Coleção pessoal de Buarqueberque

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III
Ao fim do dia, a tarde já esmorecia e acendia
o lampejo de pálidas estrelas dispersas no ar
ele olhou-se e às feridas no corpo combalido
mas não se quedou, em reação galgou com fé
o alto do monte onde fazia-se outrora sacrifícios
ajoelhou-se diante da claridade e elevou a alma
assim obtendo cura, mas não por haver pedido
e sim porque humilde proclamou a si: nada sou!

V
Caminheiros não derrapam nas valas
Seguem convictos na estrada avante
Ainda que a hora ingrata do sol a pino
Ofusquem seus olhos estonteando-os

Concedida é a ocasião aos andantes
para que as suas almas translúcidas
resistam em face de tanta ofuscação
sentido que as move rumo à claridade

IV
Se atirares fora tuas armas
te afastarem de tuas formas opressivas
renunciares ao funesto autoritarismo
moderares teu linguajar ferino

se abraçares teu desafeto com sinceridade
acolheres de coração aberto a humildade
prestares assistência ao necessitado

se seguires à risca o caminho da retidão
reacenderás a luz em tua vida hoje obscura
tu brilharás na manhã como um sol a pino

II
Emoções são breves ao nos enviar
ao pretérito ou a um futuro incerto
mas, se sua mente divaga ao léu
o seu corpo estará aqui e agora

eis ser preciso expandir a consciência
estabelecer conexão com a magnitude
quantidade imperceptível desse tempo
seja transitória, repetitiva ou oscilatória

universal grandeza, vastidão e amplitude
que expõe o sentido intrínseco das coisas

Imaginas que os pedregulhos sob teus pés
maltrapilhos e maltratados
perdurarão por toda a estrada
porém, mais adiante estão camponeses
cobrindo de verde grama
este mesmo caminho
por onde irás passar.
Cumpri-te, pois, esperar
o tempo próprio para teres
tua estação.