Coleção pessoal de cauech
O que caracteriza a economia política burguesa é que ela vê na ordem capitalista não uma fase transitória do progresso histórico, mas a forma absoluta e definitiva da produção social.
“Precisamente porque nós não concedemos nem um centímetro de nossa posição, nós forçamos o governo e os partidos burgueses a nos conceder os poucos sucessos imediatos que podem ser ganhos. Mas se nós começamos a perseguir o que é ‘possível’ de acordo com os princípios do oportunismo, sem nos preocupar com nossos próprios princípios, e por meio de troca como fazem os estadistas, então nós iremos logo nos encontrar na mesma situação que o caçador que não só falhou em matar o veado, mas também perdeu sua arma no processo.”
Histórias de amor duram apenas 90 minutos, a vida possui histórias muito mais longas e interessantes.
A legítima liberdade começa quando e onde a necessidade acaba. Dificilmente um sistema político e econômico fundado na escassez seletiva, na acumulação desregrada, no excedente de trabalho, nas necessidades não satisfeitas e na pré-fabricação de consumidores nos franquearia acesso a uma genuína liberdade por meio da qual o desenvolvimento individual de todos e todas se torna verdadeiramente possível. Mas teríamos um bom começo se os próprios liberais percebessem que, se nem eles levam a sério as próprias ideias que defendem, quanto mais os conservadores que gostam de se travestir de paladinos da liberdade.
A superestrutura ideológica não comente obscurece a percepção das relações de produção como, antes de tudo, a impede. Num momento superior da superestruturação das sociedades, isto é, nas formações econômico-sociais capitalistas, a estratificação social obscurece a apreensão das relações de produção, porém, não a impede. Em outros termos, à medida que o processo econômico alcança relativa autonomia, a sociedade oferece a seus membros a possibilidade objetiva de realizar o desmascaramento, isto é, de apreender, na estratificação social, as relações de produção que ao mesmo tempo se afirmam e se negam através dela.
São as seguintes funções desempenhadas pelo mito feminino na sociedade de classes:
1- restringir a um mínimo possível a interferência do sistema parentesco no sistema ocupacional, isto é, permitir a ligação do sistema apenas através do chefe de família(...);
2 - mistificar a mulher em seu papel de esposa e mãe, de modo que ela se sinta plenamente realizada enquanto tal;
3- colocar barreiras na ascensão profissional da mulher de modo a mantê-la em condição desigual em relação ao homem;
4- enaltecer a ocupação feminina em setores ocupacionais não ocupados pelos homens quer porque não remuneram suficientemente, quer porque não conferem suficiente grau de prestígio;
5- manter baixa as aspirações femininas de modo a não provocar tensões suficientemente intensas para provocar mudanças na estrutura vigente;
6- impedir a extensão dos mecanismos de competição ao grupo familial não apenas porque isso significaria introduzir mudança radical na estrutura da família, mudanças estas de consequências imprevisíveis para a sociedade de classes(...)
Enquanto o mundo físico não se deixa dominar pelo homem senão em circunstâncias nas quais as técnicas por estes utilizadas se assentem em princípios congruentes com a estrutura e o movimento daquele universo.
E só então (que educarem a mulher) poderá a família estabelecer-se como um "contrato sexual e social" que é, deixando de ser considerada uma "instituição sagrada" que não é. (...) A educação feminina é, pois, pensada, de um lado, como necessidade para se estabelecer a justiça social e, de outro, como setor chave de uma política de reformas sociais visando atingir um estágio superior de organização social.
Se a educação da mulher, se seu progresso mental vem dissolver a família, o primeiro cuidado de um povo que se civiliza deve ser extinguir a família.
Ou a educação da mulher dissolve a família e deve-se educar a mulher exatamente para que aniquile essa instituição que, vivendo da ignorância, da escravidão, das fraudes nos contratos bilaterais, é nociva e imoral, ou a educação da mulher não dissolve a família porque esta não se fundamenta na ignorância feminina e deve-se educar a mulher porque ela é uma utilidade que não acarreta prejuízos.
O efeito-demonstração exercido pelo alto padrão de vida das populações dos países altamente desenvolvidos, criando elevadas aspirações de consumo em largos contingentes humanos dos países periféricos, sobretudo de grupos localizados nas zonas urbanas e suburbanas, tem impedido que a acumulação de capital antecedesse, na história, a aspiração ao consumo de massa no Brasil.
Dado que a estrutura de classes é altamente limitativa das potencialidades humanas, há que se renovarem, constantemente, as crenças nas limitações impostas pelos caracteres naturais de certo contingente populacional como se a ordem social competitiva não se expandisse suficientemente, isto é, como se a liberdade formal não se tornasse concreta e palpável em virtude das desvantagens maiores ou menores com que cada um joga no processo de luta pela existência. Do ponto de vista da aparência, portanto, não é a estrutura de classes que limita a atualização das potencialidades humanas, mas ao contrário, a ausência de potencialidades de determinadas categorias sociais que dificulta e mesmo impede a realização plena da ordem social competitiva.
Tantos já erraram por motivos diferentes, deformando e detratando o 'negro' que não haveria mal maior em tal compensação.
Homens da Inglaterra, por que arar
para os senhores que vos mantêm na miséria?
Por que tecer com esforço e cuidado
as ricas roupas que vossos tiranos vestem?
Por que alimentar, vestir e poupar
do berço até o túmulo,
esses parasitas ingratos que
exploram vosso suor – ah, que bebem vosso sangue?
Por que, abelhas da Inglaterra, forjar
muitas armas, cadeias e açoites
para que esses vagabundos possam desperdiçar
o produto forçado de vosso trabalho?
Tendes acaso ócio, conforto, calma,
abrigo, alimento, o bálsamo gentil do amor?
Ou o que é que comprais a tal preço
com vosso sofrimento e com vosso temor?
A semente que semeais, outro colhe.
A riqueza que descobris, fica com outro.
As roupas que teceis, outro veste.
As armas que forjais, outro usa.
Semeai – mas que o tirano não colha.
Produzi riqueza – mas que o impostor não a guarde.
Tecei roupas – mas que o ocioso não as vista.
Forjai armas – que usareis em vossa defesa.
O grande mérito de Rosa Luxemburgo consiste em ter demonstrado que ai não há um fato ocasional e passageiro, mas que o capitalismo só pode subsistir, economicamente, o bastante para que penetre a sociedade e a conduza unicamente ao capitalismo, sem ainda tê-la penetrado completamente.
A pequena burguesia como classe de transição onde os interesses das suas classes simultaneamente se ocultam passa a sentir-se acimada oposição das classes em geral. Em consequência de que procuras os meios não de suprimir os dois extremos, salário e capital, mas de atenuar sua oposição e transformá-la em harmonia.
O futebol sintetiza muito bem a dialética entre identidade nacional, globalização e xenofobia dos dias de hoje. Os clubes viraram entidades transnacionais, empreendimentos globais. Mas, paradoxalmente, o que faz o futebol popular continua sendo, antes de tudo, a fidelidade local de um grupo de torcedores para com uma equipe. E, ainda, o que faz dos campeonatos mundiais algo interessante é o fato de que podemos ver países em competição. Por isso acho que o futebol carrega o conflito essencial da globalização.