Coleção pessoal de catarsese
O fato é: É fácil encontrar o amor, ele sempre esta ao redor, em tudo que você faz e tem apreço, em tudo que você cuida, almeja e emociona. Em todos que são morada no teu coração. O difícil mesmo esta no amar, esta em viver esse sentimento cego, sentir sem nenhuma garantia e continuar amando. E é preciso sentir. “É preciso amar” como bem disse Renato. Mas é preciso amar direito. Amar por completo, amar com certeza, amar por amar e não por falta de opção. Amar como pessoa com diferenças, passado, costumes, defeitos e coração. Amar de amor e não de carinho. Amar para sempre. Amar individualmente e não por dois. Amar com ternura, sentimento e leveza. O mal do amor é esse amar errado, é toda essa carência querendo ser amor, todo esse eu te amo querendo ser verdade, toda essa solidão querendo ser par, toda essa indecisão querendo ser sentimento e todo esse amor não sabendo amar.
Eu te guardei na memória. Eu quis nunca te esquecer para não correr o risco de me perder de mim novamente. E eu não esqueci. Me lembro quando você em toda sua contradição foi morar em outro abraço. Lembro do abandono, da traição, da sua escolha e do meu coração quebrado. Nunca pude voltar para o seu abraço, nunca pude te perguntar o caminho e nunca fui a mesma novamente. Olhei muitas vezes para trás, na dúvida, te dando a alternativa de me buscar, me querer, me consertar. E você nunca veio. Então eu te observava de longe e com o tempo já não reconhecia meu amor em você. Quem eu lembrava já não condizia com quem eu via. Achei que não iria aguentar. Achei que o vazio duraria para sempre. Porém aprendi a me preencher. Me preenchi de mim mesma, de vida, de amor, de experiência, de outros afetos. Me permiti ser. E me fui. E me sou. Você me deixou semente e eu cresci flor. Cresci flor e aprendi a lidar com os espinhos. Descobri que me perdendo de você, eu poderia me encontrar. E me encontrei. E me conheci. E me descobri tão cheia de outras coisas, outras cores, outros sentimentos, outras alegrias que já estava vazia de você.
Sou feita de bagagens. Somos feitos de bagagens. Por onde eu passo eu pego um pouco da vida e deixo um pouco de mim. Nem sempre é uma troca justa, mesmo assim volta e meia estou na barganha novamente. Já me perguntaram se eu não tenho medo de ficar vazia me doando tanto assim. Apenas respondi que me transbordo. De vez em quando minha bagagem fica pesada demais, então sento, reorganizo a bolsa, e sigo me preenchendo com o que mais encontrar por aí. E digo em alto e bom som: Tenho um orgulho enorme de me transbordar! Gente rasa nunca fez a minha cabeça, gente rasa é superficial demais e gente de menos. Tenho uma enorme preguiça de quem apenas existe e passa pela vida deixando migalhas de quem realmente foi. Preguiça de quem reclama à toa. De quem não se mostra e quer ser visto. Gosto de quem não tem medo de apanhar da vida, de que cair, levantar e se juntar novamente. Para mim só vale a pena quem é de verdade e não tem medo de ser. Só vale o risco quem esta disposto a se encher de bagagens, transbordar, e se encher de vida outra vez.
Aquieta esse coração menina, que ninguém por aqui morreu pelo talvez. A dúvida consome, a incerteza inquieta, o quase corrompe os sentidos, mais de nada adianta lutar contra a maré. Deixa estar. Permita-se viver. Desapegue. Ser leve é ser feliz, é ver a gota de mel em meio ao fel. Aquieta que o destino se ajeita.Aquieta que o passado se vai. Aquieta que o futuro vêm calmo, mansinho, feito para sorrir.Quando nos afastamos do que esta a nossa frente, nos permitimos enxergar a vida por outra perspectiva. Deixe as sementes para colher as rosas futuramente. Se aquieta que se calmos podemos reorganizar os caminhos, realinhar os destinos, e cruzar com os sorrisos que esperam por nós. Aquieta a vida, a alma, o coração, que ser fugas demais não deixa rastro de beleza ao caminho.
Você foi como um nascer do sol, reluziu os nossos caminhos e se permitiu nascer Lua em algum outro lugar. Sim, Lua, pois tenho certeza que você brilha por ai, nessa imensidão que é a existência. Dizem que não devemos guardar lembranças, porém, eu guardo todas as que eu tenho de você. Guardo o som do seu coração pulsando, batendo, vivendo, existindo. Foi naquele momento em que soube que nada no mundo te impediria de ser. De ser você pequena, de ser você comprida, de ser você linda, iluminada e anjo. Guardo também as lágrimas, você mereceu cada uma. Ainda dói pequena criança. Honro sua vida
Você foi a tempestade quando poderia ser o nascer do Sol mais bonito. Sua passagem por mim me deixou ao contrário, me fez enxergar as coisas com clareza, e me permitiu me perder naquilo que nós nem chegamos a ser. Você colocou fogo no meu coração congelado, derretendo a promessa de nunca me importar novamente, foi lindo, foi intenso, foi passageiro, foi você. Foi você e mais ninguém que me tirou da abstinência de me pertencer, de não me entregar, de me merecer. É uma pena o fim da história mais bonita que poderíamos escrever. Mas te digo algo moço: Você foi como respirar, calmo, natural, bonito, e é lindo como eu não fico triste por não sermos, por não termos sido algo além da tempestade. É um acaso amargo que você não possa permanecer, mas como toda a tempestade você precisa partir, precisa organizar outras vidas com a sua bagunça. Seu tempo acabou. Adeus meu caro! O sol precisa reinar outra vez.
Alguém mexe com todas as borboletas a tanto adormecidas no meu estômago. Adoro quando ele me chega em toda sua imensidão e mergulha nesse meu poço pequeno. Seus olhos cheios de mistérios me sugam para essa história e eu sempre tão comedora de letrinhas, mergulho em letra por letra. Gosto quando me cheira, me seduz, complementa. Ele é como uma soma de mim a muito perdida, talvez seja esse nosso jeito meio torto, meio quebrado, meio sei lá, de ainda sim se somar. Eu era tão cheia de nada, e agora sou cheia de dele. Ele acende um cigarro e me olha, com aquele tipo de olhar que diz tudo o que você precisa saber e o nosso silêncio fala por nós. Fala da boca que já decorou os movimentos, fala do cheiro que é só o dele e só o meu e só o nosso, fala desse nosso começo as vezes tão incerto e as vezes tão correto, fala do acaso que foi nosso olhar ter se juntado, reconhecido, misturado, fala de tudo aquilo que sentimos e achamos clichê demais para compartilhar, fala do nosso medo do incerto, do inseguro, do desconhecido, fala de todo esse “deixa rolar” que já virou sentimento.