Coleção pessoal de CarlaGP
"Como qualquer outra realidade anímica, a burrice deixa rastros somáticos. O bom psicólogo percebe na pessoa burra uma ausência de frêmito diante de coisas objetivamente belas, uma opacidade no olhar diante de coisas fulgurantes para a inteligência até mesmo do homem comum. Esta inapetência para a verdade e para a bondade predispõe psiquicamente o burro a uma vida moral medíocre, a qual, cedo ou tarde, poderá fazê-lo transformar-se num canalha de estrita observância.
Noutras palavras, há certa conaturalidade entre o burro e a astúcia barata.
Seja como for, a burrice não é o destino ontológico do homem. Por esta razão, com exceção dos casos miraculosos, a burrice faz muito mal à saúde da alma — com ressonâncias no corpo perceptíveis para quem tenha olhos de ver.
O burro é uma raposa em potência, mas ninguém se engane: não se trata de alguém inofensivo. A sua apatia ante o bem pode, aos poucos, transformar-se em volúpia pelo mal.
Quem o identifica logo nos primeiros sinais que dá, evita muitos problemas.
Em qualquer dos casos, a burrice é um grande mistério metafísico, ainda que possa ser analisada na perspectiva neurológica".
"Leveza é não dar demasiado peso às coisas; leviandade é tirar das coisas o peso que realmente têm".
"A matéria do arrependimento é a má-intenção, e não as coisas que simplesmente não deram certo.A razão pela qual poucos se arrependem é porque não enxergam a malícia do seu próprio coração. No melhor dos casos sentem remorso do mal que fizeram, sim, mas não da má-intenção com que o fizeram, pois se julgam melhores do que são.
Para uma pessoa se arrepender é preciso ver-se má, caso contrário viverá e morrerá mentindo para si mesma".
"Maldita é a época em que os mestres bajulam seus discípulos para obter vantagens financeiras ou favores pessoais".