Coleção pessoal de cancioneiro1990

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Já acabou o dia que esta por vir,
Esboço informe do concreto irreal.
Tudo. Tudo cessa dentro de mim;
No silêncio noturno sepulcral.

No ensejo de ver-te sem ver-lhe
A face bela de sorriso afável.
Brinco que sonho de dizer-lhe
Sentindo o calor do teu abraço.

Fotografo a penumbra de minh’alma
Na noite fagueira de uma data sem ano.
Escondo-me sempre na tua calma...
Sussurrando digo que, Eu Te Amo.

Minh’alma de pijama
Sem dormir, nem sossegar.
Quer apenas a lembrança
De não ter o que lembrar.

No mar interno que existe em mim,
Ouço vagas no vai e vem.
E não sei porque sofro assim
Se em mim não há ninguém.

Já vem a manhã
Escurecer-me a vida.
Na dor pungente e vã...
Orla da praia esquecida.

Meu fardo pesa... eu sinto desânimo
E algo abstrato me sufoca tanto;
Quem sou... Um anônimo?
Às vezes creio que sou um sonho.

Não me pergunte o motivo disso!
Não sinta pena, não me acolha!
Tudo passa, tudo é omisso;
A vida corre e o tempo voa.

Por fim, lúcido e ausente
Recolho-me para o leito amigo.
Cansado e descontente,
Durmo, o meu sono ambíguo.

Leve sono que me envolve
Na noite igual de outras eras.
Passos lentos, pensar estático,
Rabiscos vãos de qualquer quimera.

Na noite alta, há clareza excelsa,
Feixes de luz brincam de existir.
Como a criança doente que morre aos poucos
E brinca sorrindo antes de partir.

Há sempre mais do que não pode haver.
Há mais cansaço do que cabe em mim;
Eu junto figurinhas, sem saber...
Que nada é isso e tudo é fim.

Aceso o Romântismo
Há tempos descartado,
Por um montante de átomos doentes, distribuídos
sobre uma estrutura óssea frágil, Eu Divago:

O prazer do impulso fisiológico
Descartável, ignóbil e indiferente;
Na éra do cérebro oco coletivo
É o Nirvana dessa gente.

Há quem pense e há quem goste
Da comitiva complacente da decadência.
Brindando-lhe Vivas! Ofertando-lhe Flores!
Tudo proveniente do jardim lamacento de aparências.

Ó Solidão! Companheira minha,
Que dá-me sempre clareza da vil sedução.
Jamais seguirei a via única dessa gente!
Optarei sempre por sua contramão.

A vida é um prenunciado de despedidas.
Cheia de reminiscências que jamais serão esquecidas!

Alinhe a lanterna da percepção na direção do seu coração e capte o sentimento atemporal que se revelar.

Jovem taciturno de febril empatia
Pelo transeunte na tarde outonal;
Dizei-me a razão da tua alegria
E Outorgai-me a cálida madrigal!

Ah, ampara-me, pois careço
De um afago que jamais terei.
Sei que vivo em um sonho avesso
À felicidade que desejei.

Para acordar para vida
É preciso nela não dormir.
Deixando no passar dos dias
A tristeza que lhe faz sorrir.

Ó jovem taciturno, eu lhe imploro!
No ultimo folego que ainda me resta:
Beija tua amada e contínua simplório,
Faz de cada instante uma memorável seresta!

O palco da vida
É um constante vai e vem.
Somos interpretes de uma lida,
Aplaudida por ninguém.

Na minha vida fui o figurante.
O seu protagonista foi outro, não eu.
Talvez a abdicação, o tédio, o sonho infante!
Velho entusiasmo que desfaleceu.

Sou aquele que esta sempre ao canto
Esperando a hora de ir embora.
E que aguarda com a avidez de um santo
O momento oportuno do abrir da porta.

Uma nova aurora, um novo ciclo;
Talvez quem sabe um nada novo!
Tudo contínua, eu inexisto,
Na hora confusa de agora há pouco.

A minha paisagem interna são rabiscos.
Transfixa o que sinto e o que esqueço;
Inaudíveis lamentos imprecisos.
Sigo inerte. Encontro-me e me perco!


Sou como uma bússola sem eixo Norte-Sul.
Um livro não escrito, uma dor não sentida.
Algo intangível, inacessível azul
Do além, do aquém. Ventura sonhada e não vivida.

Perplexo sorrio no meu desalinho.
Torpor constante e involuntário;
Disperso de tudo, sinto o teu carinho
No esquecido templo mortuário.

Eu mergulhei no profundo do nada.
Tentei extrair a essência do que nunca existiu;
Foi só uma ilusão a mão que me afagava
E o rosto pálido que nunca me sorriu.

Sigo remoendo o desejo de não querer sentir.
Não sou capaz de transmitir a mensagem que grita em meu coração.
Canso, desespero-me e quero ardorosamente dormir
E ter um sono tranquilo, como o daqueles que se vão.

Então eu choro, e contemplo a luz da vela se apagar.
No deserto escuro do meu pesar, raiou uma luz, uma lembrança
Que começou a latejar, a soar e a ecoar;
Com uma voz meiga e delicada de criança,
Lembrança da minha infância, dizendo: - Esperança... Esperança...

No desmaiar da tarde,
Quando insone estou pensando.
Sinto um desespero, uma Saudade;
Da minha vida, que vai passando.

Sou diferente de TODOS!
Sou único e empático.
Propago como um acorde solto
Indo e vindo, Diastrático!

Mas essa dor de não ter
O acalanto que me valha!
Sinto sempre que estou a perder;
Fico só. À beira da praia.

Mas deixa... tudo é nulo!
O meu querer e o meu não ter.
Se fosse-me dado mais um segundo
Eu passaria com Você!

Penso tanto... tanto nela.
De contínuo, mas enfim!
Olho triste pela janela...
Ah... sera que ela pensa em mim?

Ausento-me de mim mesmo.
Com o pensamento eu corro!
Alegro-me quando de súbito vejo,
Os traços inocentes do seu rosto.

Ah... mas se ela soubesse,
O quanto me dói sentir!
Ah... mas e se ela dissesse:
- Eu sinto o mesmo por ti.

Quando recomponho-me,
Julgo não saber ao certo o que vi.
E ao espelho fitando-me...
Noto, que estou a sorrir.

Penso tanto... tanto nela!
Constantemente, mas no fim;
Fecho triste a janela
E esqueço-me de mim.

Conta-me uma piada! quando eu, de tão triste, não quiser sorrir.
Me norteia! quando eu não tiver para onde ir;
Abraça-me! quando eu desesperado desejar sumir.
Beija-me agora! enquanto Eu, ainda estou aqui.

À Ana Luzia Diniz Borges (minha avó)

Acróstico.

Luz que cobriu o céu de afago.
Ungiu de alegria o coração angustiado;
Zeloso tornei-me em adornar-te..
Incapaz tornou-se a covardia.
Amor! desfez a minha vida vazia.

Contarei o que não vi...
Falarei do que não sei.
Terei a vida que não vivi;
Serei o sonho, que não sonhei.

Distante estou de mim.
À margem de ninguém vou vagueando;
Será que cheguei ao fim?
Ou será que estou voltando?

Efêmero e irresoluto é o meu pensar!
Ah... deixai-me aqui sozinho.
Qualquer hora acho o caminho...
Agora, quero apenas despertar!

Vem! abraça-me
E diz que vai passar.
Diz! bem devagar
Ainda, que seja só por falar.

O ser impassível aproxima-se.
A hora derradeira é chegada!
É tão escuro, nessa estrada...
E você chora e não diz nada.

O ser abiótico me beija e me leva
Para o além de TUDO.
Ah... mas agora eu entendo,
O teu abraço mudo.

É verão e eu estou triste.
Como se eu não ficasse em outra estação...
Não enxergo a beleza, nem amores;
Não ouço nenhuma canção.

Tudo o que eu quis,
Não passou de querer.
Tudo o que eu fiz
Foi só por Você.

Agora, não vejo nada que me atraia.
Não sinto nada que me alente;
Só contemplo a solidão da praia
E não há nada de contente.

Por detrás da montanha do tédio,
Existe um mar escuro, uma vaga bem fria;
E no prelúdio linear da vida,
É tão pungente minha agonia.

Esvazio o meu coração e só me resta a solidão.