Coleção pessoal de Broliani
PÉS NO CHÃO
Já fui gênio, príncipe e anjo,
apenas bobagens,
eu não acredito.
Graduado não sou,
sem PhD ou mestrado,
nem mesmo letrado.
Cavalo branco não tenho,
nem armadura e espada,
isto é pra conto de fada.
Anjo sem asas não existe,
sou falho, humano,
e triste.
Triste pois;
Ser gênio, príncipe e anjo não mereço.
São títulos e armas, e isto eu dispenso.
Mas;
Se de tudo ainda algo pudesse escolher.
Por certo, o que mais faz-me falta são asas!
Claudio Broliani
LINCE OLHAR
Instante que urge no peito em badalar empírico,
Ressoa na mente sem saber de fato o que sente,
Fagulhas de acenos entre ir ou não... apelo lírico,
Serena visão profunda, seus olhos de Lince presente.
Encontro sem texto, escrito por quem... acaso,
Reverencia em momento perene seu ato solene,
Dileção instantânea, afago abrigo da alma... Parnaso,
Sentidos em névoa, ilusão em suprema vontade infrene.
Vislumbre distante, acesso alado em galope de Pégaso.
Sobejo inspirado além das águas... és ninfa Clímene.
Frugal desejo em degraus de pedras... avanço em atraso.
Socalcos íngremes em escarpas estridentes, Cáucaso.
Óbices indomáveis retêm o alcance, sentença... condene!
Despenco no abismo, finalmente em seus braços... indene!
Claudio Broliani
NOS BRAÇOS DE HERA
Do sono profundo
Acordar da manhã
Em aroma fecundo
Frescor de hortelã
Anseia pela semente
Plantada bem fundo
És fértil e abundante
Flui a vida no mundo
Na sua pele macia
Esqueço o amanhã
Seu beijo que vicia
Tem sabor de romã
Seu olhar ardente
Uma loba em fúria
Hipnótica serpente
Enlaçar em luxúria
Dois corpos suados
Seu exalar de avelã
Desejos extenuados
Da minha deusa pagã
Claudio Broliani
VONTADE DE AMAR
Amor é doído, amor é sofrido, amor é sentido;
Amor é soluço, amor é suspiro, amor é gemido;
Amor é ilusão, amor é perdição, amor é solidão.
Amor é navalha, amor é fornalha, amor é mortalha;
Amor entristece, amor entorpece, amor envelhece;
Se não doer não é amor, se não doer não é amor,
se não doer...é só amor.
Pois amor é furacão, amor é tempestade,
amor é só a metade.
Mas a outra metade é paixão, a outra metade é coração,
a outra metade...é mais que vontade!
Claudio Broliani
FAZER VALER
Há de ser nem fresco e nem sufocante,
do primaveril mesmo que ainda inverno.
Há de ser nem alegre e nem triste,
do riso rasgado mesmo que de choro contido.
Há de ser nem sol e nem lua,
os dias da aurora mesmo que ao crepúsculo.
Há de ser nem flores e nem espinhos,
das pétalas mesmo que dilaceradas.
Há de ser nem amor e nem ódio,
das juras mesmo que muitas em vão.
Há de ser nem mais e nem menos,
da união mesmo que dividida.
Há de ser nem tudo e nem nada,
do desejo mesmo que frustrado.
Há de ser sim vida e também sentimento, mesmo que sofrida.
Há de ser sim verdadeira, há de bastar,
e assim,...há de valer à pena!
Claudio Broliani
SOLITÁRIO
" Solitário aquele que vê e ouve no contexto à sua conveniência, viverá entre estranhos! "
Claudio Broliani
PRECE LIMIAR ABSOLUTO
Marejar de olhos vermelhos em lágrimas sentidas,
apagando o flamejar de sonhos e paixões vividas.
Maldade das hordas dilacerando a pureza do encanto,
levando crueldade ávida a profanar o momento.
Gotejos cortantes do negro véu da solidão,
afogando lamentos que inundam o coração.
Garras de harpias rasgando a carne até os ossos,
conduzindo vidas perdidas ao trilhar dos mortos.
Arrastar de correntes cheias de sacrifício e pranto.
Bestas que usurpam a fé barganhando temor.
Demônios insanos mercadores de vil sentimento.
Instante final onde renasce a esperança no amor,
Labareda que arde nobre e não se apaga ao vento.
Prece... chama divina que cura da alma o sofrimento e a dor.
Claudio Broliani
SURREIÇÃO
Em suas costas carregou o peso de tudo.
A enorme cruz e os pecados do mundo.
De uma humanidade perversa e perdida.
E por nós deu em sacrifício a própria vida.
Do suplício resignado no horto das oliveiras.
Angustia que fez em suor escorrer o sangue.
Foi julgado, açoitado de forma vil e exangue.
Crucificado e martirizado das piores maneiras.
Pela impiedosa maldade e crueldade dos homens.
Sucumbiu em suspiro oferecendo a nós remissão.
Na fé imutável aceitou o destino pra nosso perdão.
Após semear sua Palavra, ascendeu além das nuvens.
És vida eterna em merecido descanso a direita de Deus.
Mais puro exemplo de amor Ele nos deu, seu nome Jesus.
Claudio Broliani
BONDADE
"Quando se dedicares a definitivamente fazer o bem, ao invés de simplesmente não fazer o mal, terás verdadeiramente atingido ambos os objetivos!"
Claudio Broliani
ACASO
E no reluzir perpetuado, nesse sorriso enamorado,
Que por acaso nos arrasta ao encontro inesperado,
Em um breve momento onde se cruzam os olhares,
Falam mais que palavras proferidas aos milhares,
E nesse cintilante brilho dos lindos olhos amendoados,
Refletem a certeza que os sonhos a tanto encarcerados,
Despertam e por fim podem deste grilhão ser libertado.
Refazendo a esperança em viver um amor tão almejado.
Instante eternizado no tocar dos ávidos lábios em um beijo,
Na química inexplicável dos corpos entrelaçados em desejo,
Ao rápido movimento onde as roupas se espalham pelo solo.
Ter seu corpo quente, pulsando e se aninhando em meu colo.
Sinto que novamente no giro incerto dos ponteiros do acaso.
A vida é dádiva bendita, pois o melhor nos chega sem atraso.
Claudio Broliani
Cântico pra Ela
Lírico som... em livre leve vento voou
Seu cântico em prece, que tanto entoou
E em sutil acorde, de paixão ele tocou
E nos ouvidos dela, repouso encontrou.
Sem desistir... a cruel batalha lutou
Vencendo todo o medo... que o castigou
E eis que no caminho com a fé bailou
E seguindo seu destino, alto cantou.
Se fez sublime tal melodia para aquela
Que a muito esperava em sua pureza
O dia de voltar... a encontrar o amor.
Que fugitivo deixou apenas a fria tristeza
Mas hoje se fez chama, que emana calor
Eternizando as notas da serenata pra ela.
Claudio Broliani
PAZ
"Acalme sua alma, é no silêncio que a razão se faz ouvir, quem grita seus medos, acorda os seus monstros!"
Claudio Broliani
POESIA
Dos sentimentos que encontram amparo na força do verbo que toca o imaterial e assim tecem os versos, aos desejos que mesmo alquebrados renascem ardentes, pulsante e liberto das amarras da razão e materializa toda a emoção que nos preenchem a imaginação.
Assim é o prélio entre a arte e a poesia... a primeira retrata a vida em versos, já a segunda, essa sim, faz versos verdadeiramente vivos.
Claudio Broliani
DESÍGNIO DA PROVA
A mensagem é forte onde ela toca, não pela prova, mas pela razão de existir.
Amalgama estabelecida de larga abordagem para contemplar, amplidão da imagem concludente a se somatizar ao real imaginário que produz a lenda, nortear o concreto pela razão lógica do indefinido em sua dualidade, estabelecer precisa exatidão pela pluralidade do intangível, infindável e inefável e assim alcançar o filosófico. Vetor em tríade (Alma/Consciência/Amor) fundamentais, todos, somente pela consciência da tangibilidade do sentimento que pulsa, e assim, se faz percebível na profundidade do ser, encontramos a essência do real amor, pelo que toca a alma estaríamos então o mais próximo possível da materialização do invisível no êxtase existencial... "Pressuposto", essa é a letra da música, o norte do caminho, a crônica da vida, caminhar pela lógica da razão concreta seria o trajeto comum, a todos, sem desvios, opção reta para quem quiser, tortuosa para quem procura atalhos, simples na concepção como foi simples a vida Daquele que a ditou e tanto ensinou, mas difícil na aplicação pelo livre arbítrio, o "descabresto" mal usado pela humanidade, egoísta e presunçosa, em nós, a verdade margeia-se em torno daquilo em que queremos acreditar, e essa é a decisão que dá o real valor a ouvirmos a boa e valorosa música, a encontrarmos um norte no caminho e escrevermos em glória a crônica de nossa história, pela Fé na Palavra que enaltece e dignifica, e por não ouvir os sussurros da dúvida quando ela mais urra aos ouvidos... Ele, o Cristo, nos falou, não escreveu, e até em seu murmúrio final fez retumbar a verdade que encaminha a sua Lei maior, moral e imortal.
Se para quem entre grandes mentes e figura como um dos maiores filósofos contemporâneos, Kant, suposto ateu, em sua “Crítica da Razão Pura” postula à própria controvérsia a existência de Deus, a qual denomina “O Ser Necessário”, ainda assim, a necessidade em estabelecer “à matéria” a prova contrária a sua existência, se torna a razão de muitos, mesmo em lógica rasa de pensamento estreito diante do esplendor daquilo que não alcançamos, que é muito, inimaginável ainda, nem por isso baseada em irrelevâncias, apenas óbvias demais pelo prisma proposto dentre a nossa limitada ciência existencial, como dito, me é verdadeiro tudo aquilo em que quero acreditar, por necessidade ou teorização da prova aceita, mas, como por equação matemática desenvolver resultado de aceitabilidade concreta para Quem em conceito de essência transcende, é buscar resposta para a cor do ar em meio a escuridão onde não há emissão de luz, é tentar ouvir a propagação do som imerso ao vácuo, é pensar em reação antes da ação, onde, tudo é reação a partir do início da “primogênita ação” seja por estimulo, reflexo, consequência ou efeito, - Enquanto buscares em Mim a resposta para a razão do seu existir, esquecerás de encontrar em ti a verdadeira razão do meu existir; ou para a aplicação lógica desnecessária ao ininteligível, simplesmente o oposto!
Claudio Broliani
CONSCIÊNCIA
Do que é atilado em empirismo no fundamental valor consciente, lúcido, talvez muitos, talvez alguns, ou ainda muito poucos, e daquilo que nos remete a visão além de questões menores, expressão compreensível, atingível, suportável pela nossa pequenez de entendimento, tão humana, tão presente, tão nossa... Consciência, um fardo deverás pesado, principalmente quando se eleva esse sentido de função maior, e se esbarra na consciência da "quase" inexistência ou mínima nenhuma dessa consciência em nós, esmagadora ao confronta-la com o que pensamos saber, do que nada sabemos e nunca saberemos.
Entrar nessa espiral sem fim é mensurar o imensurável, caminho sem destino, jornada sem louros para nós homo sapiens tão insipientes ainda, mas tornar-se ciente da insciência desse "todo" inatingível, é a consciência de que há consciência, e ela avança, lenta, mesmo quase estacionaria diante do "tudo" que se poderia almejar saber, em algum momento, em milênios, quem sabe em “milhão de anos”, se por completo não extinguir-se a vida, essa que conhecemos, penso que haverá um salto não quântico, mas exponencial nesse avanço, onde se atingirá uma dimensão seja de tempo ou espaço que permita uma aproximação com essa que seria uma consciência elevada, coletiva, harmônica e originária em valores maiores.
Para nós, em nosso tempo, ficamos com a ponderação e escolha pelo certo, pelo valoroso arbítrio pessoal, de opção pelo que é honrado e digno e pelo preço a pagar pelo caminho contrário, esse é o alcance razoável, pela consciência que caminha e não pelo jugo que impõe apenas.
Do que liberta e ao mesmo tempo são freios que mantém a ordem no caos, seja a Lei ou a Fé, nenhuma se objetiva se não pela consciência de cada um, principalmente pelo que ambas oferecem, o direito ao benefício mas também ao castigo, do contrário, seria como imputar o cárcere em presídio ao criminoso mentalmente incapaz ou em estado vegetativo ou ainda a promessa de danação ao ateu, pois de nada valeria, sem objetivo, pela limitação própria da situação ou inabordável pelos seus princípios.
Assim, pelo que toca a consciência em nossa mínima capacidade, é que se chega ao máximo do possível entendimento das razões tão distantes de compreensão desse "quase nada" do todo desse plano evolutivo.
Claudio Broliani
TEOREMA
“Quando paramos de achar tanto e buscamos encontrar mais, as soluções deixam de ser meros impasses!”
Claudio Broliani
CONJECTURAS
Ouse imaginar, o quão triste seria viver sem amor!
Como ave encarcerada que não ousa cantar.
Dia sem cor, sem sol, sem calor,
Noite sem brilho, sem estrelas, sem luar,
Praia sem areia, sem ondas, sem mar,
Jardim sem grama, sem aroma, sem flor,
Valsa sem ritmo, sem giro, sem par,
Filho sem pai, sem mãe, sem lar,
Vida sem razão, sem paixão, sem valor.
Como pássaro sem asas que não pode voar,
Ouse imaginar, o quão triste seria morrer com essa dor!
Claudio Broliani
CÓPULA EM TRÊS ATOS
LIBIDO - ATO I
Infinito looping a escalar invertidamente o infesto do ápice.
O látego a açoitar a alma no profligar inerte repousa.
Frágua deságua em línguas escaldantes que na carne fustigam.
Visão inquina da soma dos despojos daquilo que não se viveu.
Torpor indecente reticente a vontade assola.
Prostrando o fisgo perfeito em essencial profanado.
Falange sem nodoas em perpétua tensão sem descanso.
Languidas resultam as opacas viscosas aninhadas sem covas.
Vesta impura na imagem adultera da ânsia apolínea.
Solísticos desejos insistem o valhacouto não procurar.
Dolente é a exausta contínua rotina sem ser espontânea.
Resplandece então na aurora o sossego em salvador limiar.
Advento em esplendor minha sapiens felina, esteô, remissão instantânea.
Violando-me aquém corpóreo e além etéreo na sintaxe da arte de amar
ÊXTASE - ATO II
Frêmito transbordante, instante de corpos em plácito.
Recôncavo cálido de fêmea... oh tugúrio de deuses.
Farfalhar de tezes em balé, espontâneo mover lítico.
Indulgência ou pecado és graça vênia, atos oniscientes.
Obelisco ungido em néctar a transpor seu pórtico divino.
Congruência harmônica de movimentos, melodia no âmago.
Elevo-te fastígio de delírio, greta combusta encaixe em ósculo.
Êxtase uníssono, espectra sinfonia... plagor e lágrimas sem dor.
Transe intrínseco recorrente em permanente sedução abissal.
Possessor dos desejos minha nume, vereda certa de prazer.
Sensação decorrente em avultar de excitação perenal.
Pélago escandescente, Tétis faz-me renascer e como Ínaco escorrer.
Angra perfeita meu porto de verga, sofreguidão e remanso virginal.
Vórtice que absorve, clímax onde unificamos a alma sem morrer.
LETARGIA - ATO III
Libido infrene a qual me lanço em elevada anagogia.
Passional volúpia de em seu recôndito âmago imergir.
Carícias a pletorizar em meu ser... convulsão, lei régia.
Sinergia que nos unifica em lúbrico e lascivo prélio a seguir.
Êxtase deificado em incansável busca quando uno estamos.
Loucuras em sobejo seus movimentos escalando-me feito álamo.
Sintonia etérea, prelúdio em cordas de Bach enquanto amamos.
Coxas que me abraçam... você, taça de Afrodite és meu bálsamo.
Frenesi é o que nos leva, batalha estrênua que travamos.
Nossas armas são perfeitas, duelam-se em nosso tálamo.
Gemidos entoados como música... pináculo, são mais que íntimos.
Mulher sois minha ninfa... ó amada, somente dentro de ti posso viver
Clímax supremo que explode, instante onde meu remanso é você.
Como tenda o firmamento e seu ventre como catre, em letargia quero morrer.
Claudio Broliani
ÉGIDE MAIOR
Celestial maná que acalma!
Esvanece do corpo a orexia,
da insaciável e ardil asfixia,
...que afoga o rútilo da alma.
Deflui correnteza em paz,
inundando o ser impoluto;
Em consonância esse fruto,
sagrado esplandece audaz.
Sápido de essência melíflua,
...pelas mãos do Pai germinou;
E que o homem assim evolua,
...a verdade da Fé que ensinou
Pois, Ele sumo verbo vaticinou,
...no Evo a matéria é supérflua!
Claudio Broliani