Coleção pessoal de CatarinaPortela

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Embalam em nuvens de seda, lágrimas límpidas de saudades infinitas. O tempo de escuridão se aproxima em passos apressados. Caio em terra com o tormento da questão que me amedronta. Será que sobrevivo à tempestade.

Silêncio que escuto com atenção. Sem mais nada nem mais ninguém, ouço cada som calado. Quieta, serena, reparo nas marcas que deixaste no momento do abandono.
Aguento silenciosa, amarrando a ilusão à mente, como se lá no inconsciente me alimentasse, me trouxesse vida.

No deserto árido das emoções, perdida talvez num céu pouco esclarecedor que ameaçava cobrir de sombras toda aquela luz, reparo em pequenos movimentos na areia, que combatem a todo o tempo, lado a lado com a morte.
Assim eu me sentia. Sobrevivente, a travar constantemente novas batalhas.
Veneno a correr-me nas veias, fúria escondida como proteção aos meus receios. Assim me matas-te, com raiva de ti, de mim.

Sozinha num vazio com as memórias, a tentar refazer a historia que um dia desejei, recordo palavras sem razão, que ameaçam a capacidade de enfrentar, de me levantar.

Desejo de novo a vontade de sorrir! Mesmo que não seja real.

Porque não sei ver céu limpo, sem a luz que colocas em meu coração.
Não sei da água escondida no deserto, se não me hidratares com tuas gotas de suor.
Não sou nada se não pegares em minha mão.
Porque não sei de mim, perdi-me contigo e tu ainda permaneces comigo.

Não quero falar! Quero que repares em mim, que saibas que sinto a tua falta, apenas com o meu silêncio.
Passo a teu lado, não me olhas, não me vês.
Não senti o teu perfume…

Perdi-te mais uma vez!

Deixas pegadas, somente pegadas...

Entrega-te faz-se tarde!

Não espero mais…
Eu não vou ficar ancorada à incerteza que parece interminável, que me mata internamente com uma dor insuportável.
Não esperes mais…
Parte para bem longe do meu coração, para que a dor sai-a rapidamente, onde mora à demasiado tempo. Deixa-me sem sentimento!

Quero alguém que traga até mim verdades que até hoje não senti. Que me lembre o dia em que não desisti.
Que me faça sorrir todos os dias, sem que eu tenha medo de o perder, que me acalme quando sofrer.
Quero ver disparates e sentir que são teus inalteráveis, irremediáveis. Ver que os ignoro, mas lá no fundo, os adoro, adoro…
Quero alguém que entra em mim, toca-me lá no fundo e lutaria contra o mundo, se uma lágrima fosse derramada, e me visse desesperada.
Quero cansar-me de ti, e não te querer largar.
Saber o que é Amar…

Quero algo eterno, inabalável, um amor que é incansável.
Aquele amor que se altera com o tempo, mas que não foge, somente corre quando quer que eu vá atrás. Que cai quando está cansado, mas não desiste da meta infinita, e continua a corrida…

Mais uma folha embala até cair no chão… Sem dor, sem amor, sem coração.
Não tem vida, não tem nada…Não existe amanhecer, alvorada…

Mais uma pequena folha que nasce…Que ilumina a vida da árvore, Tem cor, amor e coração…Alguém olha por ela, Alguém lhe toca, lhe dá a mão…

Esse alguém existe, não é fantasma ou conto de fadas, é perfeito a teus olhos porque todos os defeitos são guardados sem esforços, no mesmo buraco negro que crias para afogar problemas e tristezas.

Todos os dias em que acordas a pensar que ninguém te é capaz de amar, alguém vê em ti, o que existe escondido num barco perdido, ou no infinito…

Alguém existe só para ti. Alguém te ilumina e ressuscita.

Alguém existe apenas para Amar-te.
Entrega-te… Faz-se tarde

Diz-me que não me amas. Diz-me e eu saio de tua vida, com a certeza de uma mentira que contradizes todos os dias em que me vês.

Diz-me que não me desejas,e que não me queres, e ardes já no fogo do Inferno pela difamação da verdade.

Mas diz tudo isso em meus olhos. A ver-me e a sentir-me como em todos aqueles dias em que me tocaste.

Diz-me ao ouvido, perto do coração onde a flecha de Eros acatou. Para que cicatrize velozmente, e eu acreditando que não mereces um amor que vejo em todos os segundos.

Porque se vais, é porque não estás.
Se é por Eles, é porque não me queres.
Se não me queres, é porque não me amas.
Se não me amas, eu simplesmente não te quero mais.

Agora se me queres, se me desejas, se me amas, estás disposta a combater sem armas todas as ameaças!

Eu posso perder em batalha o meu escudo, a minha protecção, os meus braços, as minhas pernas, e sabes que te guardo no coração.
E perco, perco tudo para que lutes assim a meu lado, e nada, mesmo nada te acontecerá.

Velo teu coração, e nele se encontra a tua felicidade e a minha. Só depende de ti, fazeres um Nós.
Porque eu já te quero, já te desejo, já luto, e já te amo, desde o dia em que moras em meu coração

Um dia esqueci-me de olhar ao espelho. Saí sem me ver, sem me enfrentar, sem sorrir e sem pensar.
Perdi-me nas horas e mergulhei sobre o que desejei, refutei o que sempre desprezei, e não sei se parei o tempo, ou se o tempo parou por mim.
Fechei-me no máximo silêncio, e não falei o que devia falar, e não ouvi o que todos ouviam, e não olhei para onde todos olhavam, e sem pretender, conhecia-me.

Nesse dia beijei quem queria beijar, amei quem queria amar, chorei no colo de quem queria chorar, soltei gargalhadas do um mundo banal, e sorri ao pôr de sol ancestral.
Gritei com quem queria gritar, tive o que sempre quis ter, procurei quem sempre quis procurar, e mesmo sem encontrar, me encontrei.
E cantei como me apeteceu, saltei do mar ao céu, apanhei o sol e cobri-o com um véu. Olhei as estrelas e fiz um colar delas.
Nessa noite brilhei sem ti, sorri sem te ver, amei sem te sentir, senti sem te olhar, voei sem te alcançar. E desejei-te sem te ter.

Da liberdade de agir, saiu um complexo de insuficiência. Quando tudo parecia ao alcance, e quando o mundo me pareceu insignificante, eu aclamava por mais. Pela restrição do coração, pelo espaço apertado da ilusão, pela luta dos sonhos e pelo sabor da conquista, pela dor da desilusão…
Sem conclusão plausível, sem resultado final desconhecia a realização.

Um dia em que a vida era tudo, e tudo era somente uma vida. Nesse dia nada foi sem te ter, nada fui sem a restrição do comum. E a liberdade perdeu-se quando não me reconheci, quando não tinha em mim, um aperto, uma dor, uma luta.

O dia em que tudo fui, não era nada.

Dizer Adeus.
Calar a boca, não pronunciar a palavra. Arrumar o passado num espaço amplo e arejado, equilibrado em separação de tempos, vontades, idades e mentalidades.
Olhar em frente, não voltar atrás. Dar a mão a quem te quer em coração.

Beijei-vos como se vos fosse ver amanhã. Em mente guardei um “Até logo”, “Até já”, mas dos lábios saiu um “Já vou…”.Em retratos vos levo, mas meu coração ficou.
Escondi a lágrima da mais simples dor. Aquela que te prende à vida, e em seguida te dá a proposta de uma ida sem volta, onde brotam sorrisos, beijos apaixonados e “Bons dias” acarinhados.

Vi-te chegar perto, e não pedis-te para ficar, mas foi como se falasses em desespero sem nada dizeres. Como te conheço… pedaço meu!
Não te deixo, levo-te comigo. Não posso viver sem ti, e é grande o meu desalento cada vez que sinto que não estás presente.

Um misto de exaltação por começar longe, com a tristeza de não te ter perto.
Conjunto de alegria partilhada em estado de euforia.
É a necessidade de mudança, para criar esperança. É um mundo novo, um crescimento repleto, onde me completo em Ser. Onde me encontro em passado, presente e futuro. Onde sinto que a minha vida pode ser Tudo.

E Tudo será como sempre sonhei, com degraus que não desejei, mas com a força e a luta a que me habituei.
Com quem preciso do meu lado, com quem quiser ficar, com quem me olhar de forma real.
Recuso seres fúteis, recuso olhares banais, recuso palavras vazias e vozes sem som. Recuso quem não é ninguém…

- Olá nova vida!
- Bem-vinda Catarina!

O Sol lá em cima parece dar-te uns bons dias. Sorris receosa por veres as nuvens a aproximarem-se em passo apresado. Há ventos que não cessam e teimam em aparecer sem nada dizer. Causando-te um arrepio gélido, pois sempre soubeste que seria penosa a tua escalada.

Suspiras e arriscas sem qualquer protecção. Ainda acreditas que devolves à vida tudo o que é fácil e parece difícil.
Para tua surpresa, é complexo todo o processo que seria acessível, e não são as banalidades que encontras no caminho que te fazem fraquejar, mas sim o vento, que te empurra e te derruba sem avisar.

A caminhada a passo lento, traz curiosidade à população, que tanto te avisou que existem caminhos que podem ser alterados. Mas tu não…
Tu tens o capricho do risco, da ganância de superar, de conhecer por ti mesma, realidades que podiam ser evitadas.

Não espero de nada, nem de ninguém. Admito que o trajecto que construo é normalmente o que todos evitam, e mesmo não tendo a alegria inicial de superar o fácil… Tenho a força de tudo o que foi ou será difícil de viver.

Olho a meta longínqua, os olhares admirados da população sobre a minha persistência, os sorrisos cínicos de quem espera a minha queda ou desistência.
Faço o fim sem ele de facto existir, e continuo a edificar inícios sem eles estarem programados.

Não me levantes, pega na minha mão e diz-me que sou capaz. A magia do improvável alcança-me, e não há valor ferido, ou pensamento sofrido que derrube meu Ser.
Entras em mim através de palavras, e através que palavras te podes afastar.
E eu continuarei a levantar-me sozinha…

Permanece a meu lado e eu te mostrarei lugares de meu coração que mais ninguém visitou... Afasta-te e nunca saberás o quanto eu sou, o quanto fui, e o que serias se ficasses.

Quer vás ou fiques, eu já estou.
Não espero por quem não vem, e não fico com quem não está

Demora imenso tempo para aprender o que é o amor, como faze-lo ficar, como é fácil de desaparecer e como é difícil de esquecer
Demora tempo para controlar emoções, agarrar corações para sempre, soltar laços de afecto que já não tem razões de existir.
Demora tempo a aprenderes a adormecer, sem esperar pelo dia seguinte, a acordares como se fosse o primeiro dia da tua vida, a admirares e guardares a simplicidade de cada momento.
Demora tempo a perceber, como fazer para não recordares o que queres esquecer, e viver todos os dias com a sensação que jamais lembrarás.
Demora tempo para construíres uma vida, mas percebes rapidamente o quanto é fácil vê-la passar por entre os dedos.
Demora, demora imenso tempo a olhares para traz com certeza que tudo era necessário para te edificares.
Demora tempo para admitires que as loucuras é que te tornam puro e diferente.
Que os devaneios mentais são necessários para que a tua vida continue sem que a lamentes.
Que a frieza, o calculismo, a mentira, a hipocrisia, são desnecessário a qualquer Ser Humano, mesmo que para sua própria protecção. Não te protejas do mundo, enfrenta-o!
Não te distraías demasiado, ou perderas momentos inesquecíveis da tua vida.
Lembra-te que qualquer oportunidade que deixes escapar, alguém a apanhará por ti.
Entretanto, a vida continua.
Deves senti-la, e vive-la no respectivo tempo.
Não queiras ter pressa de acordar e de perceberes que este não era o mundo que querias.
Tens todo o tempo do mundo para cresceres.
E não seria maravilhoso se vivesses criança para o resto da vida?

Demora, demora imenso tempo até se aprender a saber viver.

Ser a voz que chega ao coração antes de ser pronunciada,
Ser Razão.
Ser o abraço nos momentos difíceis.
Ser afecto.
Ser a palavra que encontra o caminho, e que vê o lado do seu filho.
Ser compreensão.
Ser firme na educação, com perspicácia mostrar o lado correcto da vida.
Ser Persistente.

Estar onde outros não estão, conquistar a confiança e a sua atenção.
Ser o amigo de todas as horas, o companheiro das brincadeiras.
Ouvir o que ninguém quer escutar, ajudar a levantar.
Entrar devagar no quarto, dar-lhe um beijo de boa noite e sentir uma lágrima cair, por não querer ver o seu pedaço crescer.
Planear o que melhor se pode oferecer, e jamais esquecer que aquele pedaço é do seu sangue.
Unir esses corações para sempre, com um fio invisível.

Vai, Sê quem eu não tive…
Sê um Pai que desejei.
Sê feliz com esse alguém.

Existe um espaço em que ninguém pode entrar.
Aquele espaço guardado para alguém em especial.
Um tesouro escondido no meio pedras sem qualquer valor.

Fazes tudo para o guardares para ti mesmo, e acabas por entrega-lo sem saberes.
Descobrem o melhor de ti, o pior, as manias, os tiques, o que está por trás de um silêncio. Completam frases antes de as terminares.
É assim, o amigo que tu não pedes, o homem que se apaixona, a pessoa que não pára de te observar.
É assim aqueles que se preocupam, os curiosos, os que procuram encontrar o que um dia perderam.

Sabes bem que furtas uma mente, mesmo assim tornas-te Explorador de Pensamentos, à espera de ouvir o que desejas.
Uma persistência e uma teimosia que te faz mais forte e vencedor, mas também faz de ti mais fraco e perdedor.
Pesquisador de Sentimentos, que avalias, condenas, exaltas e veneras. E esperas… esperas… desesperas…

Há de facto processos que não são controlados por nós.
Não podemos simplesmente desligar o interruptor quando nos avaliam sem sabermos, ou ligar quando queremos que tudo seja transparente sem ser necessário falar.

Só há algo pelo qual este interesse vale a pena, pelo tesouro guardado. Aquele tesouro que jamais se encontrará em outro lado.
A diferença entre algo fútil, e o que jamais será esquecido.
A soma de características impares que nos tornam Únicos.
A beleza incalculável do incomparável.

Alguém que ouve antes de falar, mas fala sem que me possam calar.

Alguém que espera muito dos outros.

Uma pessoa que procura relações perfeitas onde não existem, e neste momento aprende a viver com isso.

Sou alguém com poucas pessoas de real valor, mas guardo-as cá dentro e faço o que posso e o que não posso, por elas.

Alguém que para caminhar tem que ver que todos estão à sua frente.

Que gosta de observar as caminhadas e participar nelas, crescer com todas as batalhas.

Que volto ás minhas raízes e ao meu passado para me lembrar de quem fui, o que mudei, e o que ficou, de uma menina assustada, que nada dizia, só observava.

Sou alguém que sente saudades daquelas amizades onde se falava dos mais disparatados pensamentos, das reacções e das confusões, sem receios de aprovação ou reprovação.

Alguém que não esquece de quem está ao meu lado quando eu preciso, mas também marca quem magoou, sem que eu nada fizesse por isso.

Preciso de um espaço só meu, onde falo sozinha, berro alto, dou bofetadas no vazio, choro descontroladamente, e acordo como se nada se tivesse passado.

Sou acusada de um sorriso lindo, acredito que vale sempre a pena mostra-lo.
Convencida?! Tem dias…

Já fiz besteiras de que me arrependo piamente, mas também já fiz disparates que voltava a fazer.

Espero pelo dia em que me sinta realizada por inteiro, até agora, contento-me com pedaços.

E sou feliz?
Maioritariamente. Afinal a felicidade feita de momentos…

Não foi à muito que te vi partir, sem te dizer Adeus como merecias.
Sem te dizer todas as vezes que falhas-te, que faltas-te, que sumis-te quando devias ficar.
Não me deste tempo para falar sobre mim.
Não me deste tempo para sorrir contigo, para recuperar horas de vazio.
Não me deste tempo para justificar o quanto eu vivia magoada, por tua culpa.
Não me deste tempo para ouvir da tua boca, o quanto gostavas de mim.
As poucas vezes que disseste ficaram tão claras, tão puras, e eram tão necessárias ao meu coração, que ainda hoje as posso ouvir.
E o abraço. Aquele abraço que recordo vezes sem conta, sinto-o como se fosse ontem.

Não tive tempo de te conhecer, de me orgulhar, só tive tempo para te amar, e sofrer com a falta desse amor.
Não tive tempo de te agradecer a pequena parte da tua vida que passas-te comigo.
Não tive oportunidade de te fazer ver que terias motivos para te orgulhares de mim.

Continuas a magoar-me por não estares, por não falares, por não te sentir.
Continuo à procura de algo que preencha o espaço que sempre deixas-te.
E como é difícil, e como será difícil viver sem ti.

Como posso substituir as palavras e a compreensão?
Como posso encontrar a empatia, a atenção?
Como posso crescer eu sem Pai…

Serei eu uma eterna criança?
Ou será que não tive oportunidade de viver como criança?

Volta, para que tudo possa ser diferente…
Como gostava que voltasses.

O mundo é feito de mudança, e os caminhos normalmente afastam-nos de pessoas que jamais queriamos deixar para trás.

Ai, saudades de uma verdadeira amizade!

Daquela em que os pormenores tem importância na conversa.
Que as duvidas são partilhadas, vividas e sentidas a dois, a três, e poucos mais.
Dos planos à última hora para uma ida à praia, ao cinema, ás compras.

É mesmo isso que vamos perdendo à medida que o tempo passa.
Da companhia de todas as horas.
Nem o mais amado Ser, poderá substituir.
É aquela amizade que se planta no coração, ganhando raízes impossíveis de arrancar.
É daquelas amizades que nos prendem à vida e preenchem um vazio que dizemos impossível de completar.
É aquela amizade que nos levanta mesmo contrariados, que nos diz que estamos diferentes, mas permanecem a nosso lado.
É sobreviver a mudanças, a distancias, guardando algo assim, em memorias…
Matando saudades com cafés, telefonemas e saídas espontâneas e rápidas, desejando mais e mais.

É aí que está uma verdadeira amizade.
Percebemos que temos um amigo quando nos lembramos vezes sem conta como se ainda fizesse parte da nossa vida.
Falamos dele como se ainda cá estivesse, como se o víssemos todos os dias.

E quando o reencontramos, quando o sentimos, quando falamos, quando sorrimos, quando choramos, quando desabafamos, somos UM.
O tempo pára, a conversa flui… não mais querendo parar.

Olhas-te e viste nele, alguém que precisavas.
Que te fazia rir. Que estava ao teu lado quando precisavas.
Era perfeito para refazer a tua vida.

Quando amamos, não podemos escolher.
É como se a escolha já tivesse feita, e nos arrastasse contra a maré. Maré essa, que nos dizia que conseguíamos remar sozinhos.

Recomeças uma vida que tinha tudo para ser exemplar.
A mesa está completa, e há sorrisos tímidos e desconfortáveis que se soltam inicialmente.
Criam-se hábitos num tecto em construção.
Não há nada melhor no mundo do que sentir que temos uma família.
E não há pior, do que sentir que a estamos a perder.

Mas a vida gosta imenso de nos provar que a felicidade é efémera.
Vais chorar por refazeres a vida, vais chorar por achares que talvez não o devias ter feito.
Vão nascer incertezas quanto ao futuro.
Vais perguntar se o esforço, vale realmente a pena.
Vais sofrer pelos que mais amas, por achares que eles se magoam por tua culpa.
Vais desejar não voltar a amar, e viver somente para proteger pedaços teus.
Vais odiar a tua vida, e vais-te rir dela sarcasticamente.
Vais crescer. Afinal não são só as crianças que crescem.


Por fim vais aprender a viver com o caminho que escolheste.

Ás vezes magoamos sem querer, um coração que nunca imaginamos possuir.
Aquele coração que não era suposto existir.
Por vezes dá vontade de ser vulgar.
Ás vezes preferimos ser desejados somente, do que amados sem quer.
Desejo perdesse no tempo. O amor recordasse vezes e vezes ao longo da vida, sem que pretenda ser lembrado.
Custa não corresponder a expectativas.
Custa ouvir e ver sofrimento por nós causado.
Custa não saber o que fazer para evita-lo.
Custa dizer: Esquece-me!
Quando imagino o aperto do coração…
Custa porque não fiz nada para o possuir.
Mas o caminho é desistir.
Desistir de pensar, de olhar, de falar?!
Dirigirmo-nos a um atalho para um sofrimento.
Saltar pelos muros sem lhes tocar.
Dizer Adeus sem Falar.
Fechar os Olhos para não ver.
Arrumas-me numa prateleira, sem me recordares uma vida inteira.
Passar, sorrir, e perguntar se está tudo bem.
Seguir, lembrar. Sem voltar atrás, sem recuar.
Abandonar-me num espaço qualquer.
Vais ver como é fácil… Esquecer.

Há sempre um sonho, um objeto que nos eleva, onde a alegria se reforça.
Há sempre um amor perdido, um amor conquistado.
Há sempre um erro que nunca devia ter sido cometido, um beijo que nunca devia ter sido dado, palavras que nunca deviam ter sido proferidas, lágrimas que evitamos.
Permanece em nós dúvidas que não deviam ser nossas, verdades que não queremos ver, hesitações que nos impedem de viver.

Basta um momento da nossa vida, para nos sentirmos únicos, assim como existe apenas uma ação para nos julgarmos eternamente.
Andamos perdidos numa procura constante de algo que nos traga uma realização pessoal, tentando achar um caminho entre descobertas sem fim, de Nós.
Onde nos encontramos e nos perdemos, cá dentro.

Só existe algo capaz de nos colocar de novo no caminho certo.
Não é a verdade, nem o realismo, nem o poder econômico.
Não é a força que devemos ter, nem a coragem de assumir atos e sentimentos.
Não é isto que nos traz a verdadeira essência da vida. Isto apenas ajuda a manter-nos fieis a nós mesmos, mas não traz de volta a vontade de viver.

Vontade de viver só com o Amor.
Aquele que acalma a mente e a exalta de alegria, aquele que nos faz doer o coração de saudade. O que nos dá o mais puro dos vícios. Que jamais se quer largar.
Aquele pelo qual dá gosto viver, e dá gosto morrer.

É ele que nos constrói ou reconstrói a vida.
É só com ele que devemos começar de novo.
Por ele vale a pena.

A verdade não devia custar a sair da boca.
Devia ser tão natural quanto respirar.
Por mais que doesse, ou por mais consequências que pudesse trazer.

A verdade torna-nos mais leves, mas sobretudo mais exactos.
Faz de Nós seres humanos sábios, confiantes e justos.
Se tudo fosse feito com verdade, olhos nos olhos, não seria necessário a parte negativa de uma vida, onde nos deparamos com insegurança, medos e falsidade.
Onde a mentira nos acalma o coração. Um coração enganado.

Aqueles que não praticam a verdade, enganam-se vezes sem conta.
Recuam tantas vezes que até isso vira rotina, instalando-se um clima de comodismo. Onde se acorda e se deita sempre com as mesmas mentiras.
Mentiras ditas aos que deviam saber, aos que nem imaginam, e mentiras proferidas vezes sem conta a ele mesmo.

Dá para viver assim?
Acorda! Não dá! Assim sobrevives, sem viveres.
Adormeces e vês os outros a aproveitar oportunidades que tu deixaste para trás. Essa oportunidade já é de alguém quando a negas!

Porque rejeitas o que desejas, e ficas com o que não queres?
Porque negas vezes sem conta a felicidade que está a um passo?

Há de facto uma parte do mundo que eu não entendo.
Aquela para quem a falsidade é uma forma de vida.
Tornam-se desumanos e completamente desprezíveis.
Que estão onde não querem estar.
Falam com quem não suportam.
Riem do que não acham piada.
Tão medíocre essa parte do mundo…

Aqueles que não praticam a verdade, enganam-se vezes sem conta.

Há um lugar diferente que me aquece a mente, e me dá o ar que me permite respirar.
Quando o coração aperta, e a revolta espreita.
Quando os delírios teimam em fazer de mim mais impulsiva.

Há locais que vamos sempre que precisamos. Lugares que secam lágrimas, outros que fazem chorar, que dão a força necessária para lutar.

As pessoas tentam sempre substituir aquele lugar, mas não o fazem, as pessoas querem faze-lo…
Mas não tem de facto capacidade de abranger de forma tão ampla, um estado de espírito, o nosso estado de espírito!

Assim enquanto o olhar capta uma imagem abrangente, o cérebro recebe-a como calmante ou estimulante.

E precisamos desses espaços para viver com qualidade.
Precisamos deles para sobreviver ao carrossel da vida.
É com eles que as decisões difíceis são tomadas, e melhor que isso… É com esse locais que as dificuldades são ultrapassadas.

Abre a tua mente, e deixa que aquele espaço te dê o precisas.

Corri para o mar, e senti-te a aproximar. Sorri já nem sei porquê.
Observei o que escrevias na areia e completei o teu traço.
Nesse momento passa por nós um casal de Idosos.
A Senhora sorriu. Que alegria ao cruzar aquele olhar.

O amor de criança é inocente, frágil e deambula entre miminhos, beijinhos e abraços ternos.
O amor do adolescente é fugoso, intenso, inesquessivel e eternamente marcante.
O amor de um Adulto, é mais maduro e consciente, mais preocupado e paciente.
O amor de um Idoso, é inquestionável.
É o amor que durou para sempre, é uma vida inteira em conjunto, entre beijos e discussões vorases, entre duvidas e certezas, é uma caminhada lado a lado.

Este é o amor que todos desejamos um dia.
Aquele que nos prende á vida, que nos dá prazer a cada momento.
Aquele que é eternamente intenso, eternamente incontestável.
Aquele que nos fazer sorrir de alegria e nos despedaça o coração com desilusões.
Sim, porque amar é gritar o nome do outro, em qualquer ocasião, sabendo que jamais irá embora. Porque ama e é amado.

Qual não será a minha alegria poder um dia estar a teu lado, daquela forma.
À medida que o tempo passa, este amor não se perde, amadurece.

Fico feliz por demolir o muro que estava em volta do teu coração
E que farei com as pedras?!
Simples, um lar.

Por vezes olhas-me admirado e dizes que te transformei… Não…
Eu não fiz de ti um homem diferente, eu mostrei ao mundo o melhor de ti!

Menino, que quero sempre perto, menino que fazes falta, que choras e ris comigo.
Que falas pouco mas sabes muito.
Menino que a vida fez amadurecer depressa.
Menino com medo…

Pequeno homem, de grande valor.
Se a vida te der tudo o que quero para ti… Serás dono do mundo.

Diz-me que vais abraçar os sonhos com garra. Que vais lutar para seres feliz, que vais continuar a ser assim, e o tempo te vai conservar, e guardar-te para sempre.
Vontade que tenho de preservar esse coração de ouro, essa inocência perfeita que faz falta ao planeta. Essa calma que continua a fazer de ti, dos pedaços de mim que mais me orgulho. Aquele pedaço que não dá desilusões nem faz confusões.

Tão crescido o meu pedaço, que me faz sorrir apenas com a presença.
Que me dá vontade de abraçar de não deixar nunca mais.
Desejei-te bem cedo, ainda não sabia que teríamos que sofrer juntos tantas dores.
Desejei-te pequenino, calmo, amigo, querido, desejei-te pedaço de mim.

Agora sonhas, lutas e ainda não vês o mundo como ele é, é fantástico olhar e ver-te engrandecer devagarinho.
Menino, que trago sempre comigo…