Coleção pessoal de brunocordista
Alma de joelho, a fé pulsando no peito, coração na boca, os ponteiros correndo na palma da mão. Não tem jeito. Não há certeza. Não tem segunda vez em decisão. Há a coragem de seguir em frente com os olhos vedados e os pés plantados bem perto do chão. A coragem de seguir, nesta vida doida, o próprio coração. Perspectiva. Percepção. Só quem sabe o que significa entende. Ou não.
Demonstração exacerbada de amor ou amor bonitinho para os outros notarem, desconfie! Amor verdadeiro é aquele cultivado diariamente, que suporta as dificuldades, que caminha lado ao lado, que se mantém como uma escolha, apesar de todas as dificuldades e todos os olhares. Que se mostra com atitudes diárias de cumplicidade, atenção e carinho. Que faz, em vez de só falar. Que mostra, em vez de imaginar. Que fica e não vai. E que recomeça nem que seja necessário fazer isso todo dia.
O amor vem da saudade, da vontade, da procura. É roer as unhas e se segurar para não agir. Desconfio que tudo que for diferente disso não seja amor. É outra coisa mas amor não é
A lua é uma daquelas divindades que vão sempre nos deixar sem palavras. Ela está sempre lá no céu, olhando os casais que se declaram, ouvindo as músicas que embalam e seguindo indiferente pelo céu escuro rumo ao infinito. Parafraseando Galeano no seu utopia e com a licença poética em colocar a lua no lugar: "A lua está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a lua? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.". Ou melhor, pra que a gente não deixe de caminhar e acreditar.
As vezes você tem que parar, fechar olhos por um instante, respirar bem fundo e entender que nem sempre as coisas dão certo. Às vezes as coisas tem que dar errado. Período nebuloso de nuvens negras. Intervalos chatos de coração apertado. Um vento na cara em um dia de inverno, um balde de água fria. Não importa a forma que você chama. Às vezes, é necessário acordar e sentir as coisas da forma como elas são. Sair do radar. Desligar o gps e não agir.É necessário silenciar e meditar sobre tudo. Sair e encarar tudo do alto. É, enfim entender que tempestades acontecem, mas que os dias de sol sempre vem.
Algumas lembranças são como dores de cabeça. A gente sabe que elas existem, quase não as nota, mas quando elas vem destroem qualquer coisa dentro da gente.
Renova sua fé. Da sua forma. Ora com coração. Do seu jeito. Quem pouco crê, pouco progride, pouco realiza, pouco cura. Quem não planta, não rega e não colhe. Quem não age, não sai do lugar. Quem não acredita, nunca vai alcançar.
O amor não se trata com frieza, distância, silêncio e racionalidade. O amor é irracional, quer ficar perto a qualquer custo, falar de qualquer maneira. Desconsidera tempo e conselhos, não precisa de dúvidas, ele age e até faz papel de bobo muitas vezes, mas não fica parado. O amor se renova a cada dia mesmo tendo terminado toda noite. Amar não é ter certeza, não é equação matemática, notícia de jornal. Não é pensar, refletir, se segurar.É agir de tal forma comandado não pelo que você é, mas sim pelo que você sente. Mesmo com todas as suas imperfeições. mesmo com toda às dúvidas. É fechar os olhos, segurar as mãos e se jogar.
Qualquer coisa que não seja sim é não, qualquer coisa que não seja ficar é ir. Não existe talvez. Talvez é uma palavra que fica em cima do muro e que leva invariavelmente a um sim ou um não, quando você sabe que tudo aquilo que você escolhe é, também, tudo aquilo que você deixou de escolher. Afinal, eu fecho os olhos para o outro lado quando dei um outro passo para o lado seguinte. Às vezes é a gente colocando muita vírgula, pontuando demais onde não se devia pontuar. Seja lá como a gente encare isso, a verdade é que quando a escolhemos também deixamos de escolher. E aí é um fardo que só nós carregaremos. E se for um duelo eterno com a cabeça e o coração? Você terá que aprender a colocar ponto final naquilo que andou colocando vírgulas por todo esse tempo. Só assim é possível continuar.
E talvez você aprenda que o maior amor que existe não é o amor romântico, de cinema, de braços dados. O amor dos livros talvez te encante, dos filmes talvez te choque e até te faça acreditar que tudo é possível.
Em partes, é tudo real. Sentir de longe, ler sem palavras, cantar sem música, tocar e se arrepiar. Mas a vida dá golpes de realidade, todo santo dia.
E ai você percebe que o maior amor que você deve ter não é nenhum desses. É o amor próprio. O amor dos limites. Da tolerância. É o amor que te impede que nada não seja natural. E que quando for natural você por um minuto pense que acabou de perde-lo.
E ai você percebe que a vida não é nenhuma cena de comercial de margarina. Que não faz sol todo dia. Que o inevitável vai te encarar e te jogar na cara toda sua prepotência de achar que tem a vida na mão.
E ai você percebe toda mágica que existe nisso tudo. Que você não manda em destino, que lágrimas não são argumentos e que por mais que você queira, o tempo não vai parar pra você reclamar.
Que a vida é aquilo que acontece enquanto você está parado fazendo planos.
E a mágica que há nisso tudo é que um dia você vai parar de pensar, de procurar, de querer sentir. E a vida vai te puxar e te jogar em um furacão. Neste exato momento, você vai correr de um lado para o outro e vai olhar pra trás também. Vai perder o céu e vai ficar sem chão.
Você vai querer fugir, esquecer, não pensar. Você vai colocar a mão no rosto e falar: como é que isso veio parar aqui?
E não vai ter explicação nenhuma. Não vai poder abrir um livro e consultar o que seria. Não vai poder dar cntrl+z e voltar. No redemoinho da vida não existem possibilidades. Ou é ou não é. Agora ou nunca mais. As escolhas estão feitas, as cartas na mesa, a areia na ampulheta já começou a escorrer faz é tempo.
E tudo que você tem é um relógio que não para de correr, um corpo que vai sempre envelhecer, memórias que ficarão cada vez mais borradas.
Pessoas vão entrar e vão sair da sua vida. Algumas vão ficar. Algumas você não vai nem lembrar.
E a vida, como que por mágica, vai se encarregar de deixar tudo como deveria estar.
E tudo o que você terá que fazer é agradecer as oportunidades que tem.
Manter a cabeça erguida, a espinha ereta e o coração forte.
E ai quando você chegar nesse estágio você não terá que pensar mais em nada.
Vai fechar os olhos e se jogar
E o que tiver que ser, será.
A gente coloca um peso exagerado no destino. E isso é injusto. Eu acredito que o destino é uma conjunção de fatores que levam a um futuro. É como se a base do passado se mesclasse com nossas escolhas e ações e tivesse um resultado. Na verdade, é tudo consequência das nossas escolhas, do nosso próprio tempo, dos nossos medos e das nossas sutilezas. É verdade que o acaso é algo que tira o ar, é inesperado e ele existe. A verdade é que a gente põe a culpa no destino para justificar tudo: “Se for pra ser, o destino vai mostrar”. “O que é meu está guardado”. “Tudo aconteceu como deveria”. São muletas que a gente usa para seguir em frente, razões que a gente encontra para não olhar pra trás. O problema é que a gente olha muito pro passado e também olha pro futuro, mas esquece de olhar pro presente. É fácil a gente falar que tudo poderia ser diferente ou quem sabe tudo poderá ser diferente. Difícil é falar no presente. Olhando nos olhos. Tomando iniciativa. Difícil é dizer que SENTE falta e que não QUER que vá. Difícil é falar naquela hora sem medo do que pode acontecer. Não temos absolutamente nada do que passou e muito menos do que virá. Acredito que a única solução é encarar a vida como uma incerteza, um ponto de interrogação. Hoje você está aqui, amanhã não mais. Então se você pode lidar com a certeza do hoje por que vai trocar pela incerteza do amanhã? Diga o que você tem que dizer. Faça o que você tem que fazer. Só não dê espaço para culpas e arrependimentos do futuro, porque lá eles não farão diferença nenhuma.
Vivemos em um mundo no qual somos bombardeados por palavras. Palavras de todo tipo.
Nesta era da internet, do não-tempo e da pseudo proximidade acreditamos que as palavras podem substituir tudo e que existe um poder, deveras demasiado, incutido nelas.
Esquecemos, porém, que não é porque amar é um verbo que quando falamos “eu te amo” este ato substitui qualquer outra coisa.
Acredito realmente que, na verdade, o mundo carece é de ações. E as palavras em muitos casos são inúteis.
Nós podemos olhar nos olhos e dizer que estamos apaixonados e isso não querer dizer nada, pois não leva a nenhum passo além.
Podemos dizer que amarguramos na solidão da saudade, que ela é forte, que aperta e que dói, mas no outro dia fingir que nada acontece.
Podemos construir uma vida inteira em cima de “Ses” e fantasiar que nada é igual nos filmes e que por isso nada é e nem pode ser mágico.
De um jeito ou de outro, substituímos as ações por palavras e olhamos o tempo passar não tomando atitude alguma com relação a isso
Quantos já disseram: “um dia eu faço”, “quem sabe uma outra hora”, “talvez no futuro” e “estou planejando”?
Isto só mostra que somos lenientes e acostumados, nos camuflamos nas palavras e vivemos de mentira sob a manta do vocabulário e dessa era louca de um tempo que parece não existir e passa rápido demais.
O que precisamos mesmo, para ser bem honesto, não é de um mundo com “Saudade, precisava muito de você”.
Em um mundo que carece de olhos nos olhos e que a pressa nos inunda, precisamos mesmo é de um mundo que diga “Desce, estou aqui só pra te ver”.
Quando chegarmos a isso você poderá dizer a palavra que for.
Com ações, elas farão todo o sentido.
Às vezes, somos conflitantes. Vamos embora querendo ficar, ficamos quieto querendo falar, nos distanciamos querendo nos jogar. Somos assim, quem é que vai culpar? Dois lados duelando o tempo todo. Cabeça e coração. Sim e não. Até quando a gente aguentar. Às vezes pra sempre, às vezes de uma hora pra outra. Não importa. Uma hora decidimos. Tarde demais ou cedo demais. Seja com a cabeça. Seja com o coração. Você decide ou a vida decide por você.