarão depois, escutem: os livros não são apenas tinta e papel, são ventrículos de mundos que respiraram antes de vocês. Cada página guarda o suor de quem pensou, o tremor de quem duvidou, a coragem de quem imaginou o impossível. São mapas de sonhos e cicatrizes, e seu silêncio é um sussurro ancestral.

Não permitam que a pressa do futuro transforme essas folhas em pó. Cuidado com as telas que brilham, mas não aquecem; com as palavras que voam, mas não criam raízes. A tecnologia pode armazenar dados, mas não sabe traduzir o cheiro de um livro antigo, o peso da história na palma da mão.

Se as folhas se apagarem, seremos órfãos de nós mesmos. Cada livro esquecido é um véu rasgado no espelho da humanidade. Toquem as páginas, sublinhem frases, emprestem histórias. Façam dos livros pontes, não relíquias.

O futuro será árido se enterrarmos a voz dos que vieram antes. Lembrem-se: um mundo que despreza suas narrativas é um mundo que perdeu a alma.

Não carreguem apenas o amanhã nas costas. Carreguem o fogo das palavras. Assim, quando o vento soprar, ele não apagará as folhas apenas as fará dançar.

Aos que Virão: Não Deixem de Ser Comunistas

Não confundam comunismo com dogmas ou estátuas caídas. É, antes, a recusa eterna à exploração do homem pelo homem. Lembrem-se dos que ousaram: Marx, que desnudou as engrenagens do capital; Lenin, que transformou teoria em revolução, mesmo entre erros; Che Guevara, médico que trocou a bisturi pela guerrilha, buscando curar a América Latina da opressão. Angela Davis, mulher negra que uniu marxismo à luta antirracista. Salvador Allende, morto defendendo a democracia com pão e livros. Thomas Sankara, que em Burkina Faso plantou árvores e ideais anticoloniais. Ho Chi Minh, que expulsou impérios do Vietnã.

Critiquem seus excessos, mas não joguem fora a utopia com a água suja da história. O comunismo não é museu: é horizonte. Enquanto houver um patrão sugando o suor alheio, um favelado sem teto, um indígena sem terra, o comunismo será necessário. Não por fanatismo, mas por justiça.

Aos que herdarão a Terra carbonizada: lutem, mas lutem sem perder a humanidade. O futuro é uma trincheira que exige tanto coração quanto crítica. Não desistam. Reinventem.

Para os que Virão: Parte XI

Se um dia ouvirem que a ciência é “apenas uma opinião”, lembrem-se de nós. Em nossa época, enterramos corpos em valas sem nome, vidas viraram números em gráficos esquecidos. Negaram máscaras, vacinas, evidências. Chamaram o ódio de liberdade e a morte de “gripezinha”. Enquanto o mundo avançava, parte do Brasil afundou em necropolítica, onde o poder escolhia quem merecia respirar.

A ciência não é perfeita, mas é o que nos une contra a escuridão. Ela não é neutra: salva quando a tornamos direito, não privilégio. Negacionismo não foi ignorância, foi projeto. Manipularam medos, venderam desespero, transformaram jalecos em inimigos, e cada dose recusada, cada estudo descreditado, foi uma covardia contra o futuro.

Lutem para que a pesquisa não seja refém de egos ou dogmas, exijam que a saúde não tenha dono. Lembrem-se de que, em 2021, enterramos avós em sacos plásticos e jovens em caixões precários. Não foi só vírus: foi desumanização em escala industrial.

Se a história lhes parecer um pesadelo distante, cuidado. Ela ressurge quando a memória apaga. Protejam os laboratórios, as escolas, os livros. E, acima de tudo, protejam uns aos outros. A ciência que vale a pena é aquela que não deixa ninguém para trás.

Os que sobreviveram para contar.

Para os que Virão: Parte X

A desigualdade não é um acidente da história, mas uma escolha repetida. Herdam um mundo onde riqueza, oportunidades e dignidade foram distribuídas como privilégios, não como direitos. Saibam: a justiça não brota por conveniência. Exige ruptura.

Não se enganem com discursos que culpam os pobres por sua pobreza ou glorificam o mérito em um tabuleiro desigual. A luta contra a desigualdade começa quando reconhecemos que ninguém é livre enquanto há pessoas reduzidas a números, corpos descartáveis, vozes abafadas pelo ruído do poder.

Seus antepassados combateram sistemas, mas muitos preferiram negociar migalhas em vez de redistribuir o pão. Não repitam o erro. Sejam radicais: eduquem, redistribuam, desmontem hierarquias. Não basta amenizar sintomas; curem a doença. A terra, o trabalho, o conhecimento tudo deve ser comum.

Desconfiem de quem diz "é assim mesmo". O futuro não é um destino, mas um projeto. Escolham: perpetuar pirâmides ou construir círculos. Lembrem-se: enquanto um existir de joelhos, a humanidade não estará de pé.

A luta é longa, mas a semente da igualdade só germina quando plantada com as mãos sujas de ação.

Para Meus Irmãos Muçulmanos do Futuro

Sabemos que herdarão um mundo que, por séculos, tentou reduzir sua fé a caricaturas: medo em olhares alheios, guerra onde deveria haver diálogo, estereótipos onde existem histórias. Muitos de nós falhamos em proteger o sagrado de tanto ruído, e permitimos que o ódio de alguns definisse a espiritualidade de todos.

Não se deixem enganar. Sua identidade não cabe em narrativas alheias, sejam as dos que distorcem o Islã para justificar violência, sejam as dos que usam bandeiras de "paz" para apagar sua voz. O Alcorão não é espada nem desculpa para silêncio. É chamado para a justiça, para o cuidado com o órfão, para a luta contra a arrogância do poder.

Protejam-se da divisão. O mundo tentará fragmentá-los: sunitas, xiitas, sufis, negros, brancos, refugiados, terroristas. Lembrem-se: a Ummah é plural. A verdadeira fé não ergue muros, mas dissolve hierarquias inventadas.

Se algum dia lhes disserem que ser muçulmano é sinônimo de opressão, mostrem o contrário com atos, sejam a compaixão que os impérios não tiveram, a resistência que as bombas não calarão.

Herdam uma fé que sobreviveu a desertos e navios negreiros. Não a troquem por comodidade.
Um irmão do passado, em busca do mesmo Allah que os une.

Para os que Virão IX

Quando permitimos que o ódio cresça em silêncio, ele se enraíza como uma planta tóxica. O racismo não começa com grandes explosões, mas em sussurros: piadas que desumanizam, olhares que segregam, silêncios que compactuam. Nós, do passado, muitas vezes falhamos em arrancar essas sementes venenosas e deixamos raízes frágeis se tornarem troncos grossos, capazes de sustentar estruturas inteiras de exclusão.

Não cometam nosso erro. Enxerguem a violência nos detalhes: na escola que separa, no trabalho que inferioriza, na justiça que criminaliza corpos. Racismo é um sistema, não um acidente. Combate -lo exige mais do que discursos requer desmontar lógicas que normalizam a desigualdade. É preciso coragem para confrontar o desconforto, inclusive dentro de si.

Não basta não ser racista; é necessário ser antirracista. Todos os dias. Nas palavras, nas escolhas, nas políticas. O futuro que desejamos não brotará de passividade, mas de revolução cotidiana.

Herdarão um mundo ferido, mas também as ferramentas para curá-lo. Lembrem-se: tolerar o intolerante é enterrar a própria humanidade coletiva. Escolham desobedecer. Escolham rachar o solo onde o ódio tenta germinar.

Gerações anteriores, em dívida.

Para os que Virão: VIII

Não se enganem: todo sistema que aprisiona sonhos, engessa corpos e cala vozes nasce frágil. Sua força vem do medo que plantam em nós. Rebelar-se não é apenas queimar estruturas; é recusar-se a engolir mentiras vestidas de normalidade.

Olhem em volta: as grades são invisíveis, mas estão lá nos salários que não alimentam, nas regras que humilham, nos corpos que definem quem merece existir. Resistir é honrar os que vieram antes, com nomes apagados e histórias roubadas. Cada passo contra a opressão é um fôlego novo no pulmão da humanidade.

Não tenham medo da desordem. O mundo que prometem "seguro" é o mesmo que adoece, exclui e apaga. A verdadeira pergunta não é "O que vamos perder? ",mas"O que mais podemos ganhar se ousarmos?".

Rebelião não é destruição: é cura. É dizer "não" quando o sistema exige seu "sim" silencioso. Herdem esta chama. Não a deixem morrer na comodidade do esquecimento.

Aos inquietos do futuro, com fé.

Para os que Virão: Parte VII

Não permitam que a infância seja engolida por retângulos de luz, pois, as telas são um veneno doce, que adormece mãos curiosas e aprisiona olhos que deveriam decifrar o mundo. Exijam que as crianças caiam no chão, risquem os joelhos, sintam a terra úmida escorrer entre os dedos. A lama não é sujeira: é tinta, é mapa, é o primeiro diálogo com a vida real.

Há uma conspiração silenciosa para substituir o cheiro de grama molhada por notificações, o susto de uma minhoca por likes. Resistam. Brincar na terra não é nostalgia é treino para ser humano, é ali que se aprende a criar com o que existe, a frustrar-se com as formigas que invadem o castelo, a celebrar a tempestade que arrasa tudo. A tela ensina a consumir; a terra, a transformar.

Não tenham medo do tédio, do barro nas unhas, do silêncio que parece vazio. É nele que a imaginação cresce raízes. Seu futuro não será salvo por algoritmos, mas por mãos que sabem semear.

Desliguem. Cavem. Existam.

Para os que Virão: VI

Se algum dia lerem estas palavras, saibam: nossa maior doença não foi a depressão, mas a cegueira que nos impediu de vê-la como tal. Durante séculos, tratamos a dor da alma como fraqueza, o desespero como falta de caráter, o vazio existencial como preguiça. Transformamos sofrimento em vergonha, e a vergonha em silêncio. Enquanto negávamos diagnósticos, construímos um mundo doente: competitivo até a exaustão, individualista até a solidão, rápido até a desconexão.

A depressão não é "falta de Deus" ou "modinha". É o corpo gritando que a vida pesa mais que os ossos podem carregar, nós ignoramos a química cerebral, menosprezamos traumas, romantizamos a resistência. E, assim, permitimos que milhões definhassem em leitos invisíveis, sem remédio ou acolhimento.

Vocês, que herdarão o futuro, não repitam nosso erro. Enxerguem a saúde mental como direito, não luxo, ouçam os suspiros antes que virem colapso. Construam uma sociedade que não precise adoecer para descansar. Lembrem-se: a humanidade só avança quando cuida dos que caem não quando os chuta para frente.

Sejam mais sábios. Sejam mais humanos.

A natureza não pede perdão ela devolve, com juros, cada ferida. Salvem-se salvando-a. O futuro não é uma linha reta; é um círculo quebrado. Refazê-lo ou enterrá-lo: a escolha, agora, é de vocês.

Aos que Virão: V

A Terra não é herança, é empréstimo. Nossas mãos a rasgaram, envenenaram rios, sufocaram o ar com fumaça de ambição. Construímos desertos onde havia florestas; trocamos o canto dos pássaros pelo ronco de máquinas. Em nome do “progresso”, escrevemos o obituário de espécies inteiras.

Cuidado com a mentira de que destruir é desenvolver. Quem vende a natureza em pedaços não traz riqueza, traz dívida e vocês pagarão o preço. Os oceanos engasgam de plástico, o clima enlouquece, e o solo, exausto, já não nos sustenta e tudo isso enquanto aplaudíamos contas bancárias inchadas e corações vazios.

Não repitam nosso erro: a ganância veste terno, assina contratos, mas seu fim é canibal, ela devora montanhas, seca nascentes, envenena o amanhã.

Se ainda restar verde em seus olhos, protejam-no. A resistência começa quando se enxerga a vida como sagrado, não como recurso, plantem árvores onde deixamos cinzas; resgatem os rios que aprisionamos em concreto.

A natureza não pede perdão ela devolve, com juros, cada ferida. Salvem-se salvando-a. O futuro não é uma linha reta; é um círculo quebrado. Refazê-lo ou enterrá-lo: a escolha, agora, é de vocês.

Aos que Virão: Parte IV

A história é cíclica, mas não precisa ser fatal. Guardem-se daqueles que, em nome de Deus, erguem muros de ódio e tecem discursos de exclusão. A tirania da direita e da extrema direita não veste apenas trajes políticos; veste-se de púlpitos, distorce escrituras e transforma fé em facão. Usam o divino para justificar o desumano: segregam, oprimem, matam em nome de uma moralidade que só serve ao poder.

Cuidado com os que confundem Deus com bandeira, transformando o sagrado em arma, a verdadeira espiritualidade não cerceia liberdades, não alimenta preconceitos, não cala vozes. Ela acolhe, questiona, liberta.

Sejam vigilantes: o autoritarismo disfarçado de piedade é o mais perigoso, não chegam com tanques, mas com pregações; não invade corpos, mas mentes, e sua crueldade está na perversão do amor em dogma, da compaixão em julgamento.

Herdeiros do futuro, lembrem-se: nenhum deus legitima a opressão e a fé que não dança com a justiça é ídolo vazio. Resistam aos que vendem céus pequenos para terrares ainda menores.

Plantem, em vez disso, um mundo onde o divino seja sinônimo de liberdade ou nada será sagrado.

Para os que Virão: Parte III

Herdam um mundo onde as telas nos engoliram. As redes sociais, prometendo conexão, nos adoeceram de solidão, e transformamos a vida em espetáculo: cada gesto, um post; cada dor, um filtro. A vaidade virou vírus, a comparação, epidemia. Cultivamos fãs, não amigos; colecionamos likes, não abraços.

A doença é sutil: corrói a paciência, inflama a inveja, paralisa o pensamento crítico. Algoritmos nos hipnotizaram, vendendo verdades fragmentadas e ódio instantâneo. Tornamo-nos prisioneiros de bolhas, onde o aplauso fácil anestesiava a dúvida e a empatia virou artigo raro.

Mas não foi sempre assim. Houve um tempo em que o silêncio tinha valor, o olho no olho era sagrado, e a existência não precisava de hashtags para ser válida. Aprendam com nossos erros: tecnologia sem humanidade é armadilha. Desconfiem de quem lucra com sua atenção. Escolham a presença sobre a pose, a profundidade sobre o algoritmo.

Sejam mais que perfis: lembrem-se de sentir, fora dos scripts. A cura está no que é invisível aos feeds no toque, no tempo lento, na coragem de existir sem palco. Herdam um diagnóstico. Façam dele um antídoto.

Justiça não tem prazo de validade. A memória, armada com verdade, será sempre a semente da liberdade.

Às Gerações Futuras: Parte II

Quando olharem para trás, saibam: a história não se apaga. Entre as sombras do século XXI, a Palestina sangrou sob a ocupação sionista, apoiada por potências que vestiram a máscara da civilização enquanto financiavam a barbárie. Cidades arrasadas, famílias despedaçadas, crianças enterradas sob escombros tudo em nome de um projeto colonial disfarçado de "direito histórico". Israel, armado até os dentes pelos Estados Unidos, transformou terras sagradas em campos de extermínio lento, onde a limpeza étnica foi meticulosamente planejada: demolições, muros, checkpoints e leis racistas.

O sionismo, ideologia que envenenou mentes com a ilusão de superioridade, não é apenas uma ameaça aos palestinos; é o câncer que corrói a humanidade. Enquanto uns silenciavam, outros lucravam. Enquanto a ONU balbuciava condenações vazias, bombas caíam sobre Gaza.

Que este registro os lembre: a cumplicidade com a opressão não é neutralidade, é crime. A Palestina resiste, e sua luta é um espelho para toda luta contra a tirania. Não compactuem com narrativas que apagam dores reais. Honrem os que não se calaram.

Justiça não tem prazo de validade. A memória, armada com verdade, será sempre a semente da liberdade.

Às Gerações Futuras:

Quando olharem para trás, saibam: no século 21, sob o véu da modernidade, repetiu-se a barbárie. Aqueles que um dia foram vítimas do Holocausto, marcados pelo grito de "Nunca Mais", tornaram-se algozes. Na Palestina, o sionismo disfarçado de redenção perpetuou limpeza étnica: expulsões, muros, bombas, crianças sob escombros. Usaram a própria dor como licença para oprimir, esquecendo que sofrimento não concede direito à crueldade.

Enquanto o mundo assistia, complacente, repetiram-se os mesmos silêncios que permitiram genocídios passados. A Humanidade, em sua hipocrisia, normalizou o excepcionalismo de um Estado que, em nome da segurança, semeou apartheid, onde rostos palestinos foram apagados, histórias soterradas, mas resistem nas ruínas.

Que esta memória os incite à reflexão: nenhuma causa justifica a desumanização do outro. O sionismo, raiz de exclusão e expansionismo, revelou-se câncer corrói ética, alimenta ódio, perpetua ciclos de violência. Honrem os que lutaram por justiça, mas não poupem críticas aos que traíram a própria história.

Lembrem: o futuro só floresce quando se confrontam as mentiras do poder. Não repitam nossos erros.

"Vivemos na contradição de buscar sentido em um universo que não nos promete respostas, mas é justamente nesse vazio que inventamos a poesia de continuar."

"Malcolm X não nos convidou apenas a lutar contra correntes físicas, mas a forjar novas mentalidades: a revolução começa quando o oprimido descobre que sua voz é fogo."

"Quando o braço da lei esquece que sua função é proteger e não punir, ele se torna espelho de uma sociedade que trocou justiça por vingança."

"Enquanto as cidades correm atrás de minutos, o campo ensina que o tempo não é um relógio, mas o ritmo das colheitas: só floresce quem aprende a esperar."