Coleção pessoal de bering
O senhor
Seja breve
Caro andante
Apressa-te!
Amanhã
Caro lépido
Grande vertiginoso
Depois e depois
Fugaz catatônico
Súbita morte
E tu?
Caro indolente
Apressa-te!
Como ousas?
Volte ao labor
Caro senhor.
Intermitente
Saudade do presente
Não há, certamente
Porque, nesse tempo
Tudo é passado
Insanamente
Há quem transporte para frente
Mas como transportar para o inexistente?
Certamente, um demente
Num desarranjo mental
O enfermo morreu
Transpondo na faísca do presente
Um passado de futuro idealizado
Incólume da realidade externa
Não percebeu suas projeções
Resgatadas no sopro da vida
Imediatamente devolvidas ao passado
Falemos, então, dos vivos-ainda-vivos
Com a centelha do presente divino
Acessam os registros dos retratos do passado
E criam a expectativa de mais uma chispa para si
Dentre estes, os prudens
Detentores do elementar dos sábios
Em constante aspiração
Potencializam a expectação
Agora, falemos do hoje
O hoje não existe; alias, nem o presente
Quimera para unir a fagulha da vida
E os recentes registros do passado
A saudade… sublimes lembranças – mera abstração
Gatilhos à espera de um estímulo
A droga é liberada
Passa; surge então a abstinência
Os tempos verbais são artifícios
O passado, passou
O presente é um presente – é a centelha divina da vida
O futuro é a expectativa de um novo presente
Na eternidade, o permanecer cessa
Quando cessa a centelha
O retornar surge
Quando surge a centelha
Talvez sejamos vaga-lumes
A piscar numa constante
No apagar de cada instante
Infinitos flagrantes.
Excelso
Quisera eu
Nestes verdes aromas
Ter o teu
Misturado ao meu
E os filhos teus
Filhos meus
E tu
Quisera eu
Nossa prole a brincar
Juntos a correr
Neste jardim
Quisera eu
Ao dormirem
Teu cheiro é meu
E eu sou teu
Quisera eu
Cuidar de vós
E vós de mim
Neste jardim
Quero sim.
Eternidade
O fim do fim
Início do início
É o início
Onde inicia o início
E termina o fim
O início do início
Fim do fim
É o fim
Onde termina o fim
E inicia o início
O fim do início
Início do fim
É o início
Onde inicia o fim
E termina o início
O início do fim
Fim do início
É o fim
Onde termina o início
E inicia o fim
E dentre tudo isso, deve haver tudo isso
E nisso tudo, tudo isso
E disso tudo, pouco entendo
E no intento, me arrebento
Enfim, deve haver algum fim.