Coleção pessoal de brunoescritor
Sobre a democracia brasileira, bem sabemos que as elites sempre decidiram quem poderia ser eleito; agora, no entanto, decidem também quem não concorrerá ao pleito; ou mesmo quem vai ou não concluir o mandato.
Assaltaram o país travestidos de juízes, de heróis tupiniquins, defensores da moral, da família e da pátria. Reis ungidos pela fé; e a política, sempre ré, é quem pode redimir o país entregue a lobos que desfilam em suas togas.
A justiça, quando subserviente a mentirosos, entrega a sociedade ao desmantelo, mas a verdade, em toda alma forjada pela dor e injustiças, rompe grilhões, destrói sofismas e destrona poderosos.
Há um dever de mudar o que não tem rumo; um poder que não se dá a quem é injusto; uma força que só nos vem quando na luta.
Um governante que antagoniza os pobres, os povos indígenas, a cultura nacional, bem como os defensores da liberdade, do meio ambiente e da igualdade de direitos não pode entender de Brasil, muito menos de democracia.
Quem com as mãos sujas pode tornar limpas as coisas que toca? Quem sendo injusto pode julgar quem esteja ou não à margem da lei? Uma coisa somente sei: O que serve à mentira dela se fará refém.
Usar o nome de Deus em eleições, almejando
sua própria glória, é usurpação. É fazer
degrau Àquele que está sobre todo trono. Deus
não é cabo eleitoral de ninguém! Quem assim O faz não ficará impune!
Do Cristo, presumiu-se logo a inocência; no entanto, em nossos tempos, a um notório homem da lei importa ainda ouvir a turba. Leis e provas às favas! Mãos lavadas.
Os pastores que se coadunam com os poderosos são como uma mulher vulgar que em busca de adornos esquece os filhos.
A pedra que rejeitam, aqueles que são a escória, os últimos, os indesejáveis; eles, sim, eles, por nenhuma glória própria, se tornaram instrumentos de Deus.
Quando crianças, queríamos aprisionar pássaros na mão, tê-los, detê-los, contê-los junto ao peito. Adultos, donos de asas, somos nós que estamos presos.
Não vedes ninguém, vedes um tempo. Outro tempo e não mais os vereis. Não sois, portanto, algo além de um tempo.
O sábio aprendeu a não se curvar diante dos homens, mitificá-los, por acreditar que como o pó do caminho é esse o seu destino.