Coleção pessoal de CamillaGoes
Amo teus olhos que me veem e me tomam
Como duas flechas afiadas que me fincam
Amo teus braços que armados me domam
E me atiram ao tempo que me dominam
Amo tua voz que me sussurra e me grita
Amo tua pele que me aquece e me arrepia
Amo teu cabelo que de tão forte me puxa
Amo tua boca que na minha pele gruda
E, como amo, alimento em ti meus desejos
E tu consomes o que te entrego, o que te faço e o que te vejo
Mas loucura pensar que tanto o que amo não é nada além de mero texto
Soneto da saudade e um bilhete de uma neta saudosa pós-pandemia
Tua voz ecoa em meus ouvidos
E tua risada em minha mente repousa
Mas a canção que toca ao alvedrio
É a saudade que minh’alma magoa
Que saudade do teu abraço amigo
Que saudade da tua prosa boa
Que saudade de me estar aí contigo
E eu te falo como se falasse à toa
Pois é bobagem esse meu tom saudoso
Como se tão longe estivesse de teus braços
Quando só me basta um pequeno passo
E estarei contigo, meu avô, de novo
E te preparas que esse teu peito de aço
Que és fera, mas que conheço os pedaços
Irá suavemente me abraçar
Pois se te encontro, tão cedo não te largo
E a saudade dos dias já passados
Há de ir, para nunca mais voltar
Ps: eu chegarei na próxima tarde, anuncio antes para logo me esperar. É que já não aguento mais a saudade e não vejo a hora de ir te encontrar. Beijos e até mais, te cuida, que eu chego já.
Força do pensar
Águia estranha, o que te guia?
Sem o intervalo da despedida
Tua nova presa finda ao acordar
Se tu falas ao vento tua lida
Se estala a sorte que te movia
Tornas o que se passa a amedrontar
Mas se tu ages, porém, na surdina
Sem alardes e sem serpentina
Com a graça do silêncio a observar
Tu atrais a vitória sobre uma vida
Pois a força que, então, te guia
É o irremediável poder do pensar
Esse instante intenso de vontade
De delírio, sorte e intimidade
De encontro do nosso rio com nosso mar
É esse tempo que na luz se abate
Que na medição não possui metragem
Que atrai o que estamos a vibrar
Penso tenso, denso lenço
Escorre a lágrima da saudade
O que me tinhas era vaidade
O que me vens é o pe(n)sar.
O amor
O amor
Esse silêncio maduro da temperança
Do exagero na confiança
Do saltar vendado
Só para sentir
O amor
Esse velho desordeiro insone
Que arruma o que nos consome
Que nos paira acordados
Só para sorrir
O amor
Esse macio que até machuca
Sempre escolhe ser o nunca
Viver intenso eternizado
Só para suprir
O amor
Que tanto cala quanto prende
Quanto mais usado mais se estende
Ocorre de viver acorrentado
Só para sumir
Eu e você
separados espacialmente, unidos pela alma.
O tempo nos castiga, nos amadurece.
Mostra o quão forte é esse amor e o que o reveste.
O embate entre o real e o imaginário é constante.
Passamos a flutuar entre pensamentos e devaneios,
Entre palavras e sonhos.
As divergências convergem e o côncavo parece convexo.
As armaduras caem e se revestem.
As flores desabrocham e voltam a se fechar.
As lindas palavras de amor ressoam dentro de nossas mentes
E abrem poros por onde a verdade deste amor faz morada.
É hora. Chegou a hora.
Estaremos juntos, independente do tamanho da montanha.
Residimos no nosso abraço, no encaixe do nosso beijo,
No encontro de nossos corpos nossas almas se conectam.
Mas não tão somente em carne.
Nosso amor ultrapassa. Eu te sinto, você me sente.
Você lê meus pensamentos, leio a sua mente.
Somos dois, somos um.
Seremos muitos, seremos família.
Sentimento que consome, corrói.
Sentimento que por vezes nos deixa imóvel,
Por vezes, nos leva à inquietude.
O que será que acontece?
O que acontecerá?
Sem saber o que acontece
Permaneço no mesmo lugar.
É culpa da ausência, quem é o culpado?
Não sei a resposta
Sinto a falta, onde está você?
O toque, o cheiro,
O calor, o beijo,
Ainda resta dúvida do amor?
O abraço, o carinho,
Teu sorriso...
Quero estar ao teu lado,
Mas não posso.
Até quando vai durar?
Outra resposta que não sei.
Só sei que do meu amor,
Nunca duvidarei.