Coleção pessoal de BrunoCanel

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Loucos e Santos

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e aguentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que normalidade é uma ilusão imbecil e estéril.

TEMPO QUE NUNCA CHEGA

Tenho sentindo a vida às pressas,
Contando os anos, dias, horas.
A cada passo, vejo um mar à minha frente
Resplandecendo luz, ideias, objetivos.

Ele tem me enganado
Sim, ele tem me enganado...
No olhar profundo sobre a vida,
Me ponho a questiná-lo.

O tempo me tem dificultado.
Oh, tempo invisível.
Permita-se, ao menos uma vez,
Ajustar-se uma alma contemporânea.

Acho que o tempo tem me ignorado.

O tempo tem me passado a perna
Sim, ele tem me passado...
Me sufocando com seu egoísmo.
Faz tempo que não o via,
Passar perto de mim.
Tão longe o tempo se fez,
Tão perto o tempo se desfaz.

Não me canso de esperar
Tempo bom, tempo fugaz.
Tempo ruim, tempo demais...