Coleção pessoal de cahmiy

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Meu primeiro erro foi desejar a felicidade; o outro, e que se perpetua em tudo que faço, é o fato de ser humana.
Como humana eu choro, eu rio, eu sofro, eu brinco, eu esqueço, eu recordo, eu machuco, eu caio, eu levanto, eu desisto, eu começo, eu tento, eu prossigo, eu existo...
Não sei se é melhor nunca ter existido; pra nunca ter q ser tudo isso e tentar melhorar, e tentar não errar, e tentar ser valente, e tentar agradecer àqueles que merecem todas as honras... quando magoei, não queria magoar... mas saibam que conviver com o fato de ter decepcionado os que me rodeiam é o pior castigo que se pode imaginar.
Eu queria ser boa. Queria poder fazer ter orgulho ao que me ama. Queria vencer e merecer a compreensão do que me rodeia, do que me acolhe e do que apesar de tudo, perdoa-me.
Eu queria poder merecer a felicidade.
Mas saibam que eu não mereço nada. Nem mesmo a pena de um passante ou o desprezo alheio.
Sei que só mereço a mim mesma, a minha própria existência.
Só mereço minha própria pena, o fato de ter que ser EU.

SORRIA

Sorria, embora seu coração esteja doendo
Sorria, mesmo que ele esteja partido
Quando há nuvens no céu
Você sobreviverá...

Se você apenas sorrir
Com seu medo e tristeza
Sorria e talvez amanhã
Você verá o sol vir brilhando para você...

Ilumine sua face com alegria
Esconda todo rastro de tristeza
Embora uma lágrima possa estar tão próxima
Este é o momento que você tem que continuar tentando

Sorria, pra que serve o choro?
Você descobrirá que a vida ainda vale a pena
Se você apenas sorrir...

Todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente.

FOI ASSIM...

Foi assim...
mas vou contar desde o início:
Ela já pensou que iria ser feliz, mas viu que não era verdade;
Ela pensou que não iria se recuperar, mas recuperou;
Ela não havia percebido, mas estava fortalecida;
Quando se deu conta, tinha desprezo por quem fora;
Quando percebeu, sentia orgulho por quem era;
Quando se esqueceu, lembrou-se de que havia esquecido...
Foi aí que ela entendeu: que não significava coisa alguma.
Mas então se tornou tranquila, e foi pega de surpresa.
Foi assim:
Ela não queria se apaixonar, mas se apaixonara;
Ela não queria amar, mas amava;
Ela tentava dizer pra si que não se importava, mas importava;
Ela tentava deixar de lado, mas não dava;
Ela lutava contra isso o tempo todo, mas sempre se via derrotada;
pelo invisível,
pelo intocável,
por ela mesma.
Não havia saída,
Não havia soluções;
senão, seguir vivendo...

A consciência da inconsciência da vida é o mais antigo imposto à inteligência. Há inteligências inconscientes - brilhos do espírito, correntes do entendimento, mistérios e filosofias - que têm o mesmo automatismo que os reflexos corpóreos, que a gestão que o fígado e os rins fazem de suas secreções.

Exteriorizar impressões é mais persuadirmo-nos de que as temos do que termo-las.

Saber interpor-se constantemente entre si próprio e as coisas é o mais alto grau de sabedoria e prudência.

Tudo quanto fazemos, na arte ou na vida, é a cópia imperfeita do que pensamos em fazer. Desdiz não só da perfeição externa, senão da perfeição interna; falha não só à regra do que deveria ser, senão à regra do que julgávamos que poderia ser. Somos ocos não só por dentro, senão também por fora, párias da antecipação e da promessa.

Sábio é quem monotoniza a existência, pois então cada pequeno incidente tem um privilégio de maravilha. O caçador de leões não tem aventura para além do terceiro leão. Para o meu cozinheiro monótono uma cena de bofetadas na rua tem sempre qualquer coisa de apocalipse modesto. Quem nunca saiu de Lisboa viaja no infinito no carro até Benfica, e, se um dia vai a Sintra, sente que viajou até Marte. O viajante que percorreu toda a terra não encontra de cinco mil milhas em diante novidade, porque encontra só coisas novas; outra vez a novidade, a velhice do eterno novo, mas o conceito abstracto de novidade ficou no mar com a segunda delas.

Tudo que se passa no onde vivemos é em nós que se passa. Tudo que cessa no que vemos é em nós que cessa.

A única atitude intelectual digna de uma criatura superior é a de uma calma e fria compaixão por tudo quanto não é ele próprio. Não que essa atitude tenha o mínimo cunho de justa e verdadeira; mas é tão invejável que é preciso tê-la.

Quero ignorado, e calmo
Por ignorado, e próprio
Por calmo, encher meus dias
De não querer mais deles.

Aos que a riqueza toca
O ouro irrita a pele.
Aos que a fama bafeja
Embacia-se a vida.

Aos que a felicidade
É sol, virá a noite.
Mas ao que nada espera
Tudo que vem é grato.

O gênio, o crime e a loucura, provêm, por igual, de uma anormalidade; representam, de diferentes maneiras, uma inadaptabilidade ao meio.

Conformar-se é submeter-se e vencer é conformar-se, ser vencido. Por isso toda a vitória é uma grosseria. Os vencedores perdem sempre todas as qualidades de desalento com o presente que os levaram à luta que lhes deu a vitória. Ficam satisfeitos, e satisfeito só pode estar aquele que se conforma, que não tem a mentalidade do vencedor. Vence só quem nunca consegue.

Possuir é perder. Sentir sem possuir é guardar, porque é extrair de uma coisa a sua essência.

Considerar a nossa maior angústia como um incidente sem importância, não só na vida do universo mas da nossa mesma alma, é o princípio da sabedoria.

Nunca sabemos quando somos sinceros. Talvez nunca o sejamos. E mesmo que sejamos sinceros hoje, amanhã podemos sê-lo por coisa contrária.

A vida é para nós o que concebemos dela. Para o rústico cujo campo lhe é tudo, esse campo é um império. Para o César cujo império lhe ainda é pouco, esse império é um campo. O pobre possui um império; o grande possui um campo. Na verdade, não possuímos mais que as nossas próprias sensações; nelas, pois, que não no que elas vêem, temos que fundamentar a realidade da nossa vida.

AUTOPSICOGRAFIA

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.

O próprio viver é morrer, porque não temos um dia a mais na nossa vida que não tenhamos, nisso, um dia a menos nela.