Coleção pessoal de bruromero
Chove.
Você partiu.
O vinho acabou.
O chocolate enjoou.
As flores murcharam.
Eu chorei.
~~E o mundo não acabou.
Esta semente, esta chama em ti:
nasceste com ela?
Sabes que teu espírito assusta...
Aflora e não se apaga.
Não há rótulo para tua essência...
Haverá alguém que verdadeiramente te conhecerá?
Não se ouviu em fábulas nos mares,
não se leu nas estrelas.
És uma mistura heteróclita de amor,
fé, inconformismo e vontade de fazer.
Quando te acharei?
Viverei, ao menos um dia, contigo?
Ao menos no fim de todas as coisas
Estarão meus ossos aos seus?
Eram o Um e o Outro.
Falavam de tudo,
sobre tudo,
e podiam se completar:
Um ao Outro
e o Outro ao Um.
Até que chegou um amigo do Outro:
--Vocês são amigos?
E o Outro respondeu:
--Conhecidos.
O Um não reconhece o Outro até hoje.
Brigadeiro, terra, bicho e flor
Bolo de aniversário, pega-pega, casa de vó.
Bicicleta, livros, músicas e o primeiro amor
Merthiolate, cadernos de enquete, dominó.
Formação, trabalho, responsabilidade, da morte a dor
Mais juízo, menos tempo e o que resta é pó.
Só no sonho continuo inventor
[inventor de mim]
Alucine-se!
Em minhas curvas
com minhas cores
com meu ar de veludo!
Entregue-se!
Atravesse os rios de águas turvas
e declare seus amores...
Se esqueça de tudo!
Bateu uma nostalgia...
Ingrata, faminta, carniceira,
Possessiva e hóspede permanente.
Não trouxe nada na bagagem,
veio coberta de farrapos e fuligem,
sussurrando bêbadas bobagens.
Entrou sorrateira,
atravessou a casa e sentou-se na soleira
para respirar a última flor na roseira.
Olhou por cima do ombro
e fitando minha cara de assombro
esboçou um sorriso rubro.
Tal como quem esquadrinha uma alma
guiou-me com a calma
como se de minha criança fosse ama.
Apontou-me no espelho,
onde senti meu rosto velho
e meu espírito banhado em vermelho.
"Breve não virei, mas ela..."
"Aquela invejosa, fria e magricela...?"
"Não, a saudade: solitária donzela."
Foi-se conformada,
com a essência desabafada,
o andar lento e em paz mergulhada.
Infame! Deixou-me a pensar,
temer, tremer, caducar.
E quando a donzela chegou, pus-me a chorar.
"Seu rosto está cansado,
seu espírito abatido
e seu corpo enfraquecido..."
"E você está atrasada,
e apesar de toda arrumada
em seu âmago foi destruída!"
Cerrou o riso lívido
e enegreceu o olhar cálido:
"Amanhã já terá partido!"
Ah, sentença tão esperada
em bancos de praça, em orações suplicada,
"Agora sim, vida bandida! Está acabada!"
Passaram-se mais manhãs,
novas tardes colhendo hortelãs,
outra leva de noites órfãs.
Temos que ser o que somos,
aprumar nós mesmos
os nossos passos,
para mostrar que os loucos
são eles
Porque discutir, bater de frente, insistir
já não tá mais valendo a pena...
Tá cansando demais...
Vamos mostrar quem somos,
o que vestimos, contar os nossos sonhos
na paz de um pé de uvaia.
Não era chuva
era
pranto
Dor
parto
bastardo
indesejado
Todos os meus fantasmas
todas as mesmas esquinas
todos os meus amores
rodando na devastadora enxurrada
Fotografias na
estante,
todas
vivas
Meu coração
coração em pânico
minha alma
serena
Tinha eu
que ouvir sua voz,
outra
vez
Dizer finalmente
que lhe amava,
dizer finalmente
que lhe amei,
finalmente
Precisava de uma
tempestade
tempestade descomunal,
para limpar
de uma vez
as tormentas
do meu
espírito.
Sim:
Para tudo há um propósito...
Propositado ou não.
Sim, sim:
Existe uma razão
para todas as coisas,
até as irracionais.
É, sim:
Existe tempo pra tudo
debaixo do
céu...
Sempre tem...
Tempo bom e
tempo ruim.
Querer e não ter.
TER
e então
DEIXAR de QUERER.
Querer
E não PERMITIR-SE
ter.
TER
e não querer AGORA,
para depois
se CONTORCER
NA VONTADE
E talvez MORRER
REFERTO.
Deixei-lhe partes de mim.
Fragmentos invisíveis,
como brisa a tocar-lhe
a face.
Levei pouco
de ti.
O suficiente para
me fazer sorrir.
Dei-me conta de sua liberdade quando quis reter-lhe a mim.
Entendi que estava presa ao notar que não lhe deixava partir.
És livre.
Sim:
Cabelos caem,
A pele se desprende,
aos poucos todos cansam...
Devagar, muitos se rendem...
— E Maria?
Lá... dobrando as vírgulas
de algum lugar.
Praetensus!
Sua jornada é audaciosa
e sua alma impetuosa.
Pouco lhe importa
quem te ajuda.
Praetensus! Praetensus!
É teu ego que sobe
juntamente com sua arrogância esnobe
numa fumaça negra...
Em tudo foge à regra.
Praetensus! Praetensus!
Culpa est semper alterius!
O oco
É o eco
Que matamos.
É o sufoco,
É o beco
Onde caímos.
É o silêncio triste
De um canoro harmonioso.
Tem coisas que acontecem para simplesmente passarem por nós... Deixai-as passar! Não se deve perder tempo em tentar compreender o que no momento não nos é revelado...
Cada manhã
Cada ocaso
Mostram que nada é por acaso
E que nem tudo é coisa vã
A chuva, o riso
O que te leva a orar
Agradecer de joelho no piso
Pela chance de se alegrar
Ser feliz depende de nós
O sucesso é para quem corre atrás
E reconhece que não estamos sós
Bênçãos são para os que ao bem mais um traz
Pode se iluminar o dia de alguém
Com uma simples saudação sincera
Vencer as batalhas e ir além
É a simplicidade que torna a vida próspera
Obviamente sempre precisamos de alguém! Fato comprovado! Somos seres sociais desde o princípio de nossa existência! Só não podemos esquecer-nos de sermos requisitados pela nossa essência... O exterior vira pó enquanto a presença vira história.