Coleção pessoal de CarlaMarlova

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⁠Mais um dia se finda
Com humildade a noite pede licença
Para logo ocupar o seu lugar.
Na mesa da cozinha,
Flores emprestadas da postagem de alguém
Hão ainda de enfeitar a mesa do jantar.
No fogão, borbulhando na panela
Uma doce iguaria,
Com aroma de cravo e canela.
E assim a vida segue...
De verdades e algumas mentirinhas
Que fazem parte do nosso cotidiano
Pois nem só trabalho vive o ser humano.

⁠Madrugada de insônia
no leito de orvalho
Da dor cativa
a vida à espreita
Altiva e serena
o sul é seu norte.
No leito de orvalho
Um corpo arde...
Os que passam
atentos fitam
contidos, contentes
o raiar de um novo dia.
Madrugada de insônia...

⁠Tem gente
Que te
Leva no bico
No lado
De banda
De mão
Na contramão
Tem gente que te leva no ''coração''
No sonho
Na imaginação
Na asa
Tem gente que te leva...
E não devolve.

⁠Quisera eu ter sido
Uma bailarina
A muitos anos atrás
Teria voado pelos ares
Feito um serafim
Dado cambalhotas
Rodado como um pião
Teria Saltado
Ficando num pé só
Teria tido a graça de uma garça
E
A
leveza
de
uma
folha
caindo
ao
chão...
Mas, a vida
Me fez um ser diferente
Desses seres alados
Pois no chão me fez,
Com os pés bem fincados.
Uma
mulher
(A-penas)

⁠Nem todo colo é ninho
Nem todo ninho é de amor
Nem todo espinho é de flor
Nem toda gaiola é prisão
Nem só as asas batem
Bate também o coração.

⁠Trago em mim
os dias confusos
de inércia e fogo
preso na garganta.
A carne,
envelhecendo sem pressa
ferida aberta feito flor.
Nas mãos,
alguns amores imperfeitos.
No ventre,
poemas esperando
a hora do parto.
Nos meus dedos,
nós ainda não desfeitos.
Dos olhos escorre um rio
lençol sem leito
dos meus desejos molhados.
Nos meus pés,
duas asas,
borboleta
em constante metamorfose.
No meu colo,
pedaços de céu
e nuvens de algodão doce
espreitam
a revoada dos pássaros,
no nascer dos dias.
Tudo são gestos,
cores,
sons,
sabores,
algumas dores...
uma vigília constante
para não esquecer
do quanto sou humana.
Figura
de
amor
(imper-feita).

⁠A gente cresce
mas não cresce
o que está
dentro da gente
que saudade
desse tempo
de guria
que tudo era magia
cor e encantamento
a gente parecia
mais feliz
fazia das
pequenas coisas
grandes acontecimentos
hoje vamos
ao salão
para ficar
mais bonitas
já nem se
usa mais
tantos laços,
tantas fitas...
a tal maturidade
vai chegando
tudo gira
e a ciranda
se desfaz
já não dá
para voltar atras..
O pecado
mora ao lado
e me sinto
a própria Eva
mordendo
do fruto proibido
aos poucos
vou me
desfazendo
dos adereços
da meninice
e até algumas
crendices
já não
me servem mais
Me sinto
recém parida
e dessa
nova vida
vou sorver tudo
num só gole.

⁠Como são delicadas
as chuvas de outono
e embora se faça
um grande mormaço
o sol já não está
mais tão ofuscante...
no vai e vem das ondas
o aroma de jasmim azuis
fazem meu pensamento viajar
para outras paragens
outras, planícies...
o mar sereno e calmo
molhando a solidão
desta minha tarde de domingo.
Um
distante
silêncio
me
persegue...
estou cansada de fugir.

⁠Colecionava
boas intenções,
virgulas e borboletas
que já não lhe
voavam pelo estomago.
Sabia que amor-perfeito
era somente
o nome de uma flor.
Que a fragrância da vida tinha
perfume de bondade.
Que podia fugir das dores
como um girassol em busca de luz.
Sabia que a vida podia ser tão confortável
quanto um velho pijama.
E que o ponto final poderia também ser(...).

⁠Andava sem rumo
pra ver se um pouco menos amava
encurvada sobre seus medos,
se afogando em águas rasas.
Sozinha melhor seria,
mas era tão plural...
Em dias assim,
a poesia lhe escorria pelos dedos
brincando de esconde-esconde,
talvez ela entrasse neste jogo...
Que importa,
hoje é só mais um dia depois de domingo...

⁠AVENTURA
Janela
aberta,
do
lado
de
dentro,
duas
meninas
querendo
pegar
carona
com
o
senhor
dos
ventos.

⁠É Dela que eu quero falar
Não, da Lua não
Da Estrela
fria
Da Estrela
caída ao chão
Da Estrela
vazia
Da Estrela
sem coração
Da Estrela
Minguada pela desilusão
Da Estrela
Descrente
Da Estrela
outrora Noviça
E Cheia de esperanças...
É Dela que eu quero falar:
Da Estrela Carente...

⁠Do meu lado
vai ter lágrima, riso
vai ter companheirismo
e um me deixa sozinha
de quando em vez.
Vai ter
passarinho,
gatos
e flores
no gramado.
Vai ter janela aberta,
vento na cortina
chimarrão na varanda.
Vai ter afago
beijo de língua,
arrepio...
Vai ter festa surpresa,
piqueniques na beira do rio.
Vai ter eu e você
elaborando uma receita
para não sermos
nó.
Do meu lado
vai ter bolinho de chuva,
café passado
em cima do fogão...
Vai ter dia
de sol,
e o meu calor
para te aquecer
nos dias de frio.
Vai ter eu andando
do teu lado.
Vai ter minha mão
apertando a tua
e a minha alma
pra ti sempre nua.
Do meu lado...

⁠Diferente
de
nossos
joelhos
ralados,
no
coração
não
tem
como
assoprar,
dar
beijinho
ou
passar
Merthiolate.

⁠Eu sou o que sou,
A música que invento.
Seja riso ou lamento,
Minha testemunhaé o tempo.
Meu algoz e salvador.

Mar
abandonado
Pegadas
na
areia
a
vista
uma
sereia

⁠Hoje vou fugir do tradicional
chega de brisa, quero brasa
um pouco mais de cor

pintar os lábios de carmim
me vestir de céu
descer do salto, voar bem alto

se facilitar, arranco as assas
viro vento, ventania
e faço a noite virar dia.

Nem eram tão lindos
os degraus da minha escada,
mais rústicos por certo...
Não haviam flores por lá,
mas tinha um corrimão ao meio
onde por muitas vezes me segurei
depois de longa caminhada.
E ao chegar lá no topo,
sentava e tinha diante de meus olhos
a mais linda vista da cidade.
A expectativa sempre era imensa,
o coração quase a sair pela boca...
A noite, fiel companheira.
A lua nem tanto, por vezes chovia,
eram esses, tempos felizes...
Noites de alegria.
O tempo passou,
e por lá está tudo diferente.
Aqui dentro também...
Hoje quando vejo uma escada assim
o corpo ainda treme,
o nó na garganta costumeiro,
fiel companheiro
não deixa eu me enganar...
Tem coisas que a gente guarda num cantinho qualquer
esperando esquecer, mas não tem como,
querer nem sempre é poder.
Que bom seria poder arrancar o sentimento,
jogar fora, ou dar de presente pra alguém sem coração,
mas não, não, não...
Esse sentimento é meu
e por mais que eu fique velhinha,
essa dor é só minha, dela eu não abro mão!

⁠A noite a luz da lua
no leito em desalinho
languida te escondes.

Entre xales e lençóis
a pobreza do que somos,
dois eternos enamorados
que a distância nos amamos.

Teus lábios,
duas pétalas de flor
orvalhados de amargura
contam segredos as paredes
neste quarto em bolor.

⁠A moça dos girassóis
dos doces poemas
do espírito de flor.

Gira, gira, gira...

Em noites pequenas
busca em vão
seu príncipe poeta,
levado pelo vento
num cavalo alado.

Gira, gira, gira...

A moça e sua sina,
nos girassóis
encontra abrigo,
acariciada pelo vento,
sussurrando-lhe segredos.

Gira, gira, gira...

Ali descansa e arquiteta
um novo poema
em tributo ao seu poeta.

Gira, gira, gira...

A moça dos girassóis
dos doces poemas
do espírito de flor...

Gira, gira, gira-só.