Coleção pessoal de camilart
Estamos passando por um momento ruim e acreditamos que para sempre assim será. Ou então, conscientizamos-nos que é só um uma maré perversa e que logo passará. Aliás, tudo passa. O tempo cura tudo. Não é o que sempre nos dizem? Doce ilusão. Nada passa. Tudo fica. Reprimido e latente, dentro de nós. Cada dor e cada sorriso vão nos estabelecendo como seres humanos. Não passa, permanece - só que não conscientemente. Tolice a nossa acreditar que tudo passa e que amanhã será um novo lindo dia e toda a dor não nos pertencerá mais. A dor permanece, mas ela cessa, adormece em nós. E enquanto essa dor cochila, continuamos a viver feliz. E é exatamente aí que se encontra o perigo, não sabemos ao certo quando ela despertará.
O mundo está de cabeça para baixo. Ou a vida me virou do avesso? Sinto-me desequilibrada. As coisas deveriam ser mais simples, penso eu. Seremos nós, humanos desajeitados e sentimentais, que complicamos tanto as coisas? Não sei. No momento, assim que estou. Sentindo-me um ser mal intencionado e imperfeito que só pensa em ser feliz, nada mais. Simples assim. Enfrentando tempestades e desacertos, busco encontrar-me por aí. Busco redescobrir novamente o meu verdadeiro eu. Mas se o avesso for o meu lado certo? Portanto, sigo assim. Cansaço de buscar encontros em meio a desencontros. Serei feliz ao avesso, ao contrário, ao antagônico ou igual a qualquer outro sinônimo que baste. O autoconhecimento, às vezes, enjoa. Perder-se de si próprio, sem previsão de reencontro, deve valer a pena.
Até onde poderia aguentar? Não se sabe. Mas ela sabia que estava no seu limite. O corpo começou a pedir arrego, o coração queria desacelerar e a mente simplesmente relaxar. A vida cansa a gente, não? Ou será que a gente cansa a vida? Afinal, o que é viver? Não se sabe ao certo. Mas ela sabia que estava cansada. Era mais tristeza do que alegria, e isso ela tinha certeza que não fazia sentido. Mas, afinal, a vida há de ter um sentido? Se são os sentimentos que nos movem e nos exigem investimentos de energia psíquica, por que procurar uma razão? Não importa. Ela simplesmente cansou. Cansou de sua rotina, cansou dos seus amigos, cansou do seu trabalho, cansou até mesmo de si. E cansar de si é o suficiente para desacreditar em si. Desacreditar que amanhã tudo será diferente e que um lindo dia de sol brilhará sobre seu corpo, mente e alma. É tão mais fácil desistir, deixar pra lá, desacelerar. Seguir em frente requer mais de nós. Simplesmente ela está cansada. Não quer mais. Pronto, já chega, acabou. Apaguem as luzes, desliguem os sons, fechem a porta. Ela quer apenas dormir. Suas pálpebras se fecham, sua respiração sossega, seu corpo está imune. O inconsciente a chama. O mundo onírico a convoca a viver seu mundo de fantasias, alegrias e intensa felicidade. Silêncio. Não ousem acordá-la. Deixem-na dormir tranquila. Amanhã será um novo dia e tudo há de ser como antes.
Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro esquecem do presente de forma que acabam por não viver nem no presente nem no futuro. E vivem como se nunca fossem morrer... e morrem como se nunca tivessem vivido.
A única pessoa a quem devo dar satisfações é a mim próprio e, dentro de certas limitações, eu me sinto relativamente cumprido com o que fiz de mim mesmo. Entenda isso.
Eu desisto fácil, você sabe. E talvez essa viagem não dure mais do que alguns minutos, mas eu entro nesse barco, é só me pedir. Mesmo se esse barco estiver furado eu vou, basta me pedir. Mas a gente tem que afundar junto e descobrir que é possível nadar junto. Mas você tem que me prometer que vai tentar, que vai se esforçar, que vai remar enquanto for preciso, enquanto tiver forças. Você tem que me prometer que essa viagem não vai ser a toa (...) Que por você vale a pena. Que por nós vale a pena. Remar. Re-amar. Amar.
Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?
Que minha solidão me sirva de companhia.
que eu tenha a coragem de me enfrentar.
que eu saiba ficar com o nada
e mesmo assim me sentir
como se estivesse plena de tudo.
Sou como você me vê.
Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania,
Depende de quando e como você me vê passar.
Sim, minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem das grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite.
Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.
Fizeram a gente acreditar que amor mesmo, amor pra valer, só acontece uma vez, geralmente antes dos 30 anos. Não contaram pra nós que amor não é racionado nem chega com hora marcada.
Fizeram a gente acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade. Não contaram que já nascemos inteiros, que ninguém em nossa vida merece carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta: a gente cresce através da gente mesmo. Se estivermos em boa companhia, é só mais rápido.
Fizeram a gente acreditar numa fórmula chamada "dois em um", duas pessoas pensando igual, agindo igual, que isso era que funcionava. Não nos contaram que isso tem nome: anulação. Que só sendo indivíduos com personalidade própria é que poderemos ter uma relação saudável.
Fizeram a gente acreditar que casamento é obrigatório e que desejos fora de hora devem ser reprimidos. Fizeram a gente acreditar que os bonitos e magros são mais amados, que os que transam pouco são caretas, que os que transam muito não são confiáveis, e que sempre haverá um chinelo velho para um pé torto. Ninguém nos disse que chinelos velhos também têm seu valor, já que não nos machucam, e que existe mais cabeças tortas do que pés.
Fizeram a gente acreditar que só há uma fórmula de ser feliz, a mesma para todos, e os que escapam dela estão condenados à marginalidade. Não nos contaram que estas fórmulas dão errado, frustram as pessoas, são alienantes, e que poderíamos tentar outras alternativas menos convencionais.