Coleção pessoal de CamilaConsoni
Que a vida ensine que tão
ou mais difícil do que ter razão, é saber tê-la.
Que o abraço abrace.
Que o perdão perdoe.
Que tudo vire verbo e verbe.
Verde. Como a esperança.
Pois, do jeito que o mundo vai,
dá vontade de apagar e começar tudo de novo...
Que ilusão a minha de achar que a árvore
se mantém para sempre ereta, firme e forte…
As raízes se não bem cuidadas, perdem a força…
Se não cultivadas,
Banhadas de sol, de chuva, de luz e calor
se esvaem como o tempo e o vento que tudo levam…
Um dia acordei e percebi que não estava ali por ter raízes,
Estava ali por estar..
Pelo ficar…
Pelo cômoda sensação falsa de lar…
Pelo meu querer acreditar…
Mas, o vento levou…
O tempo passou..
Eu também passei!!!
Apenas me deixei ficar,
porém, sem mais estar…
Hoje, percebi que as minhas raízes não estão no chão…
Não estão no ali..
Elas estão no que está por vir…
É hora de partir!
Experimentar outros solos, noutras terras
Frutificar e criar novos frutos…
Se alguma coisa se te opõe e te fere, deixa crescer. É que estás a ganhar raízes e a mudar. Abençoado ferimento que te faz parir de ti próprio.
Vai, menina, fecha os olhos. Solta os cabelos. Joga a vida. Como quem não tem o que perder. Como quem não aposta. Como quem brinca, somente.
O Amor de Dudu nas Águas
Estou virando uma menina
tornada mulherinha
com tanta coleirinha
de maturidade
ainda assim me sinto parida agora
tenra, maçã nova
nova Eva novo pecado.
Tudo gira e eu renasço menina
vestido curto na alma de dentro...
Deixo no mar os velhos adereços
a velha cristaleira, os velhos vícios
as caducas mágoas.
Nasce a mulher-menina de se amar
com água no ventre e no olhar.
Nasce a Doudou das Águas.
É que de vez em quando a gente precisa:
Um colo travesseiro, um abraço cobertor... e deixar chover, enquanto é tempo de chuva dentro da gente.
E nessa de cuidar, vou cuidar de mim. De mim, do meu coração e dessa minha mania de amar demais, de querer demais, de esperar demais. Dessa minha mania tão boba de amar errado.
O que me interessa no amor, não é apenas o que ele me dá, mas principalmente, o que ele tira de mim: a carência, a ilusão de autossuficiência, a solidão maciça, a boemia exacerbada para suprir vazios. Ele me tira essa disponibilidade eterna para qualquer um, para qualquer coisa, a qualquer hora. O amor tira de mim a armadura, pois não consigo controlar a vulnerabilidade que vem com ele. E é por isso que o amor me assombra tanto quanto delicia. Porque eu não posso fingir que quero estar sozinha quando o meu ser transborda companhia.