Coleção pessoal de Calianalove
A dor está em meu peito.
Está em meus olhos vejo no espelho.
Eu sem você me perco.
É duro pensar em seus beijos.
O caminho de casa é mais longo nos últimos tempos.
E tudo que vejo, eu te vejo.
Quero te ter no futuro o presente está duro e o passado eu destruo.
Sem você eu sucumbo eu definho e nada mais tem sentido, mas em um dado momento eu desperto e percebo que você se foi e levou tudo que menosprezo.
Vejo crianças!
Vejo crianças descalças.
Vejo crianças sem amor em casa.
Vejo crianças soltando pipa pros caras
Vejo crianças com rádios vendendo as paradas.
Vejo crianças armadas.
Vejo crianças fazendo desgraças
Ainda vejo crianças?
Uma hora a tempestade evapora.
As ilusões vão embora.
A graça se desfaz na desgraça.
O que era belo, belo não lhe parece mais.
O que resta são as lembranças do que não foi vivido e a saudade do que era apenas vicio.
Me distorce
Me contorce
Me acode
Me assola
Me apavora
Em um estalo de dedos ou em alguma horas.
Me quebra
Me cola
Me rasga
Me amassa
Me passa
Com ferro frio ou em brasa.
Se entregar sem trava.
Se entregar com alma.
Secar o choro e sorri para o palhaço bater palma.
Isso estraga, corrói e mata.
Um terreno vazio que era de barro e não tinha vizinho. Foi habitado com um barraquinho feito de pau- a- pique e muito frio. Nele tinha um menininho sujo e maltrapilho, passava o dia inteiro brincando com terra sem saber a hora de encher o buchinho. Não durou muito e já tinha amiguinhos e a garrafa pet era o brinquedo favorito, passavam o dia chutando pra quem sabe virar jogador famoso e ter um dinheirinho.
Logo eles cresceram e escolheram seus destinos, alguns ficaram velhinhos outros com suas escolhas foram sumindo.
Vejo um velho com fome, com frio escorraçado, sozinho, segurando suas calças e inebriado em seus delírios.
O que foi feito da vida desse velhinho?
Será que deixou de ser pai ou marido?
Sociedade hipócrita que não cuida de seus presentes passados que deixa largado seus filhos!
O que há de mais íntimo senão os pensamentos, você os vê olhando em meus olhos.
Tira a pureza tocando em minha alma.
Enche meu ventre com o que de você exala.
Tem o dom de tirar meu chão dando as costas e indo embora.
Qual vai ser o tom da nossa música?
Si, Lá?
Dó ?
Ou Ré?
Não sei cantar, só sei rimar, a nossa história de vida um pouco sem fé.
Amor nem sempre se dá.
Amor nem sempre vale a pena cultivar.
Qual vai ser o tom da nossa música?
Si, Lá?
Dó ?
Ou Ré?
Tentei cantar pra te encontrar.
Nossa música não tem tom só alguém desafinado fazendo um som.
Você desperta em mim o que a de mais puro e obsceno.
Me pega feito criança me faz ninar em seus braços, fazendo esquecer o dia agitado.
Fala ao pé do ouvido o que quer comigo, fico excitada com seu aconchego, mas me faço de rogada, cansada mais por fim sedo aos meus desejos e aos seus carinhos e abraços.
Amor tempestivo.
Amor sem juízo.
Amor que dá até medo de ser vivido.
Amor que transforma os sapinhos.
Amor que de um taque tira o equilíbrio.
O amor dessa menina é igual fogo que de tão quente derrete até um iceberg.
Amor compulsivo.
Amor sem medida.
Mas quem dele vive não mais hesita.
Menina um dia você irá perder a frescura,irá perder a doçura e trocará os vestidos o tamanho dos brincos a altura dos saltos até quem sabe mude a bebida do copo de uma cor aos olhos um sabor aos seus lábios, mas se um dia vir a mudar de lado, não use ou não mude nada do que foi mencionado e prefira dar uma coçada no saco, ter o cabelo raspado e um boné de lado, ainda sim será uma menina amadurecendo com as escolhas da vida.
Se eu fosse qualquer coisa, qualquer coisa dá no chão, feito merda de passarinho que cai virando plantação.
Se de sementes frutos nascem quem dirá um embrião, crescem com um mesmo destino um dia ir para o chão.
O fruto amado está acuado no ventre performático do amor restaurado.
O fruto sonhado aonde está?
Escorre pela perna dilacerando a alma e fazendo ecoar a dor eterna.
Menina bonita da cabeça virada, que só faz piada sem graça e que acha graça em viver.
Mesmo que a vida seja um pouco torta ou invertida um pouco suja ou invasiva, mas que nunca perda sua alma de menina vivendo uma vida de mulher.
Queria sentir o seu cheiro mesmo que fosse os dos meus dedos.
Queria sentir o seu sabor mesmo que fosse o da minha boca.
Mas o tempo passou e levou tudo até mesmo as lembranças.
Moça bonita.
Moça vendida.
Moça que trabalha de noite e de dia, rodando a bolsinha na esquina.
Moça que fica com a boca rosinha e com as pernas doidas do movimento intenso do ato que excita.
Porque tu trepas trepadeira?
Trepa em tudo até na cerca.
Trepa trepadeira tu consome tudo que a cerca e não só trepa pela beira.
Quem te podas trepadeira?
O que seria do mundo sem um ventre?
O que seria de um bebê sem seu leite?
O que seria de nós sem uma mente?
O que seria da humanidade sem o amor pulsando em um coração ardente?
Filhos do Brasil
Pequenos cantos viram casa.O sol os arrasa e a chuva os desgraça. O cheiro de comida,só os mata, não tomam banho de pirraça, pois tem água na calçada. Seu mau cheiro os escorraça; educação está escassa, pedem dinheiro de palhaçada. Fingem que são invisíveis, alguns cometem crimes, por malícia e outros, por necessidade de vida. São de todos os tamanhos e a maioria de uma cor. Tem uns que conseguem se arrumar na favela e os que não esperam a hora de pegarem uma doença e ver a sua partida certa. A miséria foi sempre sua sina e a rua sempre sua casa.