Coleção pessoal de caiorossan
E nesse sombreado,
nem tão armado;
tua sombra não me assombra
nem a brisa é indecisa
ela leva e me diz: releva!
e lá eu descanso,
eu me espanto,
eu entro em prantos.
o soprar do vento,
o canto de um pássaro,
as folhas secas que viram pó
quando eu piso.
piso.
na sombra.
3.1
Os anos estão passando Rossan.
E você não reclamará do que não viveu.
Acordou a tempo.
Gratidão a Deus por todas as bênçãos.
Que Deus me proteja do mal (e dos maus).
Aos 1.3 eu não me sentia bem sob minha pele. E na tristeza, pensei em desistir. Hoje, com os números invertidos, quero 3.1 x4, x5.
A vida é um ciclo, alguns se fecham, outros se abrem, o que importa é estar em movimento, é ser o vento, é ser vendaval, é ser brisa. Tempestade e calmaria.
É assim que traduzo. Sem emoção, não teria graça.
Me reconheço e me conheço cada vez mais, com grande orgulho de quem sou, de onde estou, de quem eu era, de quem serei. Acredita que tem gente que não se conhece?
Pois sou assim, multifacetado, cada vez mais resiliente, verdadeiro, livre, intenso, leal, sensitivo, íntegro, justo e organizado. Busco cada vez mais por qualidade e não por quantidade. Por companheiros para sempre e não por temporadas ou episódios. Não mantenho aparências, nem finjo costume, sou 8 ou 80.
O tempo é valioso demais para cedê-lo para quem não acrescenta verdadeiramente.
Um mantra necessário: não demandar energia para quem tem a habilidade de suga-la. E as vezes, o melhor caminho é se anular e ser indiferente. Logo, perde quem gerou esse efeito.
Cara, sou valioso demais. E é ótima a sensação de saber disso. Assim, a gente se torna praticamente inatingível.
Quer somar, se achegue. Não quer? Suma.
É preciso ser corajoso para vencer, para ser feliz. É isso, ser feliz, viver, nos exige só uma coisa: coragem.
Rossan, Rossan...
Já faz um ano desde o último dia pré-feriado da Independência? É, meu amigo, parece que sim. Um ano, Sr. Caio... Um ano.
Não me falaram com clareza sobre isso e talvez você discorde comigo, mas o sabor da maturidade é um tanto azedo, amargo e às vezes é difícil de engolir. Mas até no azedume é possível encontrar doçuras. Doçuras que tomam a forma com a felicidade do que se vê diante do espelho. Claro que envelhecer fisicamente bem, tem sido uma massagem extra ao ego, mas o melhor de tudo é me orgulhar do que eu vejo, seja naquela ruga nem tão microscópica, ou naquele olhar marejado que esconde tanto e revela outros tantos. Um olhar despedaçado por vezes, mas que aprende, amadurece e que volta aos trilhos, com certa demora, é bem verdade. Um olhar que aprendeu a ser cuidadoso ao tocar o coração dos outros e que não quer ser o responsável por fazer a bagunça na vida de ninguém. De ninguém. Não vou escrever um texto bonitinho e politicamente correto, portanto, se é isso que você espera ler, é melhor parar por aqui. Aquele reflexo se atirou em situações novas, foi permissivo e guardou as próprias tropas. E aquele reflexo desmoronou, é verdade, mas o que valeu não foram as mágoas e rancores, mas o amadurecimento. Pra quem veio nessa vida para lutar pelos sonhos e com poucos recursos, não existe outra opção para crescer e ter a vitória do que levantar a cabeça, engolir o choro e seguir em frente. Novas pessoas surgiram, outras ainda surgem e tantas outras surgirão. Benéfico ou não, a cautela aumentou, embora o espírito aventureiro me impulsione a acreditar que não sentirei mais determinadas dores. Mas não dá, eu sei que elas virão, contudo, para evita-las, teria eu que ser uma ilha, algo impossível pra quem nasceu arquipélago. E modéstia à parte, feliz aquele que se aglomera comigo, enquanto se torna cada vez mais insignificante aquele que prefere a distância. Foi um ano onde reafirmei amizades, resgatei laços e conheci novas pessoas. Vivi momentos inesquecíveis com minha família, talvez bem mais do que nas últimas décadas. Acho que é o fator tempo... a certeza que ele está passando e a vida aqui também. Nessas quase três décadas, posso dizer que vivi com intensidade e fui mais corajoso do que covarde. Já paguei preços altos por erros de quando esse reflexo não era tão empático. Mas também já senti na pele o caco de vidro da falta de ética alheia, da maldade e do oportunismo me cortar sem o menor remorso. Hoje dói bem menos e que sempre doa, para que eu sempre me lembre do que é o melhor a se fazer e jamais me esqueça de ser o melhor que eu posso ser, não só para quem está ao meu lado, mas também para quem não está, e principalmente, ser o melhor para mim. Está vendo? Eu não morri. Não por uma doença, nem pelas feridas justas e injustas na alma. Sinto falta de quando o reflexo ali confiava com mais facilidade. E um sentimento estranho, como se eu não me reconhecesse, surge quando vejo fotos antigas. Quem eram aquelas pessoas? Quem era aquele rapaz? Quem eu sou, afinal? Eu sou aquele velho lobo que não se esqueceu da sua alcateia e que está se preparando para retornar com mais força. E que as abelhas estejam todas juntas, assim será mais fácil destruir a colmeia de uma só vez. E que Deus continue cuidando de mim, dessa maneira tão única. Logo eu, logo eu. E que eu possa sentir as orações das minhas avós Eunice e Isabel por muito, muito tempo. Ei, esse ano tem uma sexta-feira treze de outubro, você lembra? Acho que não. Nem disso, nem da promessa que fizemos. E que eu nunca perca o privilégio de aprender ensinando; Que eu consiga ser mais sensato quando eu for atacado; mais humorado quando falarem “verdades” escondidas numa inocente brincadeira; que eu tenha mais fibra com quem me magoar; que o que eu deixei no passado não tenha mais poder sobre mim; que o meu respirar fundo seja de alívio e que eu perca o fôlego de tanto amor recíproco; que eu me despeça do que me fez e faz mal; que eu encontre a paz na justiça; que eu crie mais pontes do que muros; que eu dê adeus às ilusões, mas não esqueça de que as pessoas não são iguais; que eu continue a me planejar, mas que eu também saiba surpreender. E que não tenha sido tempo perdido. Parabéns, Sr. Caio. Parabéns...
É provável que a gente fique mais exigente com o passar do tempo. Uma exigência diferente daquela antiga, que nos fadigava. Não mais uma exigência pra sermos os primeiros, e sim para sermos melhores. Cabe dizer também que a gente vai ficando chato (e quem tem alguns anos a mais que eu pode me dizer se isso é passageiro, ou não - by Caetano Veloso). Uma chatura que beira a impaciência com relações frias e superficiais. Gente dá medo, mas gente também tem coisa boa. Gente faz evoluir. Evoluir para a exigência que fundamenta as outras: a de ser feliz.
Estou caminhando para meu destino. Porém, no momento não sei qual é. E talvez, ninguém saiba.
Como desvendar as armadilhas do destino?
Sobreviver, e ser mais forte a cada dia.
Caminhos, contornados por pressões e expectativas.
Problemas, que tomam proporções absurdas quando se convive com ele.
Fel, o amargo sabor de quem lida com as consequências de suas escolhas.
Dúvidas, interrogações respondidas a medida que milhares surgem na mente.
Paz, onde ela está?
E o caminho continua, sendo seguido por muitos.
Muitos, os mesmos que seguiam lado a lado e que agora se distanciam, porque não possuem tantas dúvidas, porque fizeram boas escolhas, porque não sofrem com as consequências, porque não sentem o amargo fel impregnado na mucosa oral.
Caminham, sobrevivem, e os problemas?
Não são os mesmos. Não sentem a dor. A dor do outro é maior.
Aceno, o mesmo aceno dos corredores agora soam como uma despedida.
Logo, apenas mais um rosto.
Uma lembrança que jaz no esquecimento.
Acabou, acabou o sonho de possuir algo por mérito próprio, porque a primeira vez não foi brilhante.
Medo, a tensão que tira a vontade de experimentar, e perder de novo, e sentir a mesma dor, a mesma solidão.
Amor, sinônimo de decepção, de cegueira.
Frieza e força, uma combinação amargurada, o fruto do trauma.
Fé, acreditar naquilo que não se vê, acreditar que porventura o melhor está por vir.
Utopia. Realidade?
Martírio, súplica, chagas que foram abertas não na pele, mas na alma.
Ego, o eu que procura por uma estima.
Sonho, de abrir os olhos e acordar do pesadelo.
Desafio, de seguir em frente e aceitar o que é real.
Estou caminhando para meu destino.
Para onde o vento me levar.
Para onde o sorriso simpático esconde o entristecido na face.
Para novas cobranças. Para velhos fantasmas. Para aquilo que é imutável.
Aquilo.
Segredos que já não são mais segredos.
Desculpas que não serão aceitas.
Lágrimas. Fuga. Tempo.
Tempo que passou, que passará, mas que parece estar estagnado.
E no final do caminho, luz ou trevas.
Morte.
E quem ficou te observando, você perdeu de vista. Porque do topo não dá pra ver quem se acomodou lá embaixo
Não é o nosso governo, somos nós, esse fruto apodrecido de um lugar onde a dominação sobre o outro sempre ditou a massagem ao ego e não a simplicidade e honestidade.
Força. Essa energia que vem e nos motiva a seguir sempre em frente, mesmo com a crueldade do tempo e com as cicatrizes da alma. As etapas vão se cumprindo e novas missões são concedidas. Não dá pra respirar direito. Que bom! É uma delícia perder o fôlego. Força.
Sentimento Estranho
Caio Rossan
Que o Futebol é a paixão nacional disso eu não tenho dúvida. Basta lembrar que aquele 7x1 contra a Alemanha provocou uma comoção quase unânime. Comoção ou revolta? Eis a questão. Afinal, aquele 7x1 foi mais dolorido do que a corrupção que assola o país, o fato de estarmos aprisionados em nossa própria residência pelo medo de sair na rua e a crise da água, quem diria, no país com maior quantidade de água doce em seu território.
Não tenho dúvidas também que o que aconteceu com o Neymar provocou uma chacoalhada nos ânimos da brasileirada. Foi um sentimento estranho, não é mesmo? As pessoas colocam um peso tão grande sobre as costas de alguém e um dia essas costas quebram, se partem, desmoronam. Que coisa, foi até literal. E esse sentimento estranho também é de impunidade. Os juízes, aqueles que detêm o poder sobre o jogo, fazem o que querem, agem como bem entendem e enxergam a falta onde não há; em algumas situações até as enxergam, mas se cegam, “passam a mão na cabeça” e distribuem cartões para quem não merece.
Esse sentimento estranho é o reflexo do que acontece com o nosso mundo, em todos os setores onde vivemos, seja no trabalho ou no templo que você frequenta, seja na roda de colegas ou até entre sua família. A impunidade está aí, presente, não apenas latente, mas manifestada e duramente perceptível. Mas a questão é que nós nos acostumamos com a dor e não conseguimos senti-la com o peso devido. O mundo olha para ela e ela desfila, com um “tchauzinho” de miss.
É possível dizer também que essa revolta que vivenciamos na mídia, poderia não ser tão escancaradamente parcial. Esse povo nem sabe disfarçar. Péssimos atores. O pior é que tem gente que ainda acredita naquela atuação fajuta. A mídia se indignou tanto com o 7x1 que seria impossível o brasileiro esquecer que um dia ele existiu. A mesma mídia omissa e manipuladora, que cria sistemas e os destrói, que impulsiona heróis e que adora vê-los cair. Talvez porque a mídia saiba quem nos tornamos.
A debilidade do sistema econômico, a decadência da saúde, a falta de segurança. Fruto do desenvolvimento, da necessidade de criar mão-de-obra para exercer aquele trabalho nada escravo em empresas, em regimes dóceis e intimamente humanos, onde é possível prosperar e ter tempo para a família, para o lazer, até mesmo porque sempre sobrará dinheiro para tal. O fato é que as cidades inflaram e não houve planejamento para o bem-estar das pessoas. O que houve foi uma ilusão, uma ilusão amarga, cujo gosto é pior do que o fel. E com isso, o que nos tornamos? Cada vez menos cooperativos e mais ambiciosos, imediatistas e consumistas.
Adoráveis adoradores ávidos do jeito Lannister de ser (manipulações, egoísmo, arrogância, egocentrismo e sede extrema pelo poder). São pessoas com essas características que vemos ascender. E não adianta dar um de politicamente correto. São elas que queremos ser. É a cabeça das pessoas sendo alterada e ninguém está se dando conta disso. As pessoas não têm mais palavra. Elas olham nos seus olhos e mentem descaradamente. Estamos sob o domínio desses juízes. Onde estão os nossos valores? Esquecidos, como um sentimento estranho 24 horas depois. E aí você vê pessoas indo ás ruas motivados sabe-se lá porquê. Uma coisa é lutar por um governo melhor. Outra é caminhar com extremistas e compactuar com devaneios, como aquela faixa contra Paulo Freire. Aquilo não existiu, né?
A sensação que toma conta dos ares é de que o brasileiro esqueceu quem ele é. Esqueceu dos bons valores. Deixou de lado o senso crítico e a lógica, afinal, a água está acabando por culpa dos governos atuais, certo? E a corrupção, bem, ela não existia antes e quem quer entrar fará diferente, porque se você for um governante, você fará a diferença, certo? Talvez porque a corrupção não está impregnada em suas veias, nos mínimos detalhes diários. E Paulo Freire realmente deve ser esquecido, aquele homem cruel, com as barbas cheias do sangue daqueles que ele perseguiu durante a ditadura. Ditadura essa que precisa voltar, através de um golpe militar, pedido pela população. Essa é a nossa salvação. A última esperança. Talvez tenha sido por isso que o 7x1 doeu tanto. Era a única chance do brasileiro sorrir.
Depois de um tempo, a gente passa a enxergar o mundo de outra forma, sob uma nova ótica. Isso não nos faz melhores ou piores, apenas conscientes. Não sei até que ponto isso é bom ou ruim, essa coisa de perceber o que está nas entrelinhas. Só sei que esse mundo dá medo.
A insanidade humana não deveria consumir alguns com tanta intensidade, mas é revoltante perceber o quanto isso prejudica... quem é insano.