Coleção pessoal de bruno_mamprin

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⁠É, foram muitas idas e vindas. Brigas e reconciliações. Um verdadeiro relacionamento tóxico. Foram inúmeras as vezes que jurei te deixar, mas você sempre vinha com essas promessas covardes de que só você me proporcionaria tais oportunidades e eu, acreditando, sempre cedia. Jamais imaginaria seguir minha vida longe de você.
É bem verdade que seus encantos e seus repertórios são quase que hipnotizantes.
E eu fui cedendo, cedendo e os anos passando, passando...
Geralmente relacionamentos abusivos são assim, quem está dentro não consegue enxergar. E não quer ouvir nada de ninguém de fora!
Mas eu também reconheço que me esforçava pouco para te largar, sempre foi cômodo pra mim as facilidades que me oferecia. Não posso ser ingrato e não ressaltar as conveniências, os mimos, os caprichos noturnos e dizer que você esteve sempre pronta edisponível. Me lembro com carinho do dia que quis comer comida indiana num domingo pós Fantástico e você - sem hesitar, me mostrou onde conseguir.
Uma pena que cobrava caro por isso. Não só por isso, mas seu preço sempre foi alto e você sempre deixou claro que é inegociável. Talvez isso tenha sido a gota que transbordou o copo e me fez ter coragem para te deixar.
Não sei se definitivo, se passageiro, se só preciso de um tempo pra mim. Não sei.
Mas agora estou bem e sei que você também está, como sempre esteve.
E sei também que se um dia quiser voltar a cruzar a Ipiranga com a São João você permitirá, porque essa é sua marca.

Parabéns, São Paulo! Que seus quatrocentos e sessenta e oito anos lhe traga um pouco de juízo e maturidade.
Cuide dos seus (que são muitos) que seguirei cuidando dos meus.

Ainda posso dizer que tenho orgulho de ser paulistano, paulista e são-paulino!
#SP #EXISTEAMOREMSP

⁠Uns dizem que é a morte. Outros, que é perder alguém querido. Mas só quem está diante de uma folha em branco sabe o que é medo de verdade.
Não é bem coragem. Também não é preguiça. Tampouco o tal bloqueio criativo.
É medo, mesmo. Pavor. Paúra.A folha te desafia tipo um comediante na fila da farmácia que é abordado por uma senhora emocionada que lança, na lata; "vai, conta uma piada que eu tô no facetime com a minha neta".
É um desafio covarde, porque ela tem todos os argumentos, sabe?
Meio como se ela te dissesse; " e aí, é só isso?" Ou, pior; " Já acabou?"
É vexaminoso, cara.
Até porque, ela tá ali - ao seu dispôr, aceitando QUALQUER COISA.
Ou vai dizer que nunca ouviu que papel aceita tudo?
Pois é, aceita mesmo.
E é isso que corrói as entranhas.
Isso que te mata a conta-gotas.
Ela te provoca com aquele olhar irônico daquela loira linda e popular do terceiro colegial e você é o esquálido acneico dono do video game da oitava série que só queria perguntar se ela queria suco de acerola e pão de forma com presunto que você trouxe na lancheira mas não comeu no recreio.
É isso que ela faz com você.
Ela te humilha sadicamente.
Gosta de te ver suando feito uma cuscuzeira enquanto observa do alto de seu formato A4 e seus 120 gramas.
É pior que um banho gelado às 5 da manhã que o coach tenha mandado você tomar.
Pelo menos o banho você entra e sai e acabou. A folha não.
Ela se deleita vendo você roer canetas e abrir e fechar abas mentindo para você mesmo que, em breve, vai começar.
A cada início de estrofe, uma explosão de riso. Daqueles que você dá em audiência na frente do juiz, sabe? Que você tenta segurar mas sai pelas ventas e parece que você está vazando. Então, é assim que ela ri De você.
Mas não tem problema.
O mundo dá voltas.
Amanhã há de ser outro dia.
Uma folha em branco novinha pronta para reiniciar o ciclo de humilhações.
E eu, como boa mulher de malandro estarei aqui, para me deliciar com esse masoquismo saboroso que só ela pode proporcionar.

⁠Não foi sempre assim. Hoje posso dizer que está resolvido, mas foram dezenas de mensalidades ao terapeuta.
Não. Calma.
Também não é assim. Falando assim até parece que sou maluco, esquizofrênico.
De repente até sou. Ou não.
É difícil conviver com essa iminência de ser louco, sabe. Da vigia constante. Ou será que é ele que gera esse suspense pra me manter por perto, em dia com as mensalidades?
Perturbador ir para sessão pensando; "é hoje que ele me dá o diagnóstico".
Mas se sobreviver hoje, amanhã é outro dia.
Nunca desconfiei que poderia estar enlouquecendo. Ninguém nunca me falou, também.
Será que eu não tenha permitido essa aproximação?
Será que minha grosseria espantou os candidatos a diagnosticadores de loucura?
Mas também, nunca me excedi.
Eu sempre achei que as pessoas - depois que falam comigo, se cutucam e cochicham quando eu saio de seus campos de visão. Será que eu sempre achei isso mesmo? Ou será que só penso nisso quando paro para pensar nisso? Vai ver que nunca percebi isso, mas agora estou buscando isso na memória que talvez nem seja memória, seja uma criação nova, instantânea.
Mas se eu não sei se criei isso agora, como vou saber se nunca pensei nisso antes?
As pessoas cochicham de mim? Eu nunca percebi.
Acho que quando eu termino as frases as pessoas querem rir.
Ou de mim ou para mim. Eu me considero engraçado, isso sim! Sempre me achei o engraçadão da turma.
Tá aí! As pessoas riem porque sou naturalmente engraçado! Como não percebi isso antes?
Porque só pensei nisso agora, talvez?
Pensei agora que acho que já pensei antes que as pessoas depois que falam comigo cochicham rindo ou se cutucam comentando que acham que sou louco?
Mas se eu pensei nisso agora, como pensei que pode ser que pensei que isso aconteceu antes porque sou engraçado? Então eu já pensei antes. Se eu sei que sou engraçado quer dizer que já pensei que sou engraçado. E se eu sei que sou engraçado é porque eu já vi gente rindo de mim ou para mim. Se eu já percebi pessoas rindo de mim ou para mim, eu já parei para pensar nisso.
Mas não era isso que eu queria falar...
Eu queria falar sobre....
Bom, agora eu tenho terapia, depois eu volto pra falar sobre o que eu pensei sobre o que eu queria realmente falar.
Até!

⁠Você busca resposta mas a garoa forte rasga a cidade que insiste em não parar de me alucinar. Respostas vão faltar, mas o importante é que a poesia não pode parar.

Preciso me concentrar.

Porque a poesia vem em forma líquida, e em breve escorrerá. Escorrerá e não a terei de volta, porque, assim como a água, seu curso natural seguirá.

Palavras somem, mas é sempre assim. Um café passado e elas voltam. Parece que têm receio de se juntar, mas por puro medo do fim.

Não é tristeza, apenas aglomeração de letras úmidas, que castigam o envelhecido e amareladocaderno de capa dura de versos e prosas. Páginas ressecadas dão um ar vintage. Ou velho mesmo. Que mania que temos de deixar as coisas mais garbosas.

Não nos percamos no caminho, o foco aqui é outro. Nem que o café esfrie, sigamos o cortejo. A poesia não espera, tem data e hora para chegar. Da mesma forma que te contamina, te deixa semolhar para trás. Poderá até ter outra, mas essa não volta jamais.

Se você não enxerga a poesia como um patrimônio social, trago más notícias. É na poesia que fatos são esclarecidos, narrados e traduzidos, mas de uma forma especial.Para o mundo real. Nem sempre atual.

Por mais efêmera que possa parecer, ela permanece ali, para quem ousa interpretá-la. Absorvê-la é um dom. Não dom desses que nasce com você, mas daqueles que você opta em ter. Poesia é a cristalina literatura. Trazida em sua forma mais leve, mas só para aqueles que ousam sentir, em sua versão mais pura.

Poesia, assim como música, são letras que entram pelos poros. Palavras bem organizadas, que captamos até por sinais sonoros.

Nelson Rodrigues dizia invejar a burrice, pois ela é eterna.

Eu tenho cá minhas invejas, também. Mas prefiro o outro, que sempre dizia de forma serena.

Tudo vale a pena, quando a alma não é pequena.

Salvem a poesia!

⁠Amores de atores não precisam estar nos bastidores. Amores anteriores não precisam ser conspiradores. Operadores não amam sóna bolsa de valores, inclusive, preços são diferentes de valores. Não é porque tratam de patacoque não sabem os valores das coisas. Há muito valor nos valores.

Tocadores de tambores amam por vários fatores, além dos valores e do carnaval de cores.

Malfeitores as vezes amam detratores, mas nem tudo está perdido, uma vez que amores trazem, iminentemente consigo, seus dissabores.

Tem os torcedores que cultivam desamor poropositores e esperam ansiosos por desertores pra logovirarseus predadores.

E os legisladores, que juram amar o povo e dele tomaras dores!? Que pena eu tenho dos leais idealizadores. Há também os telespectadores que, de forade seus tubos, amam platonicamente seus escritores.

Amores transgressores que me inundammas pouca propriedade tenho pra falar, poisdessa arte não fui um dos percursores.

Mas o amor mais puro é o dos compositores, porque não falam sóde seus amores e dissabores. Recrutam -sem permissão -colaboradores. Colaboradores esses que jamais imaginam que são parte de um lamaçalde inventores que roubam suas almas pra contar o que guardam em seus baús de horrores.

Afinal, nem tudo são flores...

⁠⁠Quem é ela que estilhaça minha janela
Que pinta meuvidro como se usasse aquarela
Que tilinta suave e estridente ao mesmo tempo, como se tentasse, sutilmente, desafiarminha inquietude com leve espiadela.
Rajadas frequentes como se estivessem voltando os bravos sentinelas
Só pode ser ela, trazendo renovação e calmaria em meio ao caos, como se a colher de pau surrrasse a desgastada panela.
Oh, chuva! Peço que não caia devagar, que molhe esse povo e os deixe chorar! Mas nãoos deixe largados em qualquer viela.
Suas lágrimas devem confluir com suas gotículas e inundar as mazelas que por aqui se instalaram por pura falta de amor, cravo e canela.
E ela parece brava, do jeito que Yansã gosta.
Senhora do amanhecer, onde sua espada brilha, pra nos proteger.
Enquanto aqui permaneço, jogando mais tinta na tela, tentandoadmirar intra-janela, me dou faltada cor amarela.
Nada é tão mágico se não tiver amarelo.
Um colorido sem amarelo é um pé doente sem sua chinela. Parece completo. Parece.
Olha lá, além da favela, ao leste Ele surge me dando logo uma vívida e escaldante piscadela.
Pronto, agora não falta mais nada
A paleta da natureza está completa
Posso voltar a dormir.
A chuva ainda cai
E eu posso fechar minha janela.

⁠Um cachorro no sofá, uma louça pra lavar, um lixo pra reciclar, um boleto pra pagar, uma condução pra pegar…..É essa vida média, que tá na rédea.
Em cada esquina uma buzina. No país que mais mata e desmata, está tudo em extinção, da arara azul à nossa educação.
Não existe idoso, nem deficiente. Atropela-se crianças, a ética está ausente. Tudo em nome de um tal expediente.
O mundo está doente, o jovem é delinquente, perdido no entorpecente. A criança é carente, pai rico e ausente..sempre em busca de um tal expediente.
Viagens e congressos, coachings e palestras, uma mulher em cada canto. A principal fica em prantos. Chorando, lamentando. Constrói um patrimônio, realiza um sonho que nunca foi seu. Fez de meta de vida aquela conquista, que tava naquela revista e era daquele artista…..
Foco, força, fé e persista!
Compra o que não precisa, pra mostrar pra quem não gosta uma coisa que não é. Presta atenção, seu Zé!
O mundo está doente, você precisa se tratar, precisa se olhar, tem de repensar, por as coisas no lugar, pois o tempo vai passar….E quando perceber, vai se arrepender por ver tudo que conseguiu, virar rivotril.
Faça o que alcança, vai regar tuas planta, valoriza tua aliança, vai na reunião das tuas criança…espere a tempestade, tá chegando a bonança!
A vida é muito curta pra se arriscar sozinho, peça ajude , sinalize, jogue fora tua vergonha.
Ganhe dinheiro suficiente pra se manter ciente, não pra ser corrompido novamente!
Esqueça esse tal expediente!!

⁠Pequenos, mirrados, puros, inocentes.

Caprichosos, teimosos, curiosos, imprudentes.

Indefesos, engraçados, genuínos, contundentes.

Cândidos, autênticos, espontâneos, transparentes.

Absolutos, naturais, sinceros, independentes.

Franzinos, fracos, fortes, obedientes.

Desconfiados, alertas, determinados, resilientes.

Espevitados, sapecas, destemidos, sorridentes.

Cuide, proteja, cerque, alimente.

Ainda não têm passado, nem imaginam o futuro.

São apenas crianças, que precisam do seu presente.

Tudo vai passar, mas não sem deixar marcas.

Sequelas serão inevitáveis e tá tudo bem! Não precisa ler um livro por mês não. Leia 4 excelentes livros no ano. Absorva o conteúdo. Gincana tem hora.

Não precisa acompanhar lives de personal pra fazer polichinelo na varanda. Na verdade não precisa nem ter varanda.

Você não é perfeccionista, provavelmente só está usando o tal perfeccionismo de muletas para não pôr em prática aquele projeto que você tem engavetado.

Nem precisa ter projeto, também. E também tá tudo bem procrastinar.

Pode comprar curso de russo no Udemy. Mas tudo bem focar em não morrer.

Pode debater política na internê, mas na boa? Tem muita gente nas trincheiras fazendo isso, provavelmente não precisam de você. Dê prioridade à sua mente. Está tudo bem não comprar todas as brigas. Vá só na bola boa.

Poste menos no Instagram, se exponha menos. O Instagram é seu, compartilhe o que quiser, unfollow funcionando normalmente.

Tome um banho, um café quente, arrume a cama. Passa uma vassoura nessa casa, abre essa janela. Deixa fechada, a janela é sua! A cama também! Assim não entra tanto pó.

Dê atenção pras crianças, brinque mais. Deixe pra fazer do Enzo o próximo vestibulando do ITA mais pra frente, agora não é hora. Seu filho não estará fadado ao fracasso retumbante se dormir até as 10.

Toma água. Água você tem que tomar mesmo.

Tudo voltará ao normal.

O que é normal? Quem é normal?

De perto, ninguém!

E, de repente ela acordou. Estava assustada, um pouco atordoada, tentando entender o que passou. Ruas pavimentadas, iluminadas e bem planejadas davam o tom. Achava estranho mas, estranhamente, dentro da sua mente aquilo tudo parecia ser algo bom. Como se fosse intuição ou algum dom.

No café que frequentava viu Seu Firmino, um conhecido pai-de-santo, se aconselhando com um rabino.

Continuou sua caminhada, mas, por todo lugar que passava, estranhava e se perguntava: " Que será que foi o ocorrido?" Tá tudo estranho, no lugar indevido.

Nem os veículos se engarrafam como antes. Por quê? Me sinto coadjuvante, quase uma meliante. Por que ninguém me nota, ninguém me aborda- se perguntava incessantemente.

Percorria quilômetros buscando respostas mas a cada passo só acumulava mais dúvida e agonia.

Num lapso rompante se lembrou do telefone, vou ligar pra uma amiga, ela poderá me salvar, ou melhor, me explicar - como é que tudo está bagunçado - mas está tudo em seu lugar.

A decepção foi imensa quando percebeu que, naquela calça larga, nem bolso havia.

Alucinações e desespero começaram a tomar conta quando, numa praça em frente a igreja avistou pessoas dançando, cheias de cores e brilho.

Fez o que não tinha feito até então. Se olhar. Se surpreendeu quando se viu, banhada em cores vivas e borradas por todo rosto, corpo e cabelo. Foi tomada por um misto de leveza e estranheza, num ritmo estranhamente familiar.

Uma música alta invadia seus poros.Tentava se comunicar, mas aquele som estava sempre um tom acima e as pessoas apenas sorriam, cantavam e dançavam. Sua voz sequer chegava.

Percebeu que nem tudo tem resposta. Ou, não a que busca.

Não pertencia mais àquele mundo de outrora. Tudo tinha mudado.

Deixou o som levar e permaneceu ali. Nem se lembra mais do que teve de deixar para trás.

Pois o que lhe restava eram apenas cores e músicas….Nada mais.

A relva molhada, um paiero aceso
A paca correndo, o riacho barulhento
O rádio ao fundo toca baixo, o berrante empoeirado
O tédio consome, não sei se aguento

O velho resmunga, o eucalipto balança
O manga-larga trota, a muriçoca rondeia
O lago se remexe, o pinhão já tá no fogo
O guardanapo todo duro, é o luar que me norteia

O pinto avisa, D'Angola cacareja
Daqui eu imagino, como é que seria
Se aquele Preto-Velho ainda
Estivesse na Bahia

Um bom trago na cachaça e já devolvo para a pia
Respiro fundo e olho fixo, para além da cocheira
Um menino se aproxima, de bota e chapéu marrom
Parece até que me conhecia, desde os tempo da trincheira

De longe desconfio, aproximo a espingarda
Traz um santo na mão, com os olhos me pedia
Aqui tem um recado, de alguém que me mandou aqui
Num papel velho e amassado, de alguém que se asfixia

Passa um gato como um tiro, parece que já sabia
A paz que aquele piá, sem querer me trazia

Ô meu pai mas que saudade, esse estradão é muito cruel
Não entendo muito dessas coisa, nem escrevê eu sei direito
O que sei é desse aperto, que deixastes em meu peito
No horizonte vejo mato, um rio fundo e o mesmo céu
As garrafas não dão conta, me afogo diariamente
Qualquer comida que me atrevo, só consigo sentir o fel

Interrompo aquela carta, não consigo prosseguir
Ninguém sabe meus motivo, o que me trouxe até aqui

Sou um chucro fí do mato, criado no sertão
Minhas coisa resolvo assim, me afasto pra refletir
Não sei se certo ou errado,
Mas me puno com a solidão

Em tempos relutantes, de antidepressivos e anticoagulantes, vamos seguindo, não obstante, às vezes militante, outras, mutantes.
Num escuro periclitante ouço alguém uivante. Outrora excitante, agora pálida, escorada numa porta marrom e infectante:
Altamente conflitante, cheirando a desinfetante, ela surge irritante, extremamente estrepitante.
Quer, por toda lei, direito a um visitante e algo confortante.
De outro lado, num empoeirado porta-restante, alguém poderoso deixou algo importante!
Prezado solicitante:
Seja protestante mas tome antes um calmante!
Neste pequeno e dizimado vilarejo - que um dia já foi um aprazível município - hoje, temos poucos habitantes.
Vemos de um lado um poderoso e discreto confrontante.
De outro, enlameados desimportantes. Meros requisitantes de uma batalha hercúlea e inglória.
Aqueles arrogantes que daqui se apropriaram, com a petulância de um tratante e nos usurparam descaradamente e se esconderam convenientemente largando crianças, idosos e gestantes, agora ressurgem, jactantes, como se fôssemos natantes, nesse barro tóxico e criminoso.
Mas mesmo revoltante, não há outro caminho pra essa gente.
Seguiremos nossa manchada vida, enquanto não surge nenhum policitante para nos oferecer uma migalha de dignidade, que pode ser até uma estante, pra colocarmos o pó de lembrança dos nossos que eles afogaram.
Nós, permanecemos aqui, nessa jornada inquietante, na esperança de uma notícia reconfortante.
E eles lá.
Avançando e faturando.
Mas sem parar
De construir à montante.